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Portal Hoje em Dia (MG) ( Primeiro Plano ) - MG - Brasil - 08-05-2018 - 06:00 -   Notícia original Link para notícia
Desvalorização do real preocupa viajantes e agências de turismo

Nos últimos 30 dias, a cotação do dólar subiu cerca de 10% no Brasil. Em 9 de abril, a moeda havia fechado em R$ 3,41, a mais alta cotação desde 2016. Na última quarta-feira, 2 de maio, após sucessivas altas, atingiu a marca de R$ 3,5468 para venda. Culpa da elevação de juros, em março, pelo Federal Reserve (banco central norte-americano). A medida que visa atrair investimentos nos títulos públicos daquele país afeta a economia brasileira.

A oscilação da moeda atingiu em cheio, por exemplo, as agências de turismo de Belo Horizonte, que haviam iniciado 2018 com mais vendas graças à retomada, mesmo que lenta, da economia. Como exemplo, um pacote de viagem cotado a US$ 872 passou de R$ 2.940 na sexta-feira (27 de abril) para R$ 3.060 no último dia 2.

Compra e vende

Lembrando que o impacto da alta do dólar é mundial, Ana Paula Bastos, economista da /BH, explica também que a oscilação da moeda norte-americana é um movimento natural. "Quando o câmbio não oscila por causa de alguma medida artificial, o país deixa de acompanhar as tendências econômicas mundiais", alertou.

O consumidor que não quer sofrer com o sobe e desce da moeda deve acompanhar a cotação diária, para usar a receita clássica de vender na alta e comprar na baixa. "Para quem vai viajar, não é interessante usar apenas o cartão de crédito porque as despesas internacionais são cotadas de acordo com o dólar do dia do fechamento da fatura", lembrou.

Com uma viagem inadiável em setembro, a psicanalista Maria Iris Mendes tem acompanhado atentamente as variações da moeda norte-americana. Embora já esteja com passagem e hotel pagos, ela e o marido ainda estão comprando dólares para as despesas do passeio, de 28 dias. "Nos dias de baixa compro e vou reservando mais dinheiro para o próximo momento propício", destacou.

O casal está programando viagens por vários países da Europa, mas vai comprar as passagens lá, uma vez que os preços são mais competitivos.

O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais (ABAV-MG), Alexandre Brandão, ressalta que a variação dos preços dos pacotes internacionais tem deixado muitos clientes com o "pé atrás".

"O nosso setor é muito sensível. No último mês, a alta chegou a 10%. Para uma conta de maior valor, é um acréscimo a ser considerado", ponderou.

Como há pelo menos dois indicativos de reajuste dos juros nos EUA, o dirigente recomenda que os clientes assinem os contratos o quanto antes.

"Se houver perda no primeiro momento, existe a possibilidade de recuperação até o embarque", ressaltou. A ABAV-MG tem 180 agências associadas.

A mesma recomendação serve para quem tem interesse em fazer uma viagem nacional. Como as companhias aéreas usam diversos insumos cotados em dólar, as passagens também ficam mais caras.

Exceções à regra, Tia Eliane e Gaia Tur mantêm otimismo

Apesar de a maioria das agências, conforme a ABAV, já sentir a alta do dólar, há exceções. Com 47 anos de tradição, a Tia Eliane Turismo construiu sua marca por meio dos pacotes para os Estados Unidos/Orlando. Por ano, são realizadas quatro excursões direcionadas para crianças e adolescentes.

Fora desse esquema, os turistas também podem viajar sozinhos, em casal, com amigos ou em pequenos grupos, com assessoria completa da agência.

Segundo a diretora, Renata Boechat, diferentemente de outros anos, a agência não perdeu vendas por causa da alta do dólar deste ano. "Estamos vendendo mais do que nunca", declarou.

A agência também trabalha com outros destinos nos EUA, Europa e oferece pacotes nacionais para diversos destinos.

Gaia Tur

A retomada da Gaia Tur está acontecendo neste ano. Segundo a empresária Inês Lemos Gontijo, diretora da agência, sucessivas elevações do dólar não afetaram o fechamento de pacotes internacionais. A empresa tem nos destinos externos 60% do faturamento. "As pessoas não estão só fazendo cotações. Estão pedindo e comprando", comemorou.

Após um 2017 difícil, a meta para este ano é de crescimento real. "Muitas viagens não compradas em 2017 estão sendo agendadas para 2019".

Agências sugerem destinos nacionais e os menos badalados

Com 27 anos de atividade, a belo-horizontina Ibiza Turismo tem quatro lojas na capital. Dos pacotes fechados, 40% são internacionais, segundo o gerente, Rodrigo Machado. "No último mês, tivemos uma queda de 10% na assinatura dos contratos e há casos de consumidores que desistem na última hora por medo de que esse movimento de alta continue", comentou.

Além das despesas com passagem e hospedagem, os consumidores têm considerado que a previsão de gastos com alimentação, compras e alguma necessidade extra também ficará mais alta, o que pode ultrapassar o orçamento do passeio.

Ofertas variadas

Para driblar esse movimento, a agência tem diversificado a oferta de pacotes internacionais. Além dos destinos mais tradicionais, como EUA e países da Europa, Machado explica que há outros mais econômicos e que têm excelente custo benefício, inclusive na América Latina. As viagens nacionais também são opção para esses tempos de dólar mais caro, quando não é possível extrapolar as previsões.

Dois dígitos

O presidente e fundador da Master Turismo, Fernando Dias, afirmou que o setor ainda não se recuperou completamente das perdas registradas a partir de 2015, quando a crise econômica nacional começou a afetar, de fato, as agências de viagem. Após registrar crescimento de 12% no ano passado, frente a 2016, a empresa que tem nove lojas em Belo Horizonte (4), Ipatinga, Montes Claros, Contagem, Ouro Preto e Portugal (terra natal do empresário) planeja manter os dois dígitos de incremento para 2018. O empresário reconhece que isso só será possível se o dólar "ajudar".

"No dia 2 de maio, por exemplo, a moeda iniciou em baixa, mas abriu com mais uma alta", observou.

Para ele, esse é o momento propício para que as agências de turismo exercitem a versatilidade, pois só assim conseguirão fechar novos contratos.

"Quem não pode pagar US$ 5 mil em um pacote, pode pagar menos em outro. Essa troca é uma possibilidade a ser considerada", disse. (LSM)


Palavras Chave Encontradas: CDL, Criança
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