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Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 06-05-2018 - 12:17 -   Notícia original Link para notícia
Design e qualidade do couro sustentável

Produto atrai grifes internacionais e exposição revela seu uso em bolsas e sapatos


Mostrar as diferenças entre o couro sustentável (aquele oriundo de criações naturais e renováveis) e o couro obtido de forma ilegal e agressiva à natureza, foi o objetivo principal da exposição "Couro: o sustentável luxo da moda', realizada pelo Sindibolsas-MG, durante a recente Minas Trend . Para o presidente da entidade, o estilista Celso Afonso, a meta foi plenamente alcançada pois "conseguimos mostrar que é possível obter artigos de qualidade e riqueza de estilo com matéria-prima sustentável, produzida com respeito ambiental. Além disso, com um ótimo design agregado - conforme revelaram as bolsas & sapatos assinados por vários estilistas que criaram peças especialmente para a mostra".



Entre as peles que mais provocaram interesse no público, a do peixe pirarucu foi surpreendente - inclusive por ser um produto essencialmente brasileiro, único no mundo. Esse tipo de couro já integra as coleções de marcas famosas como Giorgio Armani e Givenchy. Também estava lá a pele de píton (uma serpente criada na Tailandia), assim como as de jacaré, salmão, caprinos e ovinos. Com textura e toque irresistíveis, podiam ser comparadas com o couro bovino - amplamente usado na indústria fashion com estampas imitando peles de vários animais.


 


Essência é a reciclagem


 


O suporte didático e informações sobre a criação sustentável no país, foram fornecidos pelo  Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com dados importantes do assunto. É o caso do aproveitamento do couro do pirarucu , que , antes, era descartado e hoje é aproveitado em grande parte e transformou-se em uma nova fonte de sobrevivência em muitos locais da Amazônia. São cerca de 50 mil pirarucus pescados anualmente, sendo 15 mil deles com seu couro aproveitado. A meta é dobrar esse número, pois o produto tornou-se um fenômeno mundial e está presente em coleções de grifes importantes grifes como Giorgio Armani, Rick Owens, Givenchy, Roberto Cavalli - entre outras.



A entidade realizou estudos mostrando sustentabilidade também na produção de peças do vestuário, a partir do couro, revelando que a produção de uma calça masculina produzida com jeans exige maior consumo de água do que a mesma peça feita em couro - vantagem que prossegue depois de pronta, pois a de couro é lavada, sempre, a seco.



Os textos que acompanharam a exposição, lembraram, ainda, que a 'a essência da indústria de couros é a reciclagem, pois é um subproduto da extração da carne". Além disso, é uma grande recicladora de água e resíduos sólidos, inclusive alguns deles reaproveitados no fabrico de gelatinas e cosméticos. Assim como a moda, a industria coureira atende aos segmentos automobilístico, moveleiro e outros.


 


Qualificação do setor


 


Além de mostrar a viabilidade do couro como matéria-prima sustentável, a exposição 'Couro: o luxo sustentável da moda' ressaltou a importância do design brasileiro no sentido de produzir peças com bom desenvolvimento de estilo, acabamento apurado e alinhado com os processos produtivos da indústria de moda.



Neste aspecto, o presidente do Sindibolsas, Celso Afonso, ressalta que a preocupação com o estilo e qualidade na produção está presente em todos os níveis de criação e fabricação das peças, porém é óbvia a constatação de que uma boa matéria-prima resulta em um produto melhor e mais desejado. E também há o aspecto da exclusividade, pois a matéria-prima eleva a peça à categoria premium e, portanto, mais disputado. O final dessa equação, observa, é tornar o produto mais competitivo e com bom design.



A pegada sustentável tem atraído os novos estilistas e, também, as empresas menores. Um exemplo vem de Nova Serrana (principal polo calçadista de Minas), onde a marca Floré recebeu seu primeiro lote de peles sustentáveis recentemente. Segundo sua estilista, Gabriela Martins, é um material bem mais flexível, mais fácil de trabalhar, com boas opções de cores - o que resulta em peças mais bonitas, mais confortável e com maiores possibilidades de design. Ela levou para a exposição alguns pares de tênis e sapatos. Além dessa marca, participaram da exposição as grifes Ágali, Cellso Afonso, Débora Germani, Diwo, Elisa Atheniense, Junia Gomes, La Spezia, Mara Spina e Paula Bahia.



Produção Parceiro na produção e realização da mostra, o CIBC promove a qualificação do setor de couros do Brasil e representa empresas responsáveis por 80% da produção nacional (estimada em 40 milhões de peles/ano) e reúne desde microempresas até grandes multinacionais da indústria curtidora.



O consultor da entidade, Ricardo Michaelsen, informa que o Brasil é o terceiro maior exportador de couro do mundo (80% da produção é exportada) , estando presente em cerca de 90 países. Lembra também que "os curtumes brasileiros possuem uma enorme expertise no mercado internacional e participam das mais importantes feiras do setor do mundo". O setor rende cerca de R$3,5 bilhões\ano e gera cerca 35 mil empregos. O Brasil é o único pais a ter uma certificação de sustentabilidade no setor.


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