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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 28-04-2018 - 12:48 -   Notícia original Link para notícia
Cenário externo começa a mudar

Presidente do BC alerta para a necessidade da aprovação das reformas no Brasil



Da Redação



São Paulo - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou na sexta-feira (27) que o cenário internacional é benigno, mas que está começando a mudar, sugerindo ainda que o Brasil continue a caminhar no sentido de aprovar as reformas que ainda faltam.

Ilan repetiu, durante evento em São Paulo, que não se pode "contar com essa situação perpetuamente", ao comentar sobre o cenário internacional positivo. "O cenário internacional ainda é benigno, mas ele está começando a mudar", afirmou ele, sem entrar em detalhes.

Nos últimos dias, cresceu o temor nos mercados globais de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa elevar os juros mais vezes neste ano diante de sinais de melhor desempenho da economia dos Estados Unidos e inflação maior.
Juros elevados no país têm potencial para atrair recursos aplicados hoje em praças financeiras consideradas de maior risco, como a brasileira.

Além disso, a cena comercial também tem estado no radar dos investidores no mundo todo, com tensões criadas pelos Estados Unidos e China que alimentaram temores de guerra comercial.

Ilan argumentou, no entanto, que a economia mundial continua forte e lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê expansão de cerca de 4% neste ano.
O presidente do BC disse ainda que houve avanços "significativos na agenda de reformas e ajustes", mas que é necessário o País continuar neste caminho para manter a inflação baixa, a queda da taxa de juros estrutural e a recuperação sustentável da economia.

Ilan também apontou que há riscos para o quadro de "recuperação consistente da economia com inflação convergindo em direção às metas".

Em meio a movimentos mais bruscos nos mercados cambiais, Ilan repetiu que o Brasil tem uma posição "confortável" para lidar com esse cenário, lembrando as elevadas reservas internacionais e os baixos estoques de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares. "O BC fica monitorando cuidadosamente (o mercado cambial)", acrescentou.

Nesta semana, o dólar chegou a superar o patamar de R$ 3,50, o maior em quase dois anos, com temores sobre a política monetária dos Estados Unidos.

O presidente do Banco Central afirmou que à medida que incertezas forem sendo sanadas, a economia começará a crescer de forma mais rápida.  Ao falar em debate sobre produtividade e spread bancário em São Paulo, ele citou as medianas das projeções do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e de 2019, que segundo o Boletim Focus são de 2,8% para 2018 e de 3% para o próximo ano.
"O BC trabalha com crescimento de 2,6% para este ano e para o próximo estamos com uma previsão próxima da expectativa do mercado", afirmou Ilan.

Spread bancário - O presidente do Banco Central disse que o debate sobre a redução do spread bancário no Brasil hoje tem a ver com a queda expressiva da taxa de juros e da inflação ao mesmo tempo em que o crescimento da economia se dá de forma lenta e gradual. Segundo ele, é inegável que a economia brasileira está passando por mudanças que se reproduzem nas reduções da inflação e da taxa de juros, mas o crescimento depende de outras variáveis, além da redução da taxa básica de juros.

É nesse ponto, de acordo com Ilan, que entra a Agenda BC , com suas propostas para combater os problemas que contribuem para impedir uma velocidade maior do crescimento.

Segundo o presidente do BC, o spread e os juros bancários estão seguindo o ciclo de flexibilização da política monetária como em ciclos de flexibilização anteriores. O impacto do atual ciclo é padrão, reforçou. "Mas nós queremos que as taxas de juros do mercado e o spread caiam mais rápido", acrescentou.

Para que o spread e os juros na ponta caiam mais rápido, continuou Ilan, é preciso atacar as causas que impedem a rapidez das quedas. Por isso, emendou, é que o BC está trabalhando na Câmara dos Deputados pela aprovação do Cadastro Positivo e atacando outras causas, como por exemplo a baixa taxa de recuperação de empréstimos, que no Brasil é de apenas 16% enquanto no resto do mundo é de 70%.

Segundo Ian, a diferença entre as taxas de recuperação de crédito interna e externa é absorvida no Brasil pelas taxas de juros ao consumidor. "Acreditamos que reduzindo as incertezas do sistema financeiro a taxa de juros do cheque especial vai cair", avaliou o presidente do BC. O importante, de acordo com ele, é que "estamos normalizando as taxas no Brasil".

Ele lembrou a redução da parcela do compulsório de 40% para 25%. "E vamos também reduzir o compulsório da poupança", afirmou.

Outro foco da Agenda BC para a redução do spread e aumentar a produtividade e competitividade do sistema financeiro é o apoio da autarquia ao "empoderamento" dos bancos pequenos e das fintechs no mercado de crédito.


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