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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 22-08-2018 - 11:45 -   Notícia original Link para notícia
Barreira rompida

Cenário eleitoral faz dólar ultrapassar R$ 4
"Desde 1994, o real só ficou nesse patamar, ajustado pela inflação, em 15% de todo esse período. Há muito ruído nesse movimento, mas o Brasil não está na pior situação dos últimos 25 anos" _ Maurício Molan, economistachefe do Santander



Aindefinição sobre as eleições de outubro fez com que o dólar atingisse ontem a maior cotação desde fevereiro de 2016. O nervosismo dos investidores -similar ao que já foi registrado em momentos de turbulência política, como 2002 (eleição) e 2016 (impeachment de Dilma Rousseff) - fez com que a moeda americana subisse 2,04%, a R$ 4,039, com as dúvidas sobre qual política econômica será adotada no próximo governo. No ano, a divisa já acumula alta de 21,8%.



MARCELO REGUA




Escalada. Cliente consulta preços do dólar turismo em espécie em casa de câmbio no Rio
O desempenho da moeda brasileira chamou a atenção num dia de valorização de divisas de países emergentes. Isso ocorreu após comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticando o comando do Federal Reserve, o banco central do país. Numa lista de 24 moedas de países emergentes, o real teve a maior queda ontem.



A incerteza política respingou sobre outras aplicações. As taxas negociadas nos contratos de juros futuros para janeiro de 2023 subiram de 10,99% para 11,35%. No mercado de ações, o Ibovespa, índice de referência dos investidores, recuou 1,5%, aos 75.180 pontos, puxado, principalmente, pela queda dos papéis de estatais.



Na avaliação de Maurício Molan, economista-chefe do Santander, a incerteza do processo eleitoral começa a pesar com mais força sobre o real. Para ele, o movimento deve se estender até outubro:



- Parece que estamos começando a entrar em um terreno de overshooting (disparada do dólar em um período curto de tempo). Os investidores querem proteção e demandam moeda estrangeira. Depois das eleições, vamos ver a estabilização da cotação em um patamar mais baixo.



Ele lembra que poucas vezes, ao considerar valores ajustados pela inflação, o dólar ficou acima de R$ 4.



- Desde 1994, o real só ficou nesse patamar, ajustado pela inflação, em 15% de todo esse período. É raro a moeda brasileira persistir nesses



patamares. Há muito ruído nesse movimento, mas o Brasil não está na pior situação dos últimos 25 anos.



A pressão sobre o dólar nos últimos dias vem refletindo a indefinição sobre o cenário eleitoral. Os candidatos considerados alinhados com as reformas econômicas defendidas pelo mercado não têm registrado bom desempenho nas pesquisas eleitorais feitas até o momento. Isso faz com que os investidores fiquem na defensiva e procurem segurança



no dólar.



-No Brasil, o mercado segue receoso tanto pelo fato de que candidatos que são considerados alinhados com as reformas estruturais estão performando mal, quanto pela fragilidade do atual governo, que dificilmente terá força para aprovar medidas importantes para o país até o fim do ano -avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.



Na visão de Carlos Eduardo Eichhorn, diretor de gestão



da Mapfre Investimentos, além da incerteza eleitoral, o cenário externo também tem afetado o comportamento da moeda:



- A alta nos juros nos Estados Unidos leva a uma migração dos investimentos. Além disso, há o receio de que a guerra comercial (entre EUA e China) se transforme em uma guerra cambial. O real não está sozinho nessa desvalorização - disse, acrescentando que não espera que o Banco Central atue nesse momento, já que a volatilidade no período eleitoral era esperada.



Na Bolsa, os papéis das empresas estatais caíram forte. As preferenciais (sem voto) da Petrobras recuaram 3,49%, e as ordinárias ( com voto) recuaram 1,67%. Queda ainda mais acentuada teve a Eletrobras: 6,57% nas preferenciais.



DÓLAR TURISMO A R$ 4,51



Os efeitos da alta do dólar não se restringiram a aplicações financeiras. O dólar turismo já era encontrado ontem nas compras de cartão pré-pago a até R$ 4,51 em casas de câmbio no Rio. Diante do risco de novas altas até a eleição, o especialista em investimento Mauro Calil avalia que, para quem vai viajar até o fim do ano, a estratégia pode ser comprar o volume necessário o quanto antes, no lugar do tradicional parcelamento. Em espécie, a moeda americana era encontrada na faixa de R$ 4,15 a R$ 4,23, já incluindo o imposto. O euro no cartão pré-pago era vendido a R$ 5,23.


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