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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 26-04-2018 - 11:04 -   Notícia original Link para notícia
Contas públicas fecham março com o maior déficit em 22 anos

Impactado pelo pagamento de precatórios, rombo alcançou R$ 24,8 bilhões



As contas do Tesouro, do Banco Central e da Previdência Social tiveram o pior resultado para março em 22 anos. O rombo de R$ 24,8 bilhões é mais que o dobro do déficit registrado no mesmo mês do ano passado, de R$ 11,2 bilhões. -BRASÍLIA- As contas públicas fecharam março com o pior resultado para o período em 22 anos. O rombo foi de R$ 24,8 bilhões, mais que o dobro do déficit apresentado no mesmo mês do ano passado, de R$ 11,2 bilhões. O número foi impactado, principalmente, pela decisão do governo de antecipar o pagamento de R$ 9,5 bilhões em precatórios (perdas da União em causas judiciais) para março e abril. Em 2017, essa despesa foi paga em maio e junho. Mesmo sem esses valores, no entanto, o déficit registrado ainda seria o maior da História.





Sem precatórios, o resultado seria deficitário em R$ 15,3 bilhões. Os números evidenciam um cenário limitado para corte de despesas aliado a uma retomada da atividade econômica que ainda não sustenta uma alta vigorosa nas receitas. Anteontem, a Receita Federal anunciou que a arrecadação de impostos e contribuições federais teve crescimento real (descontada a inflação) de 4% em março, após dois meses seguidos de altas de 10% sustentados por receitas extraordinárias, como o Refis.



'CRESCIMENTO MENOR NÃO ALTERA MUITO RESULTADO' O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, minimizou esses números e disse que, mesmo um cenário de crescimento menor, alinhado com as projeções do mercado, "não altera muito" o resultado esperado para as contas no ano. O governo espera que o PIB cresça 3%, mas o mercado tem revisado essa projeção para baixo e já estima que a alta seja de 2,7%.



Flávio Serrano, economista sênior do banco Haitong, afirma que o resultado de março mostra que, apesar de a economia ter retomado uma dinâmica positiva, isso ainda não é suficiente para sustentar um reequilíbrio fiscal e um crescimento vigoroso das receitas:



- Há um esgotamento no corte de gastos. Contamos com receitas extraordinárias, e a recuperação da atividade introduziu alguma dinâmica. Mas a gente não consegue contar só com crescimento para melhorar esse quadro.



O resultado das contas públicas divulgado ontem diz respeito ao governo central, que reúne as contas do Tesouro Nacional, do Banco Central e da Previdência Social. A expectativa é que o governo central encerre o ano com déficit de R$ 159 bilhões. Nos 12 meses acumulados até março, o rombo é de R$ 119,5 bilhões. Com o déficit previsto para 2018, esse será o quinto ano seguido de resultados negativos. E a estimativa é que os resultados continuem no vermelho ao menos até 2022. No trimestre, as contas públicas acumulam déficit de R$ 12,9 bilhões.



ROMBO DA PREVIDÊNCIA TEM SALTO DE 53,8% Nos primeiros três meses do ano, as receitas líquidas do governo cresceram 10,4% e somaram R$ 303,9 bilhões. Já as despesas públicas cresceram 7,5%, totalizando R$ 316,9 bilhões. O governo tem tentado enxugar gastos, mas esbarra em uma estrutura engessada, em que boa parte das despesas são obrigatórias, como Previdência e folha de pagamentos.



Em março, o rombo da Previdência Social atingiu R$ 20,1 bilhões, um salto de 53,8% frente ao registrado no ano passado. No ano, o déficit é de R$ 49 bilhões. O total gasto pelo governo com benefícios previdenciários no primeiro trimestre aumentou 7,5% acima da inflação, ante uma arrecadação que cresceu apenas 1,9%. Parte da alta nas despesas, no entanto, é referente ao pagamento de precatórios. Sem eles, esse aumento seria de 3,6%. Para o ano de 2019, a expectativa para a Previdência, somando o regime geral (INSS) e o próprio (para servidores), é de déficit de R$ 292,5 bilhões.


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