Leitura de notícia
O Popular - João Monlevade (MG) ( Notícias ) - MG - Brasil - 04-06-2018 - 14:04 -   Notícia original Link para notícia
Conta da greve


Dizem que outra paralisação de grande porte está para ocorrer esses dias no Brasil. Depois dessa primeira, acho muito improvável outra igual. Até porque, a conta da greve chegou e pagá-la vai sair caro demais. O Governo de Minas, por exemplo, que já atrasa os salários de seus funcionários com pagamento escalonado, só liberou sexta-feira passada o pagamento de uma das parcelas do salário de abril, alegando que a greve causou mais prejuízos na arrecadação estadual.

Em Belo Horizonte, a quer dois meses de prorrogação do prazo de pagamento de impostos porque amargou prejuízos estimados em R$27 bilhões. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Flávio Roscoe, classificou a greve como "uma catástrofe" e disse que o fato "vai custar caro para a indústria de Minas".

Mesmo assim, achei o movimento muito válido por vários motivos, principalmente por ter sido um fato histórico com uma categoria assumindo a voz da insatisfação de muitos brasileiros. Quem diria que, em ano eleitoral, os caminhoneiros peitariam o Governo Federal? E o melhor de tudo é que não foi por falta de aviso. Há mais de um ano que a categoria vem reivindicando uma forma de desoneração do principal item da formação de preços de quem trabalha com transporte: o diesel, que somado ao preço do frete, está praticamente insustentável. Os caminhoneiros estão pagando para trabalhar e já estava mais na hora do que dar um basta. Mas fica um alerta: as medidas são favoráveis no curto prazo. Quero ver é no longo prazo: vai virar outra conta que ninguém vai querer pagar.

Bolha

E apesar da expectativa de retorno à normalidade nesta segunda-feira, dia 4 de junho, o Governo continua estudando formas de evitar nova crise, já que preço da gasolina continua subindo e já passa de R$5 reais em alguns postos do Brasil. Se nada for feito, outra revolta com pedido de queda do governo será questão de tempo.

Falta consciência

A situação gerada por essa greve é interessante sob vários aspectos. O mais emblemático de todos é que, ao mesmo tempo que denota um aumento de conscientização política, mostra que o povo brasileiro ainda tem muito o que aprender em termos de consciência coletiva. A corrida aos postos para abastecimento assim que a gasolina começou a reaparecer, só mostra o quando o brasileiro só pensa em si e não nos outros. Se fosse em países da Europa como na Alemanha, os consumidores se organizariam para não abastecer com gasolina por dois ou três dias, forçando ainda mais o governo a tomar medidas para segurar os preços.

Como estamos falando de Brasil, o recado nada positivo foi dado por nós ao Governo: estamos famintos e é só jogar o osso que morderemos a isca. Pois pasmem: teve posto que colocou a gasolina a R$8 o litro e teve gente que ainda pagou. Não interessa se foi por necessidade: por mais nobre que seja a causa, é uma questão que atendeu ao individual e não ao coletivo e sem dúvida prejudicou muito o movimento. Agora tome aumento de gasolina, gás, eletricidade, etanol... A gente paga, o governo aumenta! Simples assim.

Cobertura

O que ficou mais feio nessa greve, para mim, foi a cobertura tendenciosa e pouco profissional dos meios de mídia mais poderosos do Brasil. Praticamente ouviram só um lado, dando voz e vez ao governo; mostraram mais os pontos negativos que os positivos e que se dane o cidadão. É a velha oligarquia que faz de tudo para manipular e manter no poder quem gasta gordas quantias com publicidade. Sempre foi assim e assim será.

Deu vergonha não só de ser brasileiro, mas também de ser jornalista. A vontade era de rasgar meu diploma! Ainda bem que as redes sociais, mesmo com toda a fragilidade das "fake news" cumpriu bem seu papel de dar publicidade a fatos que jamais a grande imprensa mostraria. Houve contraditório, houve, mas não nas devidas proporções.

Petrobras

"A Petrobras está diante de uma escolha de Sofia: ou assume o papel de estatal, com todo o peso da frase 'O petróleo é nosso', e fornece combustível com preço justo a todos os brasileiros, ou cumpre sua obrigação de dar lucro a seus acionistas - desde o governo até os aventureiros da Bolsa. As duas coisas, aparentemente, são incompatíveis (isso sem levar em conta a corrupção, que agravou tudo). A missão do novo presidente, Ivan Monteiro, é conciliar os dois lados".

O texto acima é da jornalista Isis Mota publicado neste domingo (3) no jornal O Tempo. Essa breve análise que inicia uma reportagem muito maior é só a ponta do Iceberg desse problema que precisa ser resolvido. Pra mim, a solução é austeridade e corte de gastos para tornar máquina publica menos onerosa e permitir subsídios em áreas estratégicas. Mas quem sou eu para saber ou sugerir alguma coisa? Ninguém do Governo fala de corte de gastos mesmo. É que a moda secular (desde o Brasil colonial) ainda prevalece: aumentar impostos. Nada mais!

Breno Eustáquio é jornalista e professor

Artigo anterior Kim Jon-un se organiza para o encontro com Trump

Da redação


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.