Banco Votorantim assumirá serviços financeiros para a fintech. Clientes já podem consultar saldo pelo aplicativo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Três dias após a liquidação extrajudicial do Banco Neon, a fintech Neon Pagamentos anunciou ter conseguido um novo parceiro. O Banco Votorantim será o novo encarregado pelos serviços de custódia e movimentação das contas de pagamento. Com isso, os serviços começam a ser normalizados. A fintech espera restabelecer "em poucos dias" os serviços de transferência e pagamentos de seus cerca de 600 mil clientes, que já podem consultar seu saldo.

CLÉBER JÚNIOR/"EXTRA"/14-9-2017Na mão. Banco Neon: liquidação extrajudicial surpreendeu fintech

"O Banco Votorantim vai trabalhar em conjunto com a fintech Neon para o restabelecimento integral de todas as suas atividades o mais rápido possível", ressaltou a instituição em nota.

- Estamos com um novo parceiro e temos um cronograma de desenvolvimento conjunto. A transferência em dinheiro é algo que queremos liberar muito em breve para os nossos clientes. Isso vai acontecer em pouquíssimos dias - disse Pedro Conrade, fundador e presidente da fintech. CHAT AINDA NÃO FUNCIONA Segundo Conrade, mesmo com a liquidação, os clientes conseguiram, nesses últimos dias, fazer operações de saque e pagamentos com cartão de débito. Já as transferências para outras contas e de outros bancos e os serviços de pagamento foram suspensos, a partir de orientação do interventor do Banco Neon. Por cautela, a Neon Pagamento decidiu suspender as operações de cartão de crédito.

- Optamos por parar com o cartão de crédito para priorizar a volta dos serviços de contacorrente. Isso vai voltar, e também vamos fazer melhorias. Os clientes não vão perder um centavo - ressaltou Conrade, que espera retomar em breve a abertura de contas digitais.

No fim do dia, a empresa informou que o aplicativo voltou a funcionar. Os clientes já podem checar o saldo e conferir a fatura do cartão de crédito. Mas ainda não podem entrar no chat. Quem tem aplicações em CDBs, no entanto, que eram ligadas ao Banco Neon, terá de esperar pelo reembolso que será feito pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que assegura o pagamento de até R$ 250 mil por CPF em caso de interdição de uma instituição financeira. Segundo Conrade, nenhum cliente da Neon tinha valor superior a esse aplicado em CDBs do banco.

O Votorantim é o sexto maior banco privado brasileiro em ativos. Um de seus acionistas é o Banco do Brasil. Segundo Conrade, a Neon Pagamentos não poderia ter encontrado parceiro melhor, já que o Votorantim é uma instituição "sólida, ágil e em plena transformação digital".

Na sexta-feira, a Neon Pagamentos foi surpreendida pela liquidação do Banco Neon. A fintech comemorava o aporte de R$ 72 milhões de investidores, o maior investimento já feito numa startup do setor financeiro, fechado na véspera. Logo após o anúncio feito pelo Banco Central, começaram as negociações para que outra instituição financeira assumisse as operações. A fintech também teve de deixar claro aos clientes que seus negócios eram diferentes dos do banco.

Para Pedro Englert, sócio da StartSe, comunidade especializada em startups, a liquidação do Banco Neon é um caso isolado e não deve afetar as fintechs. Ele admite que o fato gerou dúvidas sobre a segurança dos serviços, mas ressalta que a Neon agiu rápido:

- É um mercado em formação, e o maior prejuízo de um caso desse pode ser o de imagem. Mas, dadas a velocidade com que a Neon Pagamento reagiu e a transparência que demonstrou, entendo que o problema foi minimizado.