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Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 08-04-2018 - 11:35 -   Notícia original Link para notícia
Universo kids

Coleções para crianças são inspiradas em temas lúdicos e conectados com o mundo atual. Apesar de oferecer nicho promissor, o segmento infantil em Minas é pouco explorado pelas empresas de moda


Heloisa Aline


Publicação: 08/04/2018 04:00


Não há uma pesquisa oficial sobre o setor de moda infanto juvenil no Brasil. A alemã Koelnmesse, responsável pela feira infantil Fit 0/16, realizada duas vezes ao ano em São Paulo, estima, a partir de amostras e projeções colhidas de diversos órgãos de consumo, que existem cerca de 40 milhões de crianças no país em um mercado com crescimento anual de 14%, despejando na economia R$ 50 bilhões.Interessante saber que esse evento, hoje considerado o maior da América Latina, nasceu em Belo Horizonte, lançado pela empresa Directa, nos anos 1990, com grande número de participantes mineiros, entre elas marcas que ficaram muito conhecidas, como a Fruto da Fruta, Drubz, D'Viller, Vibizinha, Faz de Conta e Coqueiro Verde, que compunham o Grupo Infantil. Com o passar do tempo, elas encerraram suas atividades, diminuindo substancialmente a importância do segmento na capital.



Apesar do seu potencial, já que a tendência das mães é investir no visual dos filhos, o que se observa por aqui é o crescimento das grifes que trabalham para o feminino adulto. A consultora Delma Cardoso detecta esse esvaziamento do mercado belo-horizontino. "Os lojistas não vêm procurar o infantil na cidade. Existe uma carência de oferta, o mesmo acontecendo com a moda masculina. No Minas Trend, que é a mais importante do Brasil, também não existe representação nessas áreas ", constata.



Percebendo esse nicho, Guilherme Marconi resolveu arriscar no negócio. Com 25 anos de bagagem, ele, que é formado em desenho industrial, começou como designer gráfico , na DTA (ex-Disrtimia), e ganhou lá sua primeira experiência como estilista. A partir de então, deslanchou, passou por várias empresas e, recentemente, lançou a Menina Tilda, em sociedade com uma irmã, já em sua segunda coleção.



A inspiração para as criações são as duas sobrinhas, Sofia e Isabela, ambas com quatro anos. Elas são musas inspiradoras e modelos com direito a palpites e sugestões. "Com duas crianças na família consumindo muito produto infantil, resolvemos iniciar um business direcionado a esse público com uma "pegada" diferente", ele explica.



O projeto inicial é simples com foco em duas peças básicas: vestidos e macacões. "Exploramos os vestidos em duas linhas: a romântica, com cintura marcada e saia rodada, e a retrô, com formas retas. Para o inverno, fizemos também um colete e duas batas que combinam com os macacões", observa. A preocupação com o conforto aparece na escolha de tecidos que não tolham os movimentos, como algodão, viscose e jacquard. "Investimos ainda em duas estampas, a camuflada e outra com inspiração étnica", ressalta, chamando a atenção para a preocupação com a qualidade e acabamento das peças.
Na primeira coleção, a Menina Tilda investiu no estilo "Tal mãe, tal filha", que, bem recebida, foi lançada em bazares realizados em hotéis boutiques. A divulgação tem acontecido com base no boca a boca. A atual, já aportou em lojas especializadas, embora a intenção seja canalizar as vendas para o e-commerce.



Essa é também a primeira experiência de Guilherme como empreendedor. "É uma história diferente, que envolve muita responsabilidade, já que a área de criação é que vai garantir o sucesso financeiro da empreitada. Mas sou muito observador e procuro aprender com as empresárias com quem trabalho".

Curtição O nascimento da neta Marina e a vontade de mimá-la com roupas bonitas provocou o nascimento da Fafá, que se integrou às marcas do grupo Fátima Scofield. O nome tem origem no apelido que a avó e proprietária da empresa, Fátima, tinha na infância, carregando, assim, um significado mais emocional e íntimo para as peças.



As coleções são bem pequenas, voltadas para os clientes que apreciam o estilo romântico, mas conservam um denominador comum: as estampas, que, reduzidas, dialogam com as da marca-mãe, e com a cartela de cores.



Desta forma, os vestidinhos, cujos modelos são endereçados a meninas de 2 a 8 anos, combinam com os das mães. "Não é um investimento comercial significativo, funciona mais como uma curtição", explica Laura Scofield, que coordena o marketing da Fátima Scofield, acrescentando que, inicialmente, a ideia era reaproveitar os tecidos. "Não existe a intenção do glamour das roupas de festas. É algo mais dia a dia, bem meiguinho, para vestir crianças como crianças", traduz Laura.


 


 


Produção no interior


 


É no interior de Minas que a produção infantil demonstra robustez. Caso da Precoce, de Governador Valadares, comandada por Maria Thereza Gontijo, que está comemorando 31 anos. O segredo da longevidade, segundo a estilista, é a capacidade de enfrentar as mudanças e estar  constantemente atenta ao modelo do negócio, além de procurar aprender sempre e buscar coisas novas. "Cada dia é um dia novo", ela diz.



Diante da velocidade que dominou o mundo, o timing de lançamentos tornou-se vital. obrigatória. Daí que a Precoce não participa mais das feiras infantis de São Paulo. "Elas continuam sendo realizadas nas mesmas datas, não se adequaram à essa velocidade. Para se ter uma ideia, o nosso inverno está nas lojas e já lançamos a primavera, que está sendo trabalhada por nossos representantes e será entregue aos lojistas em junho", explica a estilista.



A Precoce fez parte do Grupo Infantil, composto pelas marcas mineiras do setor, nos anos 1990. "Foi um tempo muito bom, compúnhamos uma ilha dentro da Fit, os nossos produtos eram diferenciados e muito elogiados", relembra. Na sua opinião, o cenário começou a mudar quando os grandes grupos do Sul do Brasil, que trabalhavam com produtos bons, mas mais baratos, se subdividiram  em marcas pequenas, competitivas entre si, sob o mesmo guarda-chuva. O fato em si, a produção em larga escala na China, o cenário econômico desestruturaram várias empresas, provocando o fechamento das mesmas.
Cada coleção da Precoce é subdividida em quatro linhas: a para bebê; a mini, voltada para meninos de 1 a 4 anos; a kids, que atende a faixa dos 4 a 12 anos. "Estamos lançando, agora, a linha Libélula, que vai dos 10 aos 16 anos, endereçada a crianças que estão nessa transição, algumas delas com desenvolvimento físico maior. Daí o nome, libélula, sinônimo de transformação", ressalta Maria Thereza.



Outra preocupação é adequar os temas à realidade atual, já que as crianças, atualmente, estão muito antenadas. No inverno, o nome da coleção era Em que mundo você vive, chamando a atenção para uma vida melhor no planeta. A de primavera, batizada de Turistando com a Precoce , é centrada nas cidades de Paris, Amsterdam e Londres, lembrando que a meninada de hoje participa ativamente da experiência de viajar. Segundo ela, o relacionamento com os netos são inspiradores para a escolha dos assuntos trabalhados. Fibras naturais, estampas exclusivas e bem lúdicas estão sempre presentes na elaboração das peças.



Ainda com uma fábrica grande, com 60 funcionários, em Governador Valadares, Maria Thereza explica que 70% da produção é terceirizada em facções da cidade e nas redondezas. Segundo ela, o interior de Minas também abriga outras marcas expressivas. A Luluzinha Kids e a Gabriela Aquarela, por exemplo, estão localizadas em Araújo. 


Palavras Chave Encontradas: Criança
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