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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 02-06-2018 - 08:29 -   Notícia original Link para notícia
Saída estratégica

Parente deixa presidência da Petrobras, mas Temer diz que política de preços não muda


Um dia após o fim da greve dos caminhoneiros e diante de várias críticas de ministros próximos ao presidente Temer, que defendiam uma mudança na política de preços dos combustíveis, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão ontem de manhã. Depois do anúncio, as ações da estatal chegaram a cair 20%, levando a Bolsa a suspender as negociações com os papéis durante uma hora. No fim do dia, as ações fecharam em queda de quase 15%, numa perda de R$ 40 bilhões em valor de mercado da empresa. À noite, ao anunciar o nome do diretor financeiro, Ivan Monteiro, como presidente da Petrobras, Temer afirmou que "não haverá qualquer interferência na política de preços da companhia". Monteiro é um nome bem visto por analistas do mercado e era considerado o braço-direito de Parente. Ele foi levado para a estatal pelo antecessor de Parente, Aldemir Bendine, que após deixar a presidência da Petrobras foi preso pela Operação Lava-Jato. RAMONA ORDOÑEZ, RENNAN SETTI, GERALDA DOCA, MANOEL VENTURA, GABRIELA VALENTE LETÍCIA FERNANDES economia@oglobo.com.br



EDILSON DANTAS/4-4-2017


Crise. Parente saiu após fim da greve dos caminhoneiros, que reclamavam do preço do diesel


Depois de várias declarações de ministros próximos ao presidente Michel Temer defendendo mudança na política de preços da Petrobras, o presidente da estatal, Pedro Parente, pediu demissão ontem, um dia após o fim da greve dos caminhoneiros. Parente era considerado o fiador da prática de reajustar os valores dos combustíveis com frequência até diária, seguindo o preço internacional do petróleo. A política ajudou a recuperar as finanças da estatal, mas desagradou consumidores nos postos, sobretudo os caminhoneiros. Seu pedido de demissão pegou de surpresa o próprio governo e o mercado, derrubando as ações da Petrobras, que caíram quase 15% ontem - a queda chegou a 21% durante o dia-, enxugando R$ 40,4 bilhões do seu valor na Bolsa.


E, após o estrago provocado nos mercados pela saída de Parente, o presidente Michel Temer fez um pronunciamento na noite de ontem no qual prometeu que o governo não mudará a política de preços da Petrobras. Temer anunciou ainda o nome de Ivan Monteiro, atual diretor financeiro da Petrobras, como novo presidente da estatal. Monteiro já havia sido aprovado pelo Conselho de Administração da estatal, como presidente interino. Temer o confirmou como sucessor definitivo.


- Não haverá qualquer interferência na política de preços da companhia. Ivan Monteiro, naturalmente, é a garantia de que esse rumo permanece inalterado - afirmou Temer.


Parente entregou a carta de demissão a Temer em reunião pela manhã, em Brasília. No documento, o executivo alegou que sua permanência "deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente". Parente acrescentou que "a greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do país desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento". No centro das reivindicações dos caminhoneiros estava o fim dos reajustes quase diários do diesel adotados por Parente em junho de 2017. Foi fundamental para reorganizar as finanças da estatal. Antes, os reajustes ocorriam geralmente uma vez por mês. Muitas vezes, a Petrobras perdia ao evitar repasses elevados ao consumidor. Só que, nos últimos meses, a alta do dólar e do petróleo fizeram os preços dispararem. Os críticos afirmam que um pouco mais de previsibilidade seria desejável, com ajustes menos frequentes nos combustíveis, que afetam toda a economia.


Após o início da greve, para tentar dar fim à greve, a Petrobras anunciou o congelamento do preço do diesel por 15 dias. Alguns dias depois, o governo, por sua vez, cedeu à pressão e concedeu um subsídio de R$ 0,46 por litro no diesel.


Mesmo com o fim da greve, porém, a política de preços da Petrobras virou alvo de críticas de parlamentares, ministros e presidenciáveis, enquanto Parente se tornava seu "rosto". Eram cada vez maiores as pressões para que a estatal praticasse uma política mais flexível e com "previsibilidade" - evitando flutuações diárias - não só no diesel, mas também na gasolina. Por fim, Temer deu uma declaração à TV Brasil na quarta-feira em que sugeria que a política da Petrobras poderia ser "reexaminada". Parente insistia que só aceitaria mudanças se a empresa fosse ressarcida.


- Parente estava virando parte do problema. E, como ele entende que já cumpriu sua missão, não poderia mais continuar - disse uma fonte no governo.


Parente ficou dois anos à frente da Petrobras. Em sua gestão, a dívida líquida caiu, e a estatal divulgou no 1º trimestre do ano seu melhor resultado desde a Operação Lava-Jato, há cinco anos: quase R$ 7 bilhões. Com isso, o valor da Petrobras na Bolsa mais que triplicou, para até R$ 389 bilhões na semana antes da greve. Voltou a ser a empresa mais valiosa do país, para logo perder novamente a posição.


O substituto foi escolhido em reunião do Planalto entre Temer e os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia e de Minas e Energia, Moreira Franco. Temer e Guardia conversaram por telefone com Monteiro e o convenceram a aceitar renovando a promessa de não haver interferência na política interna da Petrobras. Temer teria aprovado a nomeação de Monteiro por ele ser "o interlocutor com o mercado financeiro", uma solução ideal para a missão de tentar acalmar os investidores.


A reunião do Conselho da Petrobras que nomeou Monteiro começou com um agradecimento de Parente ao apoio dos conselheiros durante sua gestão. Depois, ele se retirou. O nome de Monteiro não foi submetido à votação pois já havia sido objeto de conversas antes da reunião. Todos os membros concordaram.


Os conselheiros, porém, há a percepção de que a Petrobras provavelmente terá que, no futuro, rever os reajustes diários.


- Mas qualquer mudança tem que ser feita sem representar prejuízo financeiro para a companhia - destacou um deles.


Uma outra fonte na empresa ressalta que expectativa é que as diretrizes de Parente sejam mantidas por Monteiro:


- Há um plano estratégico muito maior do que uma pessoa, além da política de preços. Envolve a redução do endividamento, do volume de acidentes e dos custos e a venda de ativos não estratégicos. A renúncia do presidente da Petrobras, Pedro Parente, provocou uma onda de vendas das ações da estatal e levou a B3 a suspender os papéis da empresa por cerca de uma hora. Na retomada, a queda chegou a 20%, e, no decorrer do pregão, a companhia não conseguiu se recuperar, fechando com queda de quase 15%. A estatal perdeu R$ 40,47 bilhões de valor de mercado em um só dia.


Apesar da pressão sobre os papéis da petroleira, o Ibovespa, principal índice local, conseguiu terminar o pregão com alta de 0,63%, aos 77.239 pontos. Já o dólar comercial subiu 0,82% ante o real, cotado a R$ 3,768. Na semana, acumula ganhos de 2,7%.


A Bolsa iniciou os negócios em alta, acompanhando o bom humor do mercado externo. No entanto, os papéis começaram a cair imediatamente após a Petrobras - às 11h20m - comunicar a saída de Parente à Comissão de Valores Mobiliário (CVM), ou seja, tornou a decisão pública.


PAPÉIS FORAM SUSPENSOS


A notícia, inesperada, e a repercussão na Bolsa fez com que a B3 determinasse a suspensão dos negócios com as ações da Petrobras, o que durou cerca de uma hora. Essa parada ocorre quando um acontecimento gera um forte movimento sobre um determinado papel. Após a paralisação, é feito um leilão para que o papel volte ao pregão tradicional.


As preferenciais (PNs, sem direito a voto) fecharam em queda de 14,85%, cotadas a R$ 16,16. Antes do anúncio, subiam mais de 3%. Já no caso das ordinárias (ONs, com direito a voto), a desvalorização foi de 14,91%, a R$ 18,88, sendo que antes subiam quase 3%. O anúncio de que Ivan Monteiro será o novo presidente interino da Petrobras saiu após o fechamento da Bolsa.


Os recibos de ações negociados na Bolsa americana (ADRs, na sigla em inglês) também caíram forte. O tombo chegou aos 14,59%, para US$ 10,13.


Fabio Macedo, gerente comercial da Easynvest, explica que a forte queda refletiu a incerteza em relação à administração da estatal.


- Não se sabe qual gestão será adotada daqui para frente. O Parente tinha uma postura que agradava aos agentes do mercado financeiro devido à política de preços. Agora, não se sabe o que vai acontecer e, com o temor de mais intervenção do governo, os papéis acabaram derretendo - explicou.


O tombo dos papéis da Petrobras fez com que o valor de mercado da companhia chegasse a R$ 231,04 bilhões, montante R$ 40,47 bilhões inferior ao registrado no pregão anterior.


Na avaliação de Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, o principal temor é de uma ingerência maior do governo sobre a estratégia da estatal.


- A expectativa é o que vai acontecer com a governança da Petrobras e se vai entrar alguém que mexerá com a atual política de preços. Há um medo de que a empresa comece a sofrer interferência política, como no passado - disse.


A aversão ao risco com a saída de Parente foi geral. O riscopaís do Brasil, medido pelos CDSs (credit default swaps, que funcionam como uma espécie de seguro para o investidor que compra papéis do país), subiu 4%, para 235 pontos.


BOLSA FECHA EM ALTA


Apesar do forte tombo da Petrobras, a Bolsa conseguiu se manter em terreno positivo.


- A Bolsa se recuperou com o fim da greve dos caminhoneiros, com os investidores antecipando um pouco a melhora da economia. Além disso, o exterior operou com ganhos, o que também ajuda - disse Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora.



As ações da Vale subiram 4,20%, beneficiada pelos números positivos da economia chinesa durante o feriado. Os bancos, de maior peso na composição do índice, também tiveram alta. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco subiram, respectivamente, 2,25% e 2,43%. Os papéis do Banco do Brasil subiram 0,95%.


MONTEIRO CHEGOU ANTES DO EX-CHEFE


O novo presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, era o braço direito de Pedro Parente, à frente da diretoria financeira da estatal. No entanto, ele chegou antes do ex-chefe à petroleira: foi escolhido para o cargo pela ex-presidente Dilma Rousseff, em 2015, junto com o antecessor de Parente, Aldemir Bendine, que foi preso sob suspeita de corrupção. Os dois trabalhavam juntos no Banco do Brasil, onde Monteiro era vice-presidente de Finanças.


A primeira missão de Monteiro foi desenhar um plano para consertar os erros financeiros que aprofundaram as perdas da Petrobras na esteira da Operação Lava-Jato, como o represamento de reajustes dos combustíveis. Segundo pessoas próximas, ele ficou surpreso com a bagunça na contabilidade da companhia. Corrigiu problemas, como a falta de provisionamento para possíveis perdas. Ele alterou todo o planejamento tributário e revisou o balanço que mostrou impacto de R$ 88 bilhões em perdas pela corrupção investigada pela Lava-Jato.


Após o impeachment, em 2016, e a mudança de comando na Petrobras, Monteiro foi preservado pelo novo presidente com a missão de recuperar as contas da petroleira sem precisar de capitalização do Tesouro.


Parente era o fiador da retomada da empresa


Gestor de crises, executivo era visto como blindagem da estatal


O engenheiro Pedro Parente sempre foi conhecido entre políticos, executivos de grandes empresas e operadores do mercado financeiro como o melhor gestor de crises do Brasil. Mas, nos últimos 12 dias, viu-se no epicentro de uma crise que paralisou o país. Parente se tornou o alvo preferencial de parlamentares, ministros e políticos da oposição que tentavam fazer da Petrobras a responsável pela greve dos caminhoneiros.



GABRIEL DE PAIVA/27-10-2017


De saída. Sob o comando de Parente, Petrobras voltou ao registrar lucro


Sua chegada à Petrobras, há exatos dois anos, foi amplamente comemorada pelo mercado. "Acabou a influência política na Petrobras", afirmou Parente, no dia 1º de junho de 2016, na cerimônia de posse como presidente da empresa. Ele se tornou, assim, o fiador de uma blindagem da Petrobras, após a estatal ter sofrido perdas bilionárias com corrupção e congelamento de preços.


Sob seu comando, a Petrobras renegociou dívidas, lançou um ambicioso programa de venda de ativos, mudou a política de preços dos combustíveis - que passaram a ter oscilações diárias - e voltou a registrar lucro, atingindo no primeiro trimestre deste ano seu melhor resultado desde o início da Operação Lava-Jato. Essa política, no entanto, acabou sendo o estopim para a greve dos caminhoneiros, já que a recente alta do dólar e do petróleo fizeram o preço do diesel subir com força.


'MINISTRO DO APAGÃO'


Antes de reorganizar as finanças da Petrobras, Parente se tornou conhecido dos brasileiros como o "ministro do apagão". No auge da crise energética do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2001, Parente era ministro-chefe da Casa Civil e foi deslocado do cargo para assumir o comando do gabinete interministerial que coordenou as ações para garantir o fornecimento de energia. Assim, coube a Parente ir a público, em entrevistas coletivas, explicar como funcionaria o complexo sistema de racionamento de energia, que funcionou entre julho de 2001 e fevereiro de 2002.


O executivo chegou ao governo como funcionário da área contábil do Banco Central e, no governo Sarney (19851990), assumiu a Secretaria do Tesouro Nacional. Foi secretário de Planejamento do então Ministério da Economia no governo Collor (1990-1992) e, após o impeachment, trabalhou no Fundo Monetário Internacional (FMI) até 1993. Voltou ao governo como secretário-executivo do ministério da Fazenda, chefiada por Pedro Malan, no primeiro mandato de Fernando Henrique. No cargo, assumiu outra "gestão de crise": a renegociação da dívida dos estados.


No fim do segundo mandato de Fernando Henrique, Parente coordenou a equipe de transição para o governo Lula.


Depois de sair do governo, o executivo teve papel de destaque em grandes empresas. Foi vice-presidente executivo do grupo de mídia RBS e presidente da multinacional do agronegócio Bunge.


Em abril deste ano, Parente assumiu o conselho de administração da BRF, em meio a uma disputa entre os sócios da companhia. O nome do executivo apareceu como o único capaz de pacificar a empresa. Ontem, as ações da BRF dispararam em meio a rumores de que Parente poderia ser indicado como presidente da empresa.


Moreira agora diz que 'política de preços não será mexida'


Ministro de Minas e Energia antes havia cobrado 'contribuição' da estatal


As pressões do governo e seus aliados para mudança na política de preços da Petrobras, que resultaram na demissão de Pedro Parente, começaram antes mesmo do protesto dos caminhoneiros. E se acentuaram nos últimos dias, enquanto o governo buscava uma alternativa para acabar com a greve. Mas, antes disso, a cúpula do governo já se manifestava publicamente sobre a necessidade de a Petrobras praticar uma política de preços mais flexível e com "previsibilidade" - para evitar flutuações diárias - não só no diesel, mas também na gasolina.


DIVULGAÇÃOApresentação. Novo presidente da Petrobras, Ivan Monteiro (ao centro) se encontrou com Temer, Guardia e Moreira


Em meados de maio, quando chegaram a cinco aumentos seguidos em cerca de uma semana, Brasília intensificou as mensagens de que o modelo se esgotara. Com o avanço do movimento dos caminhoneiros, no dia 29, o próprio Temer indicou que poderia reexaminar a política de preços da estatal. Quando as pressões sobre a Petrobras pareciam ter chegado ao gabinete mais importante da República, o pedido de demissão do presidente da estatal, Pedro Parente, levou o governo a mudar radicalmente de discurso ontem.


'TEMOS DE ENCONTRAR SOLUÇÃO'


Os ministros mais próximos do presidente, que diziam que os preços dos combustíveis praticados pela estatal estavam "subindo demais", passaram a defender implacavelmente a política de preços da estatal.


- A política de preços da Petrobras é uma política de governo. Ela não vai ser mexida - disse ontem o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.


No dia 18 de maio, antes da demissão de Parente, o mesmo Moreira parecia menos convicto quanto à importância da política de preços. Na ocasião, Moreira afirmou publicamente que os valores dos combustíveis praticados pela estatal estavam "subindo demais".


- É uma questão do governo, mas ela (Petrobras), como elemento importante e fornecedora de um bem fundamental, tem que dar a sua experiência, contribuição e avaliação da realidade para que possamos ter uma política de preço que seja justa - afirmou.


Na última terça-feira, em uma sessão na Câmara, Moreira voltou a falar do tema e citou a necessidade de criar um "colchão" para mitigar volatilidade no preço do combustível.


- Temos a necessidade de encontrar uma solução para a prática da Petrobras de buscar no mercado a referência para a composição de seus preços.


Na mesma linha de Moreira, já durante a greve, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmava que o presidente estava "preocupado com o aumento constante dos combustíveis".


- O presidente da República, ao convocar a reunião, mostrou-se preocupado com o aumento constante dos combustíveis, e ele gostaria de ver isso resolvido de forma mais palatável por parte dos cidadãos, dos caminhoneiros e dos usuários do sistema de abastecimento dos combustíveis. Vamos tentar agora é ver se encontramos um ponto em que possa ter um pouco mais de controle nesse ponto [preços] - disse Padilha.


NO PALÁCIO, CRÍTICAS A PARENTE


O núcleo duro do governo criticava a política de preços da Petrobras, defendida por Pedro Parente, mas jamais imaginaria que o presidente da estatal pudesse se demitir - reforçando as suspeitas de intervenção governamental na estatal. A reação dos mercados e da classe política à saída de Parente irritou profundamente Temer e seus auxiliares.


Passada a surpresa inicial do presidente com o pedido de demissão, não faltaram críticas de interlocutores do Palácio do Planalto ao timing da saída do ex-presidente da estatal.


Auxiliares do presidente reclamaram do que chamaram de "oportunismo" de Parente, que, na avaliação desses auxiliares, "incendiou" o país com a decisão de deixar o governo no momento em que o Brasil deixava para trás a greve dos caminhoneiros, que começou por causa de aumentos no preço dos combustíveis e a discussão sobre a política de preços da Petrobras.


- O governo lamentou a saída do Parente e a forma como ele saiu. A atitude dele fica parecendo oportunismo.


Mas, ao escolher Ivan Monteiro como o novo presidente da Petrobras, o presidente Michel Temer quis dar um sinal ao mercado de que deve manter a atual política de preços da estatal. Monteiro foi recebido por Temer, Moreira e pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, antes do anúncio.


Oposição e políticos da base aprovam mudança


Presidenciáveis defendem nova política de preços de combustíveis


A saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras jogou mais gasolina no debate no meio político sobre a política de preços da companhia. Mesmo integrantes da base aliada do governo Michel Temer se manifestaram a favor de alteração na metodologia que permite reajustes diários dos combustíveis. Presidenciáveis também manifestaram seu posicionamento sobre o tema.


GIVALDO BARBOSAEm defesa. Rodrigo Maia foi um dos poucos a defender Pedro Parente


O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, comemorou a saída de Parente e defendeu uma mudança na política de preços da companhia:


- É preciso exigir que a política de preços que ele impôs seja trocada. E ela não pode ser trocada por nada de demagogia. Apenas o seguinte, hoje estão transferindo o preço do barril de petróleo da especulação financeira para dentro do Brasil, quando o custo da Petrobras é muitas vezes menor do que o custo do petróleo lá fora.


Em sua conta no Twitter, Marina Silva, pré-candidata da Rede, afirmou que "faltou sensibilidade" a Parente:


"O ex-presidente da Petrobras pediu demissão, apesar de ter feito uma gestão bem avaliada pelo mercado, mas faltou sensibilidade ao repassar o aumento do preço do combustível direto ao consumidor, neste momento difícil da vida dos brasileiros".


Geraldo Alckimin, presidente do PSDB e pré-candidato, defendeu que a estatal tenha uma política de preço que proteja os consumidores. "O importante é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras. Precisamos definir uma política de preços que, preservando a empresa, proteja os consumidores", escreveu o tucano no Twitter.


A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a saída de Parente não é suficiente. "Não basta trocar o entreguista Pedro Parente na presidência da Petrobras. Tem de mudar sua política de preços para os combustíveis e a ofensiva privatista na empresa e na entrega do pré-sal. Tem de recuperar a Petrobras para o Brasil e para os brasileiros", escreveu Gleisi, em suas redes sociais.


Ex-ministro da Fazenda do governo Temer e pré-candidato ao Planalto, Henrique Meirelles disse que Parente deu uma importante contribuição ao país ao resgatar a Petrobras da situação de "quase destruição provocada pelo governo anterior".


- A companhia tinha perdido as condições de assumir o custo de absorver as eventuais diferenças entre um preço mais estável e previsível e o custo de produção que varia com o preço do petróleo. É preciso criar um fundo de estabilização que amorteça eventuais oscilações no preço do petróleo e seja fiscalmente neutro no longo prazo.


A líder do MDB no Senado, Simone Tebet, afirmou que faltou "sensibilidade" a Parente e defendeu que a Petrobras tenha uma política de preços intermediária. "Nem tanto ao mar, nem tanto à terra: nem os preços subsidiados do passado, mas jamais a liberdade total de preço, sem sintonia com os números da economia - inflação e juros baixos, num período de recessão", afirmou Simone, em nota, na qual também defende um "gestor político" para a empresa.


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é pré-candidato à Presidência da República, foi um dos poucos a lamentar a saída do executivo do comando da empresa. Segundo ele, a Petrobras só mantém a credibilidade se "colocar um quadro com a mesma qualidade de Pedro Parente".


- (Pedro Parente) tem muita credibilidade e estava fazendo um ótimo trabalho. (A situação é) ruim para o Brasil - disse Maia ao GLOBO.


O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), disse que o presidente da estatal precisa reunir visão empresarial, sensibilidade social e responsabilidade política. Após o início da greve dos caminhoneiros, ele criticou reiteradamente a política de preços da estatal.





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