Resultado ficou abaixo das previsões e não inclui efeito da greve dos caminhoneiros

ANÁLISE: RESULTADO DE FÔLEGO CURTO Índice foi suspiro em ambiente já desfavorável glo.bo/2yblYdI

-BRASÍLIA- A economia brasileira cresceu pela primeira vez neste ano. A expansão foi de 0,46% em abril nas contas do Banco Central, no melhor resultado para o mês desde 2013. O índice que mede a atividade do país (IBCBr) mostrou reação depois de três quedas seguidas. Mesmo assim, a recuperação foi menor do que a esperada pelos economistas, que previam expansão de 0,6%. Além disso, o resultado ainda não reflete os efeitos sobre a economia da crise gerada pela greve dos caminhoneiros, que ocorreu no mês passado.

As apostas para abril eram otimistas em razão do desempenho dos principais indicadores naquele mês. As vendas no comércio, por exemplo, avançaram 1%, segundo o IBGE. Nos 12 meses encerrados até abril, a expansão era de 3,7%. O setor de serviços iniciou o segundo trimestre com crescimento. Foi a primeira alta do ano e acima das projeções. Em abril, o volume de serviços avançou 1% na comparação com março. A indústria avançou 0,8% em relação a março, de acordo com o IBGE.

O crescimento em abril foi impulsionado, principalmente, pelos transportes e atividades profissionais. Os sinais de alento registrados naquele mês, porém, devem ter fôlego curto em razão do impacto na economia da paralisação. "Devido às interrupções logísticas e de abastecimento criadas pela greve dos caminhoneiros de 11 dias, prevemos uma contração significativa da atividade real em maio. Apenas parte da perda de atividade em maio deve ser recuperada nos meses subsequentes", alertou o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em comunicado enviado aos clientes.

Para ele, os dados sugerem que a economia se enfraqueceu, e os indicadores qualitativos já mostram fraqueza. A confiança do consumidor e dos empresários diminuiu. "As condições financeiras internas mais apertadas e a incerteza política antes das eleições gerais de outubro de 2018 podem ter tornado os agentes domésticos um pouco mais defensivos", pondera.

Já o Mitsubishi UFJ Financial Group afirma em relatório que "o crescimento econômico em abril poderá contribuir para compensar parcialmente a contração que deve ser observada em maio", mas avalia que há risco de queda do indicador do BC no segundo trimestre.

O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica e orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ele leva em conta a trajetória de variáveis-chave para o desempenho dos setores (indústria, agropecuária e serviços).