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Portal O Tempo ( Economia ) - MG - Brasil - 18-08-2018 - 03:00 -   Notícia original Link para notícia
Mulheres sentem mais os efeitos da crise econômica

Segundo o IBGE, 64,9% das pessoas fora da força de trabalho são do sexo feminino
As mulheres sentem mais os efeitos da crise econômica, e vários motivos contribuem para que isso aconteça, segundo economistas, entre eles o desemprego mais alto e a renda mais baixa na comparação com os homens. Além disso, muitas ainda sustentam a casa sozinhas. Dessa forma, manter as contas em dia se torna ainda mais difícil, o que fez com que a taxa de inadimplência entre as mulheres aumentasse mais do que entre os homens em junho, na comparação com maio.

Conforme levantamento da de Belo Horizonte (-BH), a taxa subiu 1,07% no público feminino, ante 0,03% entre os consumidores masculinos. "As mulheres costumam gastar não só com elas, mas com a família, com roupas e calçados para os filhos, por exemplo. Já os homens compram produtos mais caros, de maior valor agregado", observa a economista da entidade, Ana Paula Bastos.

Conseguir emprego no país de fato não é uma tarefa fácil, já que, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros. Só que, se for uma brasileira, a situação fica ainda pior. Enquanto o índice de desocupação para os homens é de 11%, a taxa para mulheres é de 14,2% no segundo trimestre deste ano. A taxa global foi de 12,4%. "Além disso, vale lembrar que, mesmo que a mulher desempenhe o mesmo tipo de trabalho, ela ganha menos", observa a economista da -BH. Ainda conforme o IBGE, 64,9% das pessoas fora da força de trabalho são mulheres.

O levantamento feito pelo instituto "Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil" mostra que, entre 2012 e 2016, as mulheres ganhavam, em média, 75% do que os homens receberiam.

A pesquisa do instituto também mostra que elas ganham menos mesmo estudando mais. É que a taxa de frequência escolar líquida ajustada no ensino médio em 2016 exibe maior percentual de mulheres (73,5%) que de homens (63,2%). A média Brasil atingiu 68,2%.

Pesquisa realizada neste ano pelo site de empregos Catho confirma os ganhos menores das mulheres na comparação com os homens em todos os cargos, áreas de atuação e níveis de escolaridade pesquisados. A diferença salarial chega a quase 53%. O levantamento, feito com cerca de 8.000 profissionais, também mostra que as mulheres são minoria nos principais cargos de gestão, como diretoria, por exemplo.

Conforme estudo coordenado pela Escola Nacional de Seguros, baseado em dados da Pnad, o número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou em uma década e meia. O contingente de lares em que elas tomam as principais decisões saltou de 14,1 milhões, em 2001, para 28,9 milhões, em 2015, alta de 105%.

Maternidade dificulta entrada no mercado de trabalho

Se o fato de ser mulher dificulta conseguir uma vaga no mercado de trabalho, ser mãe complica ainda mais a situação, observa o professor de economia do Ibmec-BH Felipe Leroy. "As empresas fazem isso pautadas pelas finanças, já que a mulher, quando engravida, tem direito à licença-maternidade. Se for feito um cálculo com mulheres casadas e com filhos, o tempo de procura por uma vaga de trabalho deve ser ainda maior", analisa.

Thamires de Souza Laia sabe bem o que é isso, já que, depois que teve filhos, encontrou dificuldades para voltar ao mercado de trabalho. Cansada de procurar por uma vaga, acabou optando por trabalhar com o marido na área administrativa de uma oficina mecânica. "Quando meu primeiro filho, o Theo, tinha 2 anos, procurei emprego. Foi um ano tentando, mesmo na área que eu tinha experiência, que era a de vendas de joias. Não conseguia nada", conta.

Para ela, o mercado de trabalho discrimina as mulheres. "Já ouvi empresários falando que não gostam de contratar mulheres, pois elas têm TPM (Tensão Pré-Menstrual) e ainda engravidam. Eu mesma vi que os empregadores não queriam uma mulher que fosse mãe, pois na entrevista perguntavam a idade do meu filho e o que faria caso ele adoecesse", relata. Thamires afirma que o fato de ter filhos não a impede de trabalhar. "Eu levo o meu caçula, Caio, junto comigo todos os dias, e o outro vai para a escola", diz.


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