Donos de óticas em Belo Horizonte se animam com resultados obtidos no ano passado pelo setor, que cresceu 7,4% em relação a 2016, e apostam em serviços diferenciados

Para Themistocles Júnior, sócio com o filho na Ótica Murano, relação de confiança com o cliente é um dos motivos do sucesso

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), o faturamento do setor cresceu 7,4% em 2017, se comparado com 2016. As vendas totalizaram R$ 21,04 bilhões. Foi o primeiro aumento desde 2015, ano que apresentou a maior queda da última década (11,1%), embora com faturamento similar ao de 2017. Para Themistocles Figueiredo Júnior, proprietário da Ótica Murano, o mercado se retraiu com a crise. "O cliente que trocava sua armação com mais frequência, agora anda mais reticente ou reaproveitando a antiga, muitas vezes fazendo reparos ou até utilizando uma de algum parente, que, por um motivo qualquer, já não precisa mais dela. Notamos que alguns clientes estão frequentando menos os consultórios médicos e, por isso mesmo, deixando de atualizar suas receitas."

Themistocles tem como o sócio o filho, Victor Figueiredo, e ambos contam com três colaboradores no atendimento. Fundada há 16 anos, a Murano oferece óculos de grau e de sol, além de produtos. "O aviamento de receitas para óculos de grau é o nosso carro-chefe, revela Themistocles. "Com formação em engenharia civil e computação, atuava nessas áreas, além de ser professor universitário. Meu irmão, que hoje mora em Natal, tinha uma ótica com um sócio e estava abrindo outra loja no prédio do Lifecenter, que estava para inaugurar, mas resolveu diversificar seus empreendimentos em outra cidade", lembra o empresário.

"Além do investimento em diversos aparelhos com bastante tecnologia, acho que trabalhamos como consultores, no sentido amplo da palavra e não apenas como vendedores, procurando passar muita segurança ao cliente. Neste ramo, além de estar bem preparado, é preciso saber explicar detalhadamente ao cliente o que realmente ele vai precisar, tamanha são as diversidades de armações e, principalmente, de lentes, fornecendo um tratamento que une a técnica à estética, afinal, todo muito quer sair mais bonito do que entrou. Além disso, estabelecemos uma relação muito próxima com nossos clientes, de confiança mesmo", garante o empresário.

"O faturamento já foi muito bom. Com a crise vivida no país atualmente, caiu um pouco, mas conseguimos manter nossa carteira de clientes e ainda conquistar novos. Neste ramo, é preciso muito preparo, determinação e honestidade", acredita Themistocles, afirmando que vale a pena investir no setor. E justifica: "é ainda um ramo promissor. Muitas pessoas necessitam de óculos para ver bem e todas precisam de bons óculos solares para se proteger das radiações UVA e UVB. Se trabalhar com determinação, vai ter sempre mercado", ressalta o empresário, que já pensa em ampliar o negócio.

COMODIDADE O técnico óptico Natalino Fortuna Campos é o dono da Ótica Grau Visão. Ele admite que o mercado está bem competitivo, mas acredita que há espaço para todos. "O meu caso é um pouco diferente, pois sou microempreendedor individual (MEI) e, portanto, não tenho loja física. Vou até o cliente onde ele estiver. Levo o pupilômetro e cerca de 40 armações para que ele possa escolher a que melhor lhe convir. Trabalho diretamente com o Laboratório e Distribuidor de Lentes Silolax, o que facilita bastante. Trabalhando assim, tenho condições de oferecer preço mais acessível ao cliente, além de serviço de qualidade e pontualidade", garante.

Mas Natalino, que está há quatro anos no ramo, ressalta que é preciso que o cliente já tenha ido ao oftalmologista e esteja de posse da receita. "Trabalho mais por indicação mesmo. Ofereço segurança, preço, atendimento em casa e na hora que o cliente desejar. Também faço orçamento sem compromisso. Não tendo ponto físico, não fico parado, esperando o cliente chegar. Como não tenho que arcar com despesas, como aluguel de loja, luz, IPTU etc., tenho condições de oferecer preço melhor", garante o técnico óptico.

"No local escolhido pelo cliente, faço a medição e sugiro, entre as diversas armações, aquela que está combinando melhor com a pessoa. Além da beleza e estética, procuro adequar a saúde do cliente a lentes e armações de boa qualidade, tudo com garantia. É claro que dia de entrega e preço estão sujeitos às condições dos óculos, como grau e tipo de lente. Às vezes, uma ótica pode pedir até 10 dias e acabo fazendo em dois dias. Já ocorreu de eu fazer no mesmo dia, mas, como disse, isso dependerá da lente e do grau", esclarece Natalino, que não trabalha com óculos de sol e nem com lentes de contato.

"Caso o cliente queira, podemos, sim, colorir também a lente. Tudo isso é feito em laboratório, que é todo informatizado e me dá total suporte, com toda a segurança e garantia. Feito os óculos, peço ao cliente para levar ao médico e fazer a devida conferência. Graças a Deus, nunca ocorreu de o grau estar diferente ou algo assim", orgulha-se o dono da Ótica Grau Visão.
"Já atendi tanta gente nesse tempo que já perdi a conta", orgulha-se Natalino, que não tem empregados e nem pensa em ampliar o negócio, abrindo uma loja. "Se fizer isso, arranjarei despesas, que acabarão sendo repassadas aos clientes, o que não é interessante." Ele considera o faturamento bom, mas acredita que possa melhorar ainda mais.

ARMAÇÕES Para Diogo Munhoz Rúbio, proprietário da Ótica Visão Global, fundada em 2007, o mercado continua muito competitivo e sem incentivos, devido ao crescimento de produtos paralelos. "Com o avanço da medicina, houve pouca mudança no mercado, pois sempre fica um residual depois da cirurgia. Com as lentes de contato, houve aumento em torno de 30% de adesão por esse tipo de lentes. Mas acredito que um investimento no momento atual não seja propício."

Contando com dois colaboradores, Diogo, que é técnico óptico, tem vasta experiência, pois trabalhou também, por muitos anos, em laboratórios do setor e está há 48 anos no ramo. A Visão Global oferece armações diversas e lentes oftálmicas. "Acredito que o atendimento personalizado também seja um dos nossos diferenciais, além de preços mais baixos, produtos de qualidade e facilidade na forma de pagamento. O aumento da venda de produtos paralelos também é uma das dificuldades para o setor. Acredito que, para o investidor entrar no ramo, terá de empreender um capital na ordem de R$ 100 mil".