Nos últimos dois anos, o Indicador de Recuperação de Crédito do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL/BH) registrou o maior percentual de consumidores que voltaram a ter crédito. De acordo com os dados do levantamento divulgado ontem, na comparação entre fevereiro de 2018 com o mesmo mês do ano anterior, houve uma variação positiva de 8,75%. Em 2017, o índice era de apenas 1,37% e em 2016 estava em queda de 7,87% e, no acumulado deste ano, a recuperação de crédito apresentou um crescimento de 6,79%.

O que tem possibilitado aos consumidores organizarem suas finanças para retirar o nome do cadastro de inadimplentes, segundo a economista da CDLCDL/BH, Ana Paula Bastos, é uma conjunção de fatores que levaram a um cenário econômico melhor neste ano. Entre eles estão a desaceleração de indicadores como a inflação medida pelo IPCA do IBGE que, em janeiro de 2017 estava em 0,38% e no mesmo período deste ano caiu para 0,29%; a taxa de juros que era de 12,25% em fevereiro de do ano passado e no mesmo mês deste ano estava em 6,75% segundo o Banco Central; além da taxa de desemprego, que fechou o 4º trimestre de 2017 em 11,3% enquanto no 3º trimestre do mesmo ano estava em 14,5%.

A diminuição do custo de vida das pessoas, o aumento da renda disponível e da renda real, a facilitação da negociação das dívidas, que fica mais barata com juros menores, somados à injeção de capitais na economia via liberação do FGTS e do PIS/Pasep no segundo semestre do ano passado, possibilitaram que as pessoas começassem a quitar seus débitos, como explicou a economista. "O impacto da inflação no custo de vida das pessoas foi bem menor do que o registrado no ano passado então, a renda disponível aumentou, assim como a renda real. As pessoas que estavam inadimplentes, foram quitando suas dívidas e, com a melhora dos indicadores macroeconômicos, levou ao crescimento na recuperação do crédito", disse Bastos.

Na comparação mensal, entre fevereiro e janeiro de 2018, o volume de pessoas que recuperaram o crédito apresentou redução de 1,18%. A diminuição pode ser explicada pelo menor número de dias úteis, uma vez que janeiro teve 22, frente a apenas 18 de fevereiro, além das comemorações do Carnaval durante o segundo mês do ano. "A base de comparação de janeiro é mais forte porque o mês tem mais dias úteis. Além disso, em períodos como o Carnaval, um número significativo de pessoas não procura quitar as dívidas, usando os rendimentos para aproveitar a data", explicou a economista da CDLCDL/BH.

Perfil - Os números do levantamento apontam ainda que a recuperação de crédito em fevereiro foi maior para consumidores com idade entre 50 e 64 anos, sendo 24,54% dos que regularizaram seus débitos nessa faixa etária. Já a minoria dos pagamentos das dívidas (5,85%) correspondeu ao público de 18 a 24 anos.

Na variação por gênero, no mesmo período, o número de cancelamentos de registros nos cadastros de devedores foi maior entre o sexo feminino, com 55,79% do total, apesar dos dados do IBGE que mostrem um índice de desemprego de 12,3% entre o público feminino durante o quarto trimestre de 2017, frente a 10,3% do público masculino.

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