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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 25-08-2018 - 09:22 -   Notícia original Link para notícia
Dólar alto drena bolso do brasileiro

'DÓLAR ALTO DRENA O BOLSO DO BRASILEIRO. TODOS PERDEM'Márcio Utsch/ PRESIDENTE DA ALPARGATAS Executivo avalia que disparada da moeda desequilibra a economia. Para ele, candidatos ainda não apresentaram propostas concretas


Mesmo para uma empresa com 35% das receitas no exterior, a disparada do dólar traz efeitos negativos. Para Márcio Utsch, presidente da Alpargatas, dona de marcas como Havaianas e Osklen, a alta em torno de 9% da moeda americana em agosto é prejudicial para a economia, pois afeta o poder de compra do brasileiro. Na avaliação dele, os candidatos à Presidência ainda não mostraram propostas concretas, numa eleição marcada pela preocupação com a política após a Lava-Jato. No ano passado, a Alpargatas trocou de dono: a J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, vendeu sua participação para Itaúsa (holding que controla Itaú), Cambuhy Investimentos e Brasil Warrant. O câmbio do jeito que está atrapalha ou ajuda?


MARCOS RAMOSOportunidade. Presidente da Alpargatas diz que empresa vai contratar mil pessoas até o fim do ano. Para ele, valorização da moeda americana afeta o preço de todos os produtos, do pão ao transporte, o que reduz a renda para o consumo


Tenho uma visão ampla. A Alpargatas exporta muito e tem receita em dólar, mas tem despesa em dólar. Tenho três mil empregados fora do Brasil e importo matériasprimas. Se você olhar só do ponto de vista da exportação, tudo bem. Mas é preciso olhar o contexto. Se o dólar fica muito alto, gera inflação no Brasil e prejudica a gente. Vai subir o preço do pão, do plano de saúde, do transporte. Se ele descola muito, desbalança a economia. Tudo custa mais. Dólar alto drena o bolso do brasileiro e sobram menos recursos para comprar produtos, como as Havaianas. Todo mundo perde com isso.


Mas há planos para acelerar as exportações?


As exportações de Havaianas representam 35% da receita. Nossa meta é chegar a um patamar entre 40% e 50% nos próximos anos. Quero chegar logo, mas é difícil. Temos 200 lojas próprias lá fora. Este ano abrimos operações na Colômbia e na Índia. Vamos abrir ainda em México, Peru, China, Malásia e Indonésia.


E qual é a sua análise do atual cenário eleitoral?


Essa eleição vai ser politizada, pois a Operação LavaJato ajudou bastante o brasileiro a ficar mais ligado em política. Até quem for anular o voto vai fazer isso com pesar. É preciso mostrar um plano consistente, com projeto de 30 anos, para acabar com a violência, investir em educação e, o mais importante, em saneamento básico. As reformas tributária e trabalhista são tijolos, mas não são a parede.


Quais são as políticas prioritárias no momento?


O investimento tem que ser feito em infraestrutura e produtividade. Deveria haver um plano para desenvolver a indústria de transformação.


Os candidatos estão conseguindo mostrar suas propostas?


Não. Não sei se é porque não têm ou porque não estão conseguindo mostrar. Se têm, deveriam se esforçar para mostrar. O voto tem que ser onde há equilíbrio. Os extremos, em geral, não são bons. A questão é buscar equilíbrio entre as propostas reais e as eleitoreiras.


A Havaianas está inaugurando sua maior loja no Rio. Por que investir na cidade agora?


Há o planejamento e a oportunidade. Não se pode mudar a direção só em razão de o comércio ir bem ou não. Não dá para abrir uma loja por causa do câmbio, da crise ou da violência. Esses elementos são voláteis. E nossa estratégia é de longo prazo. As situações que acontecem no Rio, como a intervenção federal, não interferem na forma de pensar o negócio. A ideia de ter uma loja-conceito no Rio vem de 2006 e, há dois anos, começamos a concretizar o projeto. Mas claro que é preciso observar e fazer ajustes.


E quais foram os ajustes? Aparecem várias oportunidades para abrir lojas no Rio. Mas optamos pelo espaço em Ipanema, que tem fachada escura e remete a uma caixapreta, para criar um efeito de surpresa. Na loja, vamos ter produtos com preços a partir de R$ 12,90 até R$ 299,90. Temos visão de longo prazo.


A empresa tem feito contratações? Contratamos 500 pessoas e vamos contratar mais mil para a produção. Crescemos no primeiro semestre quase 28% em vendas. No segundo semestre, a tendência deve continuar. Por isso estamos contratando. O produto precisa ficar bem posicionado, com bom custobenefício. Sem isso, você não cresce. A Alpargatas tem 20 mil empregados. Do total, 13,5 mil pessoas trabalham na Havaianas.


Em quais produtos há chance de crescimento?


Podemos crescer mais em infantil e masculino, com alguns produtos mais baratos. Por região, no Nordeste e em partes de São Paulo.


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