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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 10-03-2018 - 11:25 -   Notícia original Link para notícia
Tarifa nos EUA preocupa o setor industrial

Entidades e especialistas apontam que a medida é prejudicial à atividade metalúrgica no País



O decreto dos Estados Unidos que impôs tarifas de 25% sobre a importação de aço e de 10% sobre a de alumínio, assinado na quinta-feira pelo presidente estadunidense Donald Trump, deixou a indústria siderúrgica brasileira em polvorosa. Entidades que representam o setor e especialistas defendem que a medida é prejudicial à atividade metalúrgica e à economia mineira e nacional. Além disso, como a taxação entra em vigor em 15 dias (a partir da quinta-feira), também é estudada a entrada de recurso junto ao governo do país norte-americano para tentar reverter a situação.

Em nota, o Instituto Aço Brasil (IABr) afirmou que estuda, junto ao governo brasileiro, a entrada imediata de recurso junto ao governo americano. "O bloqueio das exportações brasileiras para o mercado americano - em sua quase totalidade composta de semi- acabados, que são reprocessados pelas indústrias siderúrgicas americanas, ocasionará dano significativo não só para as nossas empresas, mas também para as americanas que não tem autossuficiência no seu abastecimento", destacou a entidade no documento.

O IABr lamentou, ainda, que, além de lidar com esta situação provocada pelo decreto estadunidense, a indústria nacional do aço também tem que sobreviver em um cenário de excesso de capacidade de produção de aço no mercado mundial da ordem de 750 milhões de toneladas ao ano.

O ex-presidente da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), Wilson Nélio Brumer, por sua vez, acredita que a medida dos Estados Unidos faz parte de uma "onda" de protecionismo em todo mundo. "Acredito que cada país vai fazer sua reavaliação para impedir ou taxar a entrada de produtos americanos", disse.
Na avaliação de Brumer, o decreto representa um mercado que se fecha para a siderurgia nacional. "O problema da entrada de aço no País não é o aço propriamente dito, mas produtos com aço. Acho que, da mesma forma, o governo brasileiro deveria sobretaxar a entrada de produtos siderúrgicos dos Estados Unidos", pontuou.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em nota, lamentou que "a medida ocorre em um momento em que a metalurgia brasileira esboça recuperação, após as intensas quedas registradas na produção industrial entre 2014 e 2017 (16,7% no Brasil e 10,9% em Minas Gerais)".



Empregos - Nas contas da Fiemg, a siderurgia contabiliza cerca de 56,5 mil empregos só em Minas Gerais, o que corresponde a 28% do total de postos de trabalhos do setor em todo o Brasil. Em 2017, segundo a entidade, as exportações de produtos metalúrgicos pelo Estado somaram US$ 5,3 bilhões. Desse total, 12,2% tiveram como destino o mercado norte-americano.

Assim como o IABr, a Fiemg reforçou que "80% das exportações da siderurgia brasileira para os Estados Unidos são de produtos semi-acabados, que servem de insumos para as próprias siderúrgicas americanas. A manutenção de uma tarifa de importação, tal como proposta, implicará no aumento de custos no mercado interno americano".

Ainda de acordo com a Fiemg, em 2017, o segmento gerou 1,1 mil empregos em Minas Gerais e 2,4 mil no Brasil. Desde a semana passada, quando Donald Trump antecipou a medida, empresas do setor siderúrgico brasileiro, excluindo aquelas que têm plantas nos Estados Unidos, como a Gerdau, perderam 5,7% de valor de mercado, o que equivale a R$ 3,5 bilhões.



Aliados buscam isenção da sobretaxa Reuters



Bruxelas, Xangai e Tóquio - De Japão e Coreia do Sul à Austrália e Europa e Brasil, autoridades estão fazendo fila para buscar isenção das tarifas impostas pela administração de Donald Trump a importações de aço e alumínio nos Estados Unidos, enquanto produtores chineses pediram retaliação de Pequim.

Tóquio, Bruxelas e Brasília rejeitaram qualquer sugestão de que suas exportações para os Estados Unidos ameaçariam a segurança nacional norte-americana, justificativa de Trump para impor as tarifas apesar de alertas dentro e fora do país de que elas poderiam provocar uma guerra comercial global.

"Nós somos aliados, não uma ameaça", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen.

A indústria de metais da China, a maior do mundo, emitiu uma ameaça mais explícita do país na fila, pedindo retaliação do governo chinês colocando como alvo o carvão dos EUA, um setor que é base central da política de Trump e sua promessa eleitoral para restaurar as indústrias norte-americanas e empregos.

Trump impôs tarifas para conter importações baratas, principalmente da China, o que ele descreveu como "um assalto ao país".

No entanto, ele disse que "amigos reais" dos Estados Unidos poderiam ganhar isenções das medidas, que entram em vigor após 15 dias. Canadá e México, membros do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) que está em renegociação, ficaram de fora da medida por tempo indeterminado.

O Brasil, que depois do Canadá é o maior fornecedor de aço para o mercado norte-americano, disse que quer se juntar à lista. "Nós vamos trabalhar para excluir o Brasil dessa medida, mas não descartamos quaisquer outras medidas para proteger o interesse nacional", disse à Reuters o ministro interino da Indústria, Comércio e Serviços, Marcos Jorge, após encontro com o secretário norte-americano de Comércio, Wilbur Ross. A Argentina adotou postura similar.

O Japão, maior aliado econômico e militar dos EUA, foi o próximo na fila. O secretário-chefe do Gabinete, Yoshihide Suga, disse em uma coletiva de imprensa que os embarques de aço e alumínio do Japão não apresentavam ameaças à segurança nacional dos EUA.
No caso do Japão, um importante parceiro comercial e investidor internacional, Suga disse que o país contribuiu para o emprego e a indústria nos EUA. O grupo que representa o setor de aço do Japão também expressou preocupação.

A União Europeia, maior bloco comercial do mundo, também se mostrou contra a medida. "A Europa certamente não é uma ameaça para a segurança interna norte-americana, então esperamos ser excluídos", disse a comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, em Bruxelas.

Ela ganhou apoio da chanceler alemã, Angela Merkel. Ações de siderúrgicas europeias caíam nesta sexta-feira, embora as duas maiores produtoras do país Thyssenkrupp e Salzgitter insistiram que o impacto para elas será limitado.

Outras autoridades de UE, de longe o maior parceiro comercial dos EUA em valor, alertaram que a decisão poderia levar a contramedidas, incluindo tarifas europeias sobre laranjas, tabaco e bourbon norte-americanos.

Em Sydney, o primeiro-ministro Malcolm Turnbull disse que não há necessidade de impor tarifas para o aço australiano.



Usinas mexicanas querem replicar medida



São Paulo - O México deve replicar as tarifas de 25% sobre o aço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para evitar ser usado como ponto de parada para países terceiros exportarem para os Estados Unidos, disse a câmara da indústria na sexta-feira.

Trump excluiu o México e o Canadá do esquema de tarifas anunciado nesta quinta-feira, o que poderia tornar o aço exportado desses parceiros comerciais mais barato que o de outros países.

Em um comunicado de página inteira no jornal, a câmara nacional de aço do México disse que as isenções de Trump criaram o risco de que os países sujeitos às tarifas dos EUA tentassem exportar primeiro para o México e depois para os EUA para tirar proveito da regra.

A câmara afirmou que o México não deveria impor tarifas a países e regiões com acordos de livre comércio, como a União Européia e o Japão.



União Europeia poderá recorrer à OMC em 90 dias



Bruxelas - A União Europeia espera ser excluída das tarifas de aço e alumínio dos Estados Unidos, mas irá à Organização Mundial do Comércio (OMC) impor suas próprias medidas se Washington seguir em frente, disse a comissária de Comércio da EU, Cecilia Malmstrom, na sexta-feira.




O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estabeleceu tarifas de importação na quinta-feira de 25% para o aço e 10% para alumínio, mas isentou o Canadá e o México e ofereceu a possibilidade de excluir outros aliados, retrocedendo de uma posição anterior.

Cecilia Malmstrom, que coordena a política para o maior bloco comercial do mundo, disse que compartilha as preocupações dos EUA com relação ao excesso de capacidade no setor siderúrgico, mas não acredita em tarifas como forma de resolver o problema.
"A Europa certamente não é uma ameaça para a segurança interna norte-americana, então esperamos ser excluídos", disse Malmstrom a repórteres antes de falar em uma conferência em Bruxelas.

Questionada na conferência se estaria pronta para reagir se a UE, formada por 28 países, for incluída nas tarifas dos EUA, Malmstrom disse estar pronta para ir à OMC, o árbitro do comércio internacional, para impor as próprias salvaguardas do bloco dentro de 90 dias.

"Nós deixamos muito claro que (a decisão dos EUA) não está em conformidade com a OMC, então iremos à OMC, possivelmente com alguns outros amigos. Teremos que proteger nossa indústria com medidas de reequilíbrio, salvaguardas", disse ela.
As associações da indústria europeia pediram à Malmstrom que respondesse se a UE estaria sujeita às tarifas, dizendo que as sobretaxas afetariam fortemente os setores de aço e alumínio.

"A perda de exportações para os EUA, combinada com um aumento esperado de importações maciças na UE, poderia custar dezenas de milhares de empregos na indústria siderúrgica da UE e setores relacionados", disse Axel Eggert, diretor da associação de aço Eurofer.

A associação de produtores de alumínio European Aluminium exigiu a implementação "imediata" de medidas, se necessário.

Malmstrom já tinha uma reunião previamente agendada com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, em Bruxelas, no sábado, e disse que buscaria mais clareza sobre se a UE seria incluída nas tarifas.








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