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Estado de Minas Online ( Gerais ) - MG - Brasil - 12-06-2018 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
O namoro que ainda não engrenou

A dois dias do início do Mundial da Rússia, ruas, casas e pontos comerciais enfeitados ainda são exceção na capital, que há quatro anos estava tomada de verde-amarelo. Clima pode mudar após estreia
Se em 2014 Belo Horizonte e Copa do Mundo fizeram um par quase perfeito - depois de algumas dúvidas turbinadas pelas manifestações do ano anterior -, passados quatro anos o namoro da cidade com o Mundial da Rússia ainda não engrenou. Há dois dias do início da disputa, bandeiras com as cores do Brasil ainda são presença rara nas janelas de casas e apartamentos da capital. Na Avenida Raja Gabaglia, no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul, as enormes bandeiras listradas de verde e amarelo que há quatro anos cobriam vários prédios estão guardadas no armário e apenas um ou outro edifício exibe alguma decoração. No Hipercentro da cidade, há acessórios à venda, mas o comércio é considerado tímido em relação a anos anteriores. Claro que tudo ainda pode mudar quando a Seleção de fato entrar em campo, mas o clima do evento ainda não tomou conta dos belo-horizontinos. Em meio ao aparente desânimo, há quem ainda não tenha se recuperado da memorável derrota por 7 a 1 para a Alemanha, bem ali no Mineirão, na Pampulha. E muitos acreditam que a crise política também afetou diretamente o futebol e os torcedores.

"Este ano está muito desanimado. Ninguém está em clima de Copa do Mundo. O Brasil está vivendo um momento muito difícil, e isso está nos levando a repensar a importância dos jogos. O Brasil é o país do futebol? Pode até ser, mas também tem que ser o país de outras coisas: o país da segurança, da educação, da saúde. Então, vejo esse desânimo, vejo as pessoas virando as costas para a Copa", avaliou Nardele Silva, de 65 anos, professora e moradora do Bairro Caiçara, na Região Noroeste de BH. O bairro, que tradicionalmente tem ruas inteiras tomadas pelo verde e amarelo, continua bem mais cinza do que o esperado para as vésperas do maior evento do futebol. "Vejo muita diferença do início da Copa deste ano e a de 2014. Vejo a falta de decoração e de trajes. Já era para ter muitas pessoas com camisas da Seleção pela rua", comentou ela.

De fato, em uma volta pela cidade é mesmo difícil ver a cor da bandeira nos trajes das pessoas pelas ruas, como em anos anteriores. Avistam-se de quando em quando pequenas bandeiras em carros, algumas ruas cujos moradores se animaram e já capricharam na decoração, pontos comerciais que exibem, além do verde-amarelo, bandeiras de outros países presentes no Mundial, mas são exceções que se destacam em um clima geral que ainda é morno.

A algumas quadras da casa da professora, a Rua Francisco Bicalho, também no Bairro Caiçara, está uma dessas exceções coloridas pelo clima de futebol. Bandeirinhas nas cores verde e amarela enfeitam o quarteirão entre as ruas Nadir e Zenite. No chão, uma enorme bandeira pintada no asfalto chama a atenção de motoristas e pedestres. A iniciativa tem nome e sobrenome: pela quinta Copa consecutiva, o comerciante Zelino Correia de Freitas, de 51 anos, enfeita a via. E ele explica o motivo de tanta animação. "Gosto muito de futebol e faço isso desde que inaugurei a loja no bairro. Repinto a rua há cada quatro anos. É sempre em um sábado, no qual fechamos metade da pista para pintá-la. Todo mundo se diverte", contou o comerciante.

Mas ele admite que o ânimo não é o mesmo entre todos os vizinhos de bairro. Ainda há quem critique a ação: "Alguns por causa dos 7 a 1, outros por causa da crise política, outros porque já não gostavam de futebol. Eu gosto mesmo é do encontro da família para 'tomar uma', da diversão. Sei separar bem a política do esporte", afirmou.

Em outro extremo da cidade, no Bairro Sagrada Família, Região Leste, as ruas já estiveram mais decoradas. Nas ruas Geraldo Menezes Soares e João Carlos, que na Copa passada estavam enfeitadas, hoje só se vê asfalto, pois moradores não se mobilizaram para embelezá-la. Mas, próximo dali, a Itajubá ganhou uma bandeira no chão e até a sinalização de "Pare" na via foi repintada. Na Avenida Silviano Brandão, a casa Ao Gosto investiu: colocou bandeirinhas de vários países, além de grandes faixas em verde e amarelo para representar o Brasil.

Horário especial no

comércio e serviços

Com ou sem clima, o fato é que os jogos da Seleção Brasileira mexerão com a rotina de todos, quer gostem ou não de futebol. Isso porque bancos, comércio, repartições públicas e, provavelmente, escolas mudarão seus esquemas de funcionamento nos dias em que houver partidas do Brasil.

As agências bancárias vão atender em horário diferenciado, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Nos jogos às 9h, o expediente será das 13h às 17h. Quando a bola rolar às 11h, o expediente vai das 8h30 às 10h30, com retorno às atividades das 14h às 16h. Nas partidas marcadas para as 15h, as portas estarão abertas das 9h às 13h. Segundo a Febraban, a recomendação entra em vigor "por motivos de segurança das agências e de transporte de valores."

No caso do comércio, a decisão foi tomada em acordo entre a (/BH) e o Sindicato dos Empregados no Comércio de Belo Horizonte. Na estreia do Brasil, quando o time de Tite enfrenta a Suíça, às 15h, no domingo, tanto o comércio de rua quanto as lojas dos shoppings não terão expediente. Na sexta-feira seguinte, quando Neymar e companhia enfrentam o time da Costa Rica, às 9h, os estabelecimentos abrirão as portas para os clientes a partir das 12h.

Nas repartições públicas estaduais, o expediente nos dias de jogos da Seleção será das 14h às 20h, na sexta-feira, dia 22, e, na quarta-feira seguinte, das 8h às 14h. As horas não trabalhadas deverão ser compensadas até 31 de dezembro. As exceções ficam por conta de serviços médico-hospitalares e outros considerados essenciais, que devem ter esquema próprio.

A Secretaria de Estado de Educação encaminhará nesta semana ofício com orientações para as escolas da rede estadual sobre o expediente nos dias em que ocorrerem jogos da Seleção. "A partir dessa orientação geral, as unidades deverão elaborar um calendário de reposição das aulas, com a aprovação do colegiado escolar e da Superintendência Regional de Ensino, de forma a garantir a carga horária e dias letivos obrigatórios, conforme estabelecido por lei", informou a pasta, em nota.

O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG) informou que tanto a dispensa para assistir aos jogos quanto a reposição de eventuais aulas perdidas serão de exclusiva responsabilidade de cada instituição. O Sinep esclarece que, caso seja do interesse da escola estabelecer recessos durante os jogos, deve ser observado o cumprimento dos 200 dias letivos e 800 horas anuais. A Secretaria Municipal de Educação não informou qual será a postura adotada nas escolas gerenciadas pela Prefeitura de BH nos dias de partidas da Seleção. (Com Gabriel Ronan e Flávia Ayer)


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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