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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 08-04-2018 - 09:16 -   Notícia original Link para notícia
Máquinas de cartão miram nichos para crescer

Já são 14 'start-ups' no setor. Na briga com gigantes Cielo e Rede, focam em serviços para empreendedores



Menos de uma década após o fim do duopólio das maquininhas de cartão, aceitar diversas bandeiras virou commodity, oferecida até por camelôs e impulsionada por uma enxurrada de start-ups que chegam para disputar com as gigantes ligadas aos bancos, como Cielo, Rede e GetNet. Enquanto o Banco Central se mexe para aumentar a concorrência, as entrantes batalham para conquistar o micro e pequeno empreendedor, apostando em diferenciais que vão muito além do cartão: softwares de automação comercial, como gestão de caixa e estoque, e modelos voltados para nichos.



GUSTAVO MIRANDASegmentação. Fintechs como a iZettle investem nas necessidades de microempreendedores e prestadores de serviço, como o taxista Osvaldo Mesquita



Há duas semanas, o BC retirou entraves à atuação das pequenas, dispensando, por exemplo, companhias com giro anual de até R$ 500 milhões da exigência de autorização para operar. Foi o mais recente incentivo a uma indústria que, até 2010, funcionava como duopólio. Naquele ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) impôs o fim da exclusividade entre bandeiras Visa e Mastercard com Cielo e Rede, respectivamente. Há um ano, o Cade também derrubou a exclusividade sobre Hipercard, Amex e Elo.



Com esses movimentos, várias empresas passaram a explorar esse mercado. Existem pelo menos 14 start-ups financeiras (fintechs) dedicadas a soluções de pagamento com cartões, segundo o FintechLab. Mesmo assim, Cielo, Rede e GetNet ainda têm 95% do mercado. A PagSeguro, maior desafiante e que se consolidou vendendo suas máquinas em vez de alugá-las, detém 3%, calcula o JP Morgan. Isso sugere que há espaço para maior competição, sobretudo num segmento que quer saltar de 32,6% para 52% do consumo das famílias em uma década.



- A briga pela melhor interface com o estabelecimento comercial é a luta da vez. Não é apenas preço, é prestação de serviço de valor agregado e automação comercial - explica André Leme, da Bain & Company.



MÁQUINA PARA COLETAR DÍZIMO



As gigantes já perdem alguma força. Em fevereiro, a Cielo informou que sua participação de mercado caiu de 54% para 53% em um ano. Segundo fontes do setor, porém, os bancos se aproveitam de seu poder de barganha junto ao varejo para dificultar a entrada das novas máquinas.



- Consumidores e lojistas estão demandando serviços mais especializados, e as fintechs estão explorando essa oportunidade - observa Augusto Lins, da Abipag, associação que reúne novos entrantes.



A SumUp foca apenas em microempreendedores. A companhia vai passar a oferecer este ano a seus clientes softwares de gestão associados à sua máquina, de acordo com Igor Marchesini, seu diretor-executivo.



- Nossa competição ainda é com o dinheiro, não com outras empresas - diz Marchesini, acrescentando que 80% de seus clientes se cadastram com CPF - Desenhamos nosso negócio para ficar apenas no pequeno.



A oferta do serviço pelas fintechs reflete seus nichos, diz a advogada Vanêssa Fialdini, do escritório Fialdini. Algumas vezes, a segmentação é tanta que surpreende. No ano passado, uma start-up lançou a maquininha Dízimo Fiel, especializada na coleta da oferta de fiéis em igrejas.



- É preciso ter um produto que faça sentido para o nicho. Oferecer a possibilidade de separar automaticamente o que vai para a dona do salão e o que vai para a cabeleireira, por exemplo - explica Vanêssa.



FOTOGALERIA PARA ESTOQUE



A sueca iZettle oferece um software para lojistas que separa a venda de cada funcionário, gere o estoque e ainda organiza produtos disponíveis em formato de fotogaleria.



- As grandes empresas têm ferramentas diversas para gerir seus negócios. Nós acreditamos que os pequenos empreendedores também precisam dela - afirma Daniel Bergman, diretorexecutivo no Brasil da empresa.



O taxista Osvaldo Mesquita, de 45 anos, trocou recenteapenas mente sua máquina antiga pela da iZettle. O motivo, segundo ele, foi a flexibilidade maior de pagamento oferecida pela fintech. Hoje, um terço de suas corridas são pagas com cartão:



- Recebo os valores em dois dias. No meu contrato anterior, demorava um mês e eu precisava pagar um aluguel.



Há quase um ano e meio usando a Moderninha Pró, da PagSeguro, a comerciante Rosilene Ferreira viu suas vendas dobrarem. Ela é dona de uma barraca que vende mandalas de harmonização e filtros de sonhos no Largo da Carioca.



- Eu deixava de fazer vários negócios porque não aceitava cartão. Arrecadava metade do que eu podia. Colaborou Luciano Ferreira, estagiário, sob supervisão de Rennan Setti


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