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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 16-04-2018 - 08:30 -   Notícia original Link para notícia
Gastos em moeda estrangeira exigem cuidado redobrado

Cenário político, global e do país, dificulta projeções. Especialistas recomendam comprar aos poucos



Cenário político dificulta projeções sobre cotação dos próximos meses. Veja as dicas dos especialistas -SÃO PAULO- Fazer uma reserva financeira para gastos futuros exige disciplina, que deve ser ainda maior quando se trata de despesas que serão feitas em moeda estrangeira, como uma viagem ou curso no exterior. A recente alta do dólar pode fazer com que o consumidor decida esperar mais um pouco para começar a preparar essa reserva, mas como é difícil prever o comportamento do câmbio, principalmente em tempos de tensão geopolítica, como agora, o conselho dos especialistas é mais importante que nunca: compre dólares, ou a outra divisa a ser utilizada, aos poucos.





Em 12 meses, o dólar comercial acumula alta de 8,9%. Na última sexta-feira, terminou os negócios cotado a R$ 3,427, valor superior aos R$ 3,30 da média de projeção para o fim do ano feita pelos economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) no relatório Focus. E o anúncio do bombardeio americano na Síria, no fim da noite de sexta, pode provocar forte volatilidade no mercado de câmbio hoje.



- O dólar vai se consolidando em um patamar acima de R$ 3,40, e com uma volatilidade maior. É natural esperar que ele caminhe rumo aos R$ 3,50. Vamos ver uma pressão para cima nos próximos dias, mas é bom lembrar que o Banco Central já avisou que está vigilante e pode atuar para aliviar os excessos - explica Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor.



A apreciação recente da moeda americana é consequência de fatores externos, como a expectativa de juros mais elevados nos Estados Unidos (que levam os investidores a retirarem recursos dos mercados emergentes e levarem para o americano), questões geopolíticas e internas, sendo a principal a incerteza em relação às eleições. Tudo isso faz com que o investidor fique cauteloso, buscando refúgio no dólar.



Atento a esse movimento, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou na semana passada que a autoridade monetária poderá usar instrumentos como o swap cambial (operações equivalentes à venda futura de dólares) para conter a volatilidade. O alerta fez com que os investidores parassem de comprar moeda americana. No entanto, como não houve intervenção, o dólar voltou a subir na sexta-feira.



- O BC atuar também não quer dizer que vai segurar a moeda. Ele não vai conseguir reverter uma tendência caso seja um movimento global. Nosso mercado é muito pequeno e seria queimar munição - avalia Alessie. 'NÃO TEMOS BOLA DE CRISTAL' Flávio Kokis, planejador financeiro da consultoria Guide Life, lembra que, independentemente da volatilidade, o melhor é comprar a moeda estrangeira de forma gradual. O ideal, segundo ele, seria começar a fazer essa compra 12 meses antes da viagem. No entanto, caso isso não seja possível, é bom iniciar o planejamento ao menos seis meses antes do embarque.



- Não adianta esperar o melhor momento. Não temos bola de cristal. Até os analistas têm dificuldade em acertar a cotação do dólar, imagine uma pessoa física que não estuda com profundidade esse mercado. Por isso, é sempre melhor fracionar - ressalta Kokis.



Considerando-se a cotação do dólar comercial, para efeito de comparação, quem comprou dólar ao longo dos últimos 12 meses para viajar agora pagou, em média, R$ 3,2385 - considerando-se que todas as transações foram feitas no dia 13, US$ 100 de cada vez -, ou seja, um desembolso de R$ 3.886,20. Se o planejamento foi de seis meses, os US$ 1.200 saíram por R$ 3.948,60, a um dólar médio de R$ 3,2905. Deixou para a última hora? Gastou R$ 4.112,40.



E é preciso lembrar que não só a cotação do câmbio turismo é maior, como sobre a compra incide o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), à alíquota de 1,1%.



Em relação ao meio de pagamento, Kokis lembra que levar dinheiro em espécie tem sido a melhor opção, já que o IOF sobre o cartão pré-pago é maior: 6,38%. Mas, para viagens mais longas ou gastos mais elevados, é importante ter mais de uma opção. Já o cartão de crédito é recomendado usar para gastos extras ou se não houver alternativa, como pagamento de reservas em hotéis.



Outro motivo para a pressão sobre o dólar é o custo dos grandes investidores no mercado de câmbio. Antes, não valia a pena buscar proteção na moeda americana porque os juros estavam muito elevados. Agora, com a Taxa Selic a 6,50% ao ano, o cenário mudou, diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora:





- O investidor está pagando alto para ter segurança. Prefere ficar "comprado" (espera por uma apreciação da moeda). Essa é a melhor opção no momento, porque o custo para carregar essa operação está mais baixo devido à queda da Selic.


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