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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 10-05-2018 - 07:21 -   Notícia original Link para notícia
Dólar renova máxima e encerra a R$ 3,594

Divisa chega a ultrapassar R$ 3,60 durante o dia, e analistas veem novo piso, com cenário externo e eleições



Petróleo em alta no exterior, perspectiva de aumento dos juros nos EUA e cenário político instável no Brasil são fatores que devem manter o dólar acima de R$ 3,50, cotação que atingiu em fins de abril e é agora considerada um novo piso pelo mercado. Dólar turismo chegou a R$ 3,99. -SÃO PAULO E RIO- Valorização do petróleo no mercado exterior, possibilidade de aumento maior de juros nos Estados Unidos e incertezas no cenário político interno. Devido a esses fatores, afirmam analistas, tão cedo a cotação do dólar não ficará abaixo dos R$ 3,50, patamar que atingiu no fim de abril e que passou a ser considerado um novo piso pelo mercado. Ontem, a moeda americana avançou 0,72%, fechando a R$ 3,594, a maior cotação em quase dois anos. Na máxima, chegou a ser negociada a R$ 3,609.





- O dólar mudou do patamar, em função do exterior e da incerteza interna. Saímos do piso de R$ 3,30, R$ 3,35, e agora aponta-se para R$ 3,50 - diz Newton Rosa, economista-chefe da Sulamérica Investimentos.



Rosa estima que o dólar encerrará o ano em R$ 3,54. Embora a cotação já esteja acima dessa projeção, ele acredita que ainda não é hora de mudar essas expectativas. Outras casas adotam a mesma cautela. No relatório Focus, do Banco Central, a expectativa é que a divisa chegue a dezembro em R$ 3,37 e, na visão dos "top 5", que são as instituições financeiras que mais acertam projeções, o valor é de R$ 3,42.



Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos, também considera R$ 3,50 um novo piso para a moeda. Se boa parte da alta de 8,4% do dólar no ano veio de fatores externos, começará a ter maior peso nas negociações agora o cenário eleitoral, que ainda é incerto. Falta consenso em torno de um candidato de centro-direita, que defenda as reformas econômicas que os agentes de mercado consideram necessárias.



- Nos próximos meses, o dólar não vai ter alívio. Além da elevação dos juros nos Estados Unidos, tem ainda o cenário eleitoral. O câmbio vai continuar pressionado e dificilmente ficará abaixo de R$ 3,50 a curto prazo. Vai continuar em patamar elevado - afirma Crespo.



CÂMBIO TURISMO CHEGA A R$ 3,99 Nas casas de câmbio do Rio de Janeiro, o dólar turismo chegou a ser vendido a R$ 3,99, no caso do cartão pré-pago. Em espécie, as cotações variavam entre R$ 3,74 e R$ 3,84. Os valores já incluem o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).



A alta do dólar nos últimos dois dias esteve atrelada à saída dos Estados Unidos do acordo com o Irã, anunciada na terça-feira, e às sanções econômicas que Teerã deve sofrer, o que, em tese, poderia reduzir a oferta global de petróleo. Com isso, a commodity teve uma forte alta, beneficiando a Petrobras e o Ibovespa, que subiu 1,57%, aos 84.265 pontos.



O barril do petróleo do tipo Brent teve valorização de 3,15%, a US$ 77,21. Ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras saltaram 8,16%, e as ordinárias (ON, com voto) tiveram alta de 10,02%, a maior entre os papéis que compõem o Ibovespa.



Na avaliação de Ricardo Gomes da Silva Filho, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio, a valorização do petróleo reforçou a expectativa de uma alta maior dos juros nos EUA. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já elevou a taxa uma vez este ano, para a faixa de 1,50% a 1,75%, e agora o mercado se divide entre duas ou três altas até dezembro.



- Essa decisão sobre o Irã trouxe a elevação do preço do barril do petróleo. O mundo deve passar por uma onda de recrudescimento da inflação, e as maiores economias terão que elevar os juros. Isso provoca uma saída de capital das economias emergentes - observa Silva Filho.



Em menor grau, os países emergentes sofrem com a decisão da Argentina de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O peso argentino registrou ontem a maior desvalorização frente ao dólar, seguido pelo real e o baht tailandês. No ano, a moeda argentina também é aquela que mais perde valor. O real está na quarta colocação.



Ainda há a preocupação de que o dólar em um novo patamar possa ter efeito na inflação doméstica, já que parte dos produtos consumidos no Brasil tem componentes importados ou é referenciada a preços no exterior - como é o caso da gasolina, pois a Petrobras leva em conta da variação das cotações internacionais do petróleo. Isso tem gerado dúvidas sobre o processo de redução da taxa básica de juros (Selic), hoje em 6,5% ao ano.



O que mais tem incomodado analistas, no entanto, é a falta de uma atuação mais contundente do Banco Central (BC) para controlar a alta do dólar. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, tem sinalizado que o movimento é global e se preocupa apenas com o excesso de volatilidade da moeda. Estratégia que não agrada a alguns operadores.



- O Banco Central diz que está acompanhando, mas não faz nada e deixa o mercado correr solto - diz Silva, da Correparti.



O BC vem mantendo os leilões de rolagem dos contratos de swap cambial (que equivalem à venda de moeda no mercado futuro) que vencem em 1º de junho. São 8,9 mil contratos ao dia. Se esse ritmo for mantido até o fim do mês, será emitido o equivalente a US$ 2,85 bilhões além dos papéis a vencer. Essa foi a única ação tomada pelo BC desde que a volatilidade aumentou, na semana passada.



Se essa emissão líquida for confirmada, será a primeira vez em pouco mais de um ano que o BC aumenta o seu estoque de swaps, que atualmente estão abaixo de US$ 24 bilhões - já foram de mais de US$ 110 bilhões. Já as reservas cambiais superam os US$ 380 bilhões.


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