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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 21-06-2018 - 00:00 -   Notícia original Link para notícia
Banco Central mantém Selic a 6,5% e cita recuperação "mais gradual"

Para especialistas, decisão indica que banco não deve mexer tão cedo na taxa
São Paulo - O Banco Central (BC) manteve ontem a taxa básica de juros em 6,50% ao ano (a.a.), como esperado e pela segunda vez seguida, citando piora no mercado externo e, ao mesmo, recuperação "mais gradual" da economia brasileira neste ano após a greve dos caminhoneiros.

Com isso, segundo especialistas ouvidos pela Reuters, o BC indicou que não deve mexer tão cedo na Selic. "O Copom entende que deve pautar sua atuação com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica", afirmou o BC, em comunicado, em meio ao movimento que levou à forte valorização do dólar nos últimos meses. "Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva", acrescentou.

Pesquisa da Reuters mostrou que 36 de 37 economistas esperavam que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantivesse a Selic agora, sugerindo que repetidas declarações do BC de que não havia "relação mecânica" entre o câmbio e a política monetária limitaram as apostas em altas de juros, mesmo após o dólar atingir as máximas em dois anos, acima do patamar de R$ 3,90.

Para o BC, o cenário externo seguiu mais desafiador e apresentou volatilidade em grande parte pela normalização nas taxas de juros em algumas economias avançadas, o que gerou ajustes nos mercados financeiros internacionais. "Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes".

Assim, o BC voltou a dizer que choques vindos da cena externa, leia-se câmbio, podem ser mitigados pela ociosidade na economia e expectativas de inflação ancoradas nas metas. "Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária", reiterou.

A autoridade monetária também citou a greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias em maio e gerou forte desabastecimento no País todo, como um fator que "dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica", mas que indicadores referentes ao mês passado e provavelmente a junho deverão refletir os efeitos dessa paralisação.

Assim, "o cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual". Até então, o BC se referia à recuperação como "consistente, mas gradual".

"Vemos que a taxa (Selic) tem espaço e deve ser mantida em 6,5% até o segundo semestre do ano que vem", afirmou a economista-sênior do banco Santander, Tatiana Pinheiro. "Principalmente o que vai se destacar e servir de âncora para esse cenário é a ociosidade do cenário", acrescentou.

Inflação - O BC também ampliou sua projeção de inflação a 4,2% em 2018, ante 3,6% em seu último cálculo, pelo cenário de mercado. Para 2019, a conta recuou a 3,7%, contra 3,9% antes.

No cenário com juros e câmbio constantes, as projeções de inflação situam-se em torno de 4,2% e 4,1% para 2018 e 2019, respectivamente, sobre cerca de 4% antes.

Setores insatisfeitos - Por meio de nota, o presidente em exercício do Sistema Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Teodomiro Diniz Camargos, afirmou considerar a decisão de manutenção da Selic em 6,50% a.a. como conservadora. Segundo ele, agora, com a elevação direta dos custos de produção causada pelo conjunto de medidas adotadas pelo governo para atender aos caminhoneiros, a recuperação da indústria ficou comprometida.

"Vemos a medida como conservadora, em função do baixo nível da inflação e da alta ociosidade da atividade econômica. O IPCA acumulado em 12 meses encerrou maio em 2,86%, abaixo do limite inferior da meta de inflação (3,0%). Além disso, o IPCA projetado pelo mercado para o fim do ano, mesmo considerando os impactos da greve dos caminhoneiros, continua estável (3,88%). Dessa forma, como não há perspectiva de descontrole inflacionário, há espaço para uma taxa Selic menor", destacou no comunicado.

Assim como a Fiemg, a de Belo Horizonte (-BH) lamentou a decisão, já que, na percepção da entidade, uma taxa menor poderia contribuir para estimular o consumo.

"Esta decisão já era esperada pelo mercado, mas não é a ideal para os setores de comércio e serviços e toda a cadeia produtiva. Para o varejo, a continuidade da queda na taxa de juros é um fator primordial para fomentar o crédito e consumo, bem como alavancar a atividade econômica, criando assim, um ambiente favorável para expansão dos negócios. Ao reduzir os juros básicos, a tendência é que os custos do crédito diminuam e a produção e os investimentos sejam incentivados. Quanto mais baixas forem as taxas de juros, melhor para a economia", afirmou o presidente da -BH, , por meio de comunicado.


Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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