Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 21-08-2018 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Inadimplência cresce 16,4% entre os mais velhos em BH

Pesquisa mostra que no geral o atraso no pagamento de dívidas cresceu 1,17%, enquanto o dos maiores de 65 anos dispara em julho. Queda na renda e cessão de nome explicam alta
Os consumidores com mais de 65 anos de idade são os mais inadimplentes na capital mineira. De acordo com levantamento da Câmara de Dirigentes Logistas de Belo Horizonte (-BH), em comparação com o ano passado, no mês de julho houve um aumento de 16,41% do número de idosos com as contas no vermelho. Em momento de crise, em que a renda da população nesta faixa etária teve queda de 6,4% - entre janeiro e abril, segundo o IBGE - os dados são considerados preocupantes, uma vez que muitos idosos são os principais provedores das famílias. Considerado toda a população de BH, somadas todas as faixas etárias, o levantamento aponta crescimento de 1,17% no número de endividados em comparação com o mesmo mês do ano passado.

O crescimento das despesas com saúde, com planos de saúde e gastos com medicamentos, é um dos motivos que explica o endividamento maior na faixa etária acima dos 65 anos. "Como são pessoas, na maioria dos casos, aposentadas, acabam tendo uma redução na renda. O custo de vida, no entanto, vai na direção contrária, com gastos elevados na saúde. As despesas aumentam e elas não conseguem destinar recursos para pagar suas dívidas", explica a economista da -BH, Ana Paula Bastos.

O alto número de desempregados no Brasil também está diretamente ligado ao aumento da inadimplência entre os mais velhos. Segundo Ana Paula, com muitos trabalhadores parados, os aposentados se tornam os responsáveis pela sustentação da casa, mas o dinheiro não é suficiente e acabam se endividando. "Essa tendência tem crescido desde os últimos anos, com o aumento do desemprego familiar. Hoje temos muitos aposentados tentando se inserir no mercado de trabalho novamente para complementar a renda. Vemos muitos senhores rodando em aplicativos de transporte ou outras funções para conseguir um dinheiro extra. Na maioria das vezes são sub-ocupações que ajudam na renda", diz a economista.

Também são comuns casos de idosos que emprestam o nome para terceiros e acabam entrando na lista de devedores por conta da dívida de familiares ou conhecidos. "Normalmente as pessoas da faixa etária acima de 65 anos não compra por impulso, são mais experientes e cautelosas na hora da compra. Ainda assim emprestam o nome para outras pessoas e a situação muda", afirma Ana Paula Bastos.

Foi o caso do aposentado Luiz Marçal, de 70 anos, que foi ontem em uma loja da Serasa na região Centro-Sul da capital mineira consultar os motivos de ter entrado na lista de inadimplentes. "Meu sobrinho exagerou nos gastos do cartão e quando chegou na loja estava bloqueado até acertar a dívida. São gastos pequenos, R$ 50 aqui e R$ 70 ali, a pessoa nem percebe que está gastando demais, mas quando vê o bolo aumenta e a dívida estoura. Como sou responsável por ele, vim parar aqui", conta o aposentado.

O sobrinho de Marçal passou os últimos anos desempregado, mas voltou a trabalhar a pouco tempo e já está regularizando a situação. "Graças a Deus ele voltou a trabalhar e vai poder acertar essa situação. E fica a lição para ter mais controle sobre seus gastos né. Eu mesmo, com minha aposentadoria, sei que não dá para exagerar não e prefiro nem usar o cartão de crédito", diz o aposentado.

Fiador Já o empresário Paulo Afonso de Oliveira, de 79 anos, precisou correr atrás para regularizar uma situação de débito que nem era dele. Fiador de um amigo que deixou de pagar o aluguel em uma loja na capital mineira, ele espera que o problema financeiro não atrapalhe sua empresa. "Sou fiador de um amigo que não conseguiu pagar em dia o aluguel. O proprietário já me acionou e agora tenho que verificar como vai ficar minha situação. Essa situação é complicada, porque minha empresa depende da confiabilidade em meu nome para poder comprar os produtos. Espero resolver isso bem rápido", afirma Paulo.

Em julho, na comparação anual houve um crescimento de 1,17% no número de pessoas físicas inadimplentes. Esse crescimento pode ser justificado pela taxa de desemprego que segue alta - no primeiro semestre de 2018, a taxa de desemprego foi de 13,9%, e pela elevação da inflação - 4,48% no acumulado dos últimos 12 meses - que impacta diretamente no custo de vida da população. Os atrasos no pagamento dos servidores públicos estaduais também afetou este resultado. Já na variação mensal, o número de pessoas inadimplentes sofreu recuo de 0,74%. O pagamento da primeira parcela do 13º salário dos servidores municipais contribuiu para essa redução.

No sufoco

Inadimplência pessoa física em BH por faixa etária

Idade Variação anual

» 18 a 24 anos -24,35%

» 25 a 29 anos -7%

» 30 a 39 anos -0,65%

» 40 a 49 anos 2,23%

» 50 a 64 anos 3,42%

» 65 a 84 anos 8,43%

» 85 a 94 anos 7,98%

FONTE: -BH


Palavras Chave Encontradas: CDL
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.