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Isto é Dinheiro online ( Economia ) - SP - Brasil - 23-06-2018 - 11:34 -   Notícia original Link para notícia
"O setor de franquias não tem mais espaço para aventureiros"

"O setor de franquias não tem mais espaço para aventureiros"José Carlos Semenzato, presidente do grupo SMZTO, que detém dez marcas, como Instituto Embelleze e Espaçolaser, um total de 1,1 mil unidades e movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano, fala sobre o cenário atual, as oportunidades no mercado, e as perspectivas para as franquias


Pedro Arbex


22/06/18 - 19h00


Como o senhor avalia o mercado de franquias hoje?
É um setor muito resiliente, principalmente nos momentos de crise. Se olharmos os últimos 20 anos, o ramo cresceu sempre acima do PIB brasileiro. No primeiro trimestre deste ano, tivemos a mesma situação, com o faturamento do mercado de franquias avançando mais de 5%.


O que explicar essa resiliência?
A distribuição por meio dos franqueados permite fazer os ajustes necessários de uma forma mais ágil do que ocorre nas empresas tradicionais. Quando se tem uma operação distribuída em vários donos, a reação é rápida, tanto em termos de redução de despesas quanto na implantação de novas estratégias.


Na crise, há um aumento na procura por franquias?
Quanto maior o desemprego, maior é a busca por uma atividade empreendedora, o que beneficia a abertura de novas franquias. Mas há outros aspectos que também ajudam. A maturidade de alguns segmentos fez toda a diferença durante a recessão.


Quais seriam esses segmentos?
Os ligados a serviços estão, em sua grande maioria, destoando. É uma tendência que tenho observado já há alguns anos. Na minha empresa, por exemplo, o faturamento das redes de beleza e estética cresceu 54% no primeiro trimestre. As nossas marcas de saúde também apresentaram um crescimento muito bom, superior a 30% nesse período.


Como avalia os movimentos de consolidação no mercado?
Eles têm crescido bastante. Vários grupos têm buscado consolidar o mercado, como o Grupo Trigo e a Halipar, na área de alimentação. No segmento de serviços, a SMZTO está liderando o processo. Essa estratégia tem provocado uma busca dos fundos de investimento pelo setor. As redes de franquias têm uma geração de caixa recorrente e um investimento baixo, o que é muito atrativo para os fundos.


O setor amadureceu nos últimos anos?
Sim, o setor de franquias não tem mais espaço para aventureiros. O mercado está mais seletivo e o próprio investidor está mais atento na hora de escolher a franquia. Ele quer uma rede que tenha suporte, que ofereça um nível bom de treinamento e que tenha uma marca forte.


A crise contribuiu para essa seletividade?
Com a crise, as redes que não estavam bem preparadas acabaram sofrendo mais. Prova disso é que o número de redes operando no setor caiu um pouco nos últimos dois anos.


Qual é a principal mudança desde que o senhor entrou no mercado?
Há 20 anos, não existia uma mídia digital tão forte. A comunicação com novos investidores e a própria gestão da rede de franquias se dá hoje de forma online e de uma maneira bem mais transparente e rápida. Isso faz, por outro lado, com que os reflexos de uma operação ruim sejam também rápidos e catastróficos.


Como isso impacta a relação com os franqueados?
Essa agilidade que temos nos canais facilita a interlocução. Quando comecei, tínhamos que ter um time e uma verba muito grande para ficar viajando pelo Brasil e se comunicando com todos os franqueados da rede. Hoje é possível conectar os franqueados até diariamente se for preciso.


Em comparação com mercados mais maduros, como os Estados Unidos, como está o Brasil?
O que ainda pesa no Brasil é a dificuldade de captar recursos com juros mais baratos. O dinheiro é muito caro, principalmente se comparado com os EUA. Quando olhamos os dois países, estamos bem alinhados em termos de tendências e inovação, mas somos prejudicados pela dificuldade que ainda temos para conseguir recursos para investimentos.



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