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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 17-07-2018 - 09:27 -   Notícia original Link para notícia
Economia encolhe 3,34% no mês da greve

Recuo em maio foi o maior em 15 anos, mostra índice do BC. Para analistas, abalo na confiança enfraquece retomada





Com a maior queda desde que o BC começou a calcular o índice que mede a atividade econômica, há 15 anos, o IBC-Br mostra que a economia encolheu 3,34% em maio, mês da greve dos caminhoneiros. -BRASÍLIA E RIO- Os efeitos da greve dos caminhoneiros já podem ser sintetizados em um número. A economia brasileira encolheu 3,34% em maio, na comparação com o mês anterior, de acordo com o índice do Banco Central que mede a atividade (IBC-Br), uma espécie de prévia do PIB. Foi a maior queda já registrada pela autoridade monetária desde que começou a calcular o indicador, há 15 anos. Analistas destacam que os dados de junho já começam a mostrar alguma recuperação, mas ponderam que a confiança do consumidor e dos empresários foi abalada de forma mais duradoura, o que enfraquece o ritmo da retomada que vinha sendo observado antes da paralisação.





A queda sentida no mês foi maior do que o mercado esperava, algo em torno de 3,15%. Foi tão forte que superou até mesmo dezembro de 2008, quando a atividade despencou 3,08% no auge dos impactos da crise financeira internacional. A diferença é que, naquela época, o resultado foi o pior de uma sequência fortemente negativa. Agora, o país começava a se recuperar, mas a paralisação reverteu grande parte dos poucos avanços dos primeiros meses.





O IBC-Br reflete o que pesquisas setoriais já mostravam. O movimento dos caminhoneiros derrubou a produção industrial em 13 dos 14 estados pesquisados pelo IBGE em maio. No comércio, as vendas caíram 0,6%. A paralisação afetou ainda com mais força o setor de serviços, que encolheu 3,8% em maio. Esse setor movimenta mais de 70% da riqueza produzida anualmente no Brasil. RECUPERAÇÃO DO RITMO PODE LEVAR ATÉ 1 ANO Fábio Silveira, sócio-diretor da Macrosector, estima que o ritmo pré-greve só será recuperado em até um ano.





- O que fica dessa greve é o susto, porque talvez ninguém acreditasse que a economia teria um impacto dessa ordem. Desorganiza o sistema produtivo de seis meses a um ano. Com o câmbio favorável, a gente volta a ter maior dinamismo, mas sempre limitado a um crescimento de 1,3% neste ano e de 2,5% no ano que vem.





Flávio Serrano, economista do Banco Haitong, diz que os primeiros dados do setor industrial mostram que haverá uma compensação na produção. Ele projeta um crescimento de 10% da indústria em junho. E explica que deve haver um efeito estatístico que prejudicará o segundo trimestre, mas aumentará o crescimento no terceiro período do ano. Os números não devem ser o problema avistado pelos analistas, mas sim o sentimento deixado pela greve.





- Para o ano, a gente não observa impacto direto da greve, mas a paralisação somada ao ambiente político gerou um ambiente pior e pode levar a uma atividade mais fraca neste ano por causa da queda de confiança - explica Serrano.





Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, observa que já há indicadores antecedentes que sustentam essa expectativa de recuperações pontuais em junho. A produção de veículos, por exemplo, registrou alta de 20,7% no mês passado, frente a maio, revertendo a queda de 20,2% registrada na comparação entre maio e abril. Mas ele, que prevê crescimento da economia de 1,7% neste ano, também destaca o abalo no já frágil nível de confiança:





- A confiança é um canal de transmissão para a economia crescer menos. Não só a greve, mas a forma com que o governo lidou com a paralisação mostrou sinais da fragilidade do governo, seja pela política de subsídio de diesel, seja pela apressada política de tabelamento de fretes. Traz riscos para a economia porque que abre um precedente para outras categorias.





Segundo o Boletim Focus, pesquisa do BC com as principais instituições financeiras do país, divulgado ontem, a estimativa para a expansão do PIB neste ano caiu de 1,53% para 1,5%. Ao longo dos cinco primeiros meses do ano, a atividade econômica cresceu apenas 0,73%, de acordo com o IBC-Br. E, nos últimos 12 meses, a expansão foi de 1,13%. ESPECIALISTA JÁ PREVÊ ALTA DE APENAS 1,2% Nathália Cotarelli, economista Banco ABC Brasil, vê alta ainda menor do que a prevista pelo mercado financeiro em geral. Projeta crescimento de 1,2% no ano. Antes da paralisação dos caminhoneiros, a instituição tinha uma previsão de crescimento de 1,5% em 2018. Os técnicos da instituição esperam apenas os dados de junho para atualizar o número.





- Provavelmente, vamos ter algo perto de 1,2% neste ano, mas ainda não está fechado - estima a analista, que justifica que é preciso verificar quais setores devem mostrar recuperação após a greve.





Ela descarta uma queda ainda maior da projeção para o ano mesmo com o cenário eleitoral conturbado. O crescimento de 1,2%, argumenta, já é um número muito baixo para a economia brasileira.


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