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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 10-03-2018 - 11:00 -   Notícia original Link para notícia
Alimentos seguram a inflação de fevereiro

Taxa fica em 0,32%, e mercado aposta em novo corte de juro. Rio tem resultado acima da média nacional, de 0,72%


Uma queda incomum dos preços dos alimentos para o período e uma alta mais branda das mensalidades escolares seguraram a inflação de fevereiro, que ficou em 0,32%, a menor taxa para o mês desde 2000. O resultado, divulgado ontem pelo IBGE, levou o mercado a apostar em um novo corte na taxa básica de juros este mês, para 6,5% ao ano, e a revisar as projeções para o IPCA fechado do ano para menos de 4%. Na Região Metropolitana do Rio, porém, o índice não só ficou acima da média nacional, em 0,72%, como foi o maior entre as 13 regiões onde a pesquisa é feita.



No resultado acumulado em 12 meses, a taxa nacional desacelerou, para 2,84%. Segundo economistas, a inflação de 2018 só não vai ser tão baixa quanto a do ano passado (2,95%) porque a melhora do mercado de trabalho vai impulsionar o consumo das famílias, abrindo espaço para um leve aumento de preços.


- Uma inflação baixa é desejável, mas a tendência é que ela acelere um pouco, porque o padrão de consumo está mudando, devido a uma melhora na renda das famílias, o que deve gerar aumento de demanda. Isso indica também que entraremos em um ciclo de aumento da atividade - avalia Maria Andréia Parente, economista do Ipea. 0,61% NO ANO, MENOR TAXA DESDE 1994 No ano, o IPCA acumula alta de 0,61% - a menor para os dois primeiros meses de um ano desde 1994. O resultado surpreendeu o Banco Central (BC), que previu em seu último relatório trimestral de inflação, publicado em dezembro, uma taxa 0,39 ponto percentual maior. Isso ajudou a aumentar as apostas de um novo corte da Selic, de 0,25 ponto percentual, na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 20 e 21 deste mês. Segundo o economistachefe do Banco ABC, Luís Otávio Leal, seria o último do ano:


- Apesar da possibilidade de novas surpresas dos alimentos, já que teremos a segunda maior safra de grãos da História, temos de considerar que a política monetária precisa olhar para frente. E à frente temos um mar de incertezas internas e externas. É melhor não correr o risco de ter de aumentar a Selic em meio a um cenário adverso.


No mês passado, pela 11ª vez seguida, o Banco Central baixou os juros básicos da economia. Por unanimidade, reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, de 7% ao ano para 6,75% ao ano - a primeira taxa inferior a 7% da História.


A queda dos juros é considerada pelos economistas como fundamental para impulsionar o consumo das famílias e ajudar o PIB do país a crescer mais este ano. Em 2017, a economia cresceu 1%. Para este ano, a média, de acordo com previsão de analistas ouvidos pela Bloomberg, está em 2,6%.


- Os alimentos continuam segurando a inflação. Só no ano passado, foram oito meses de deflação - destacou o gerente de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves.


Maria Andréia, do Ipea, explica que os preços dos alimentos vieram mais baixos do que o esperado nos dois primeiros meses do ano porque as históricas chuvas de verão, dessa vez, não prejudicaram as colheitas.


MAIS ITENS SEM AUMENTO DE PREÇO


Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, observou que a parcela de itens pesquisados pelo IBGE que teve aumento de preço em fevereiro caiu para 48,5%, frente aos 57,9% registrados no mês anterior.


Já os preços dos transportes tiveram alta significativa no mês de fevereiro, de 0,74%. Em parte resultado do aumento da passagem de ônibus no Rio, de R$ 3,40 para R$ 3,60, que também fez acelerar a inflação da Região Metropolitana para 0,72%. A área têm, de longe, a maior alta acumulada nos dois primeiros meses de 2018: 1,14%.


Diferentemente do que se esperava, os principais fatores de impulso no mês não foram as compras de carnaval. Fernando Gonçalves, do IBGE, explicou que, apesar de a festa aumentar a demanda por produtos e serviços, o que deveria elevar os preços, esse efeito foi pouco sentido em fevereiro deste ano.


- A aceleração da inflação no Rio foi muito influenciada pelo aumento da passagem de ônibus. No mais, a região tem uma taxa de desemprego muito alta, que, assim como a crise do Estado, tem afetado a renda das famílias - diz.


SEM RESPOSTA ÀS CRÍTICAS


No dia seguinte à sanção do piso regional para 2018, que indicou 5% de reajuste para 170 categorias profissionais, o governador Luiz Fernando Pezão preferiu o silêncio frente às críticas das entidades patronais. Os empresários alegam que, em meio à crise na economia fluminense, o reajuste do piso aumentará o desemprego. Segundo a Firjan, 25 mil vagas podem ser cortadas.


Pezão não quis responder às críticas dos empresários e se limitou a afirmar que, ao enviar o projeto para a Alerj, indiciou 2,52% de aumento, percentual menor do que a inflação.


Deputados da base aliada e integrantes do governo alegam que a sanção era a única alternativa de Pezão. Caso vetasse o percentual de 5%, o piso regional voltaria à Alerj, que poderia derrubar ou manter o veto. O governador ficaria marcado por atrasar o reajuste, já que o veto só seria analisado no segundo semestre.


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