Compreendida por boa parte das pessoas como uma atividade extra ou uma alternativa enquanto um emprego formal não aparece, a venda direta - "de porta em porta" - se transformou em uma opção de profissionalização e desenvolvimento de carreira para uma parcela importante da população.
O balanço divulgado pela Associação Brasileira das Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) revelou que o setor se manteve estável em 2017. A leve retração, de acordo com a diretora executiva da ABEVD, Roberta Kuruzu, reflete com clareza os percalços econômicos atravessados pelo País. No ano passado, o setor teve uma queda no volume de negócios de 1,1%, passando de R$ 45,8 bilhões para R$ 45,2 bilhões. O número de empreendedores ativos durante o ano caiu de 4,3 milhões para 4,1 milhões, o equivalente a 3,6%, bem como o volume de itens comercializados teve diminuição de 3,6%, com 1,987 milhão.
"Pelo contexto geral de perda do poder de compra do consumidor esse era um resultado esperado. O setor de vendas diretas está, ainda, muito atrelado à venda de cosméticos e tivemos um ano difícil no setor de saúde e bem-estar. Mesmo assim, entendemos que em todo esse período de crise conseguimos manter o volume de vendas e de empreendedorismo. As empresas estão se empenhando na qualificação dos vendedores, apostando no posicionamento de empreendedores que eles realmente são", explica Roberta Curuzu.
As modalidades mais praticadas de venda direta são: "porta a porta", quando o revendedor vai até a residência ou local de trabalho do consumidor para demonstrar e vender os produtos; catálogo, na qual o revendedor deixa o catálogo ou folheto na residência do consumidor e depois passa para retirar o pedido; e, por fim, a Party Plan. Nela, o revendedor promove um chá na casa de uma consumidora para ela e suas amigas, em que demonstra e revende os produtos.
"A venda direta funciona com a marca passando o produto para o revendedor com um determinado desconto. Esse revendedor determina as estratégias de venda, os horários, enfim, sua rotina. Isso caracteriza uma relação comercial, e não uma relação trabalhista. O que acontece agora é que as empresas - especialmente as ligadas à ABEVD - estão comprometidas a tornar essa relação totalmente transparente. Para isso foi criado um código de ética e há um investimento grande na educação empresarial desses parceiros", afirma a diretora executiva da ABEVD.
O advento do e-commerce que, em um primeiro momento, parecia concorrer com a venda direta, acabou se tornando um aliado. As novas tecnologias e as redes sociais se tornaram ferramentas para os revendedores aumentarem o volume de relacionamentos. E para as marcas, as duas modalidades integram a tendência de multicanalidade que marca o varejo. As indústrias de alimentos, moda e as empresas de serviço têm aderido à venda direta.
Local - A grande fragmentação do território mineiro - com 853 municípios - favorece o desenvolvimento do setor de vendas diretas. "A venda direta não conhece limites geográficos. O revendedor pode trabalhar em qualquer cidade e essa é uma vantagem incrível para as marcas chegarem ao interior sem um alto custo. Nesse sentido Minas Gerais oferece um número de oportunidades fantástico", analisa a executiva.Esse era um resultado esperado, explica Roberta Curuzu/Divulgação
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