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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 07-03-2018 - 06:48 -   Notícia original Link para notícia
Indústria tem 'freio de arrumação' no setor de automóveis e cai 2,4%

Para analistas, resultado é pontual. Em relação a janeiro de 2017, alta foi de 5,7%


Para analistas, resultado em janeiro foi pontual. Na comparação com mesmo mês de 2017, alta é de 5,7% A indústria brasileira deu um soluço em janeiro, mas continua em tendência de crescimento, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. Após quatro altas seguidas, o setor registrou queda de 2,4% em relação a dezembro, mas analistas preferiram olhar outro dado, que mostra mais fielmente o fôlego da retomada: na comparação com o mesmo mês do ano passado, o avanço foi de 5,7%, o maior nesse tipo de comparação desde abril de 2013. Foi a nona alta seguida nesse tipo de cálculo, indicando que as fábricas estão operando em patamar superior ao de 2017. Os números reforçam a tendência de que a economia continuará a crescer no primeiro trimestre, após ter fechado o ano com avanço de 1%.



A queda de 2,4% foi influenciada pelo recuo de 7,6% no segmento de automóveis, que vem ditando o ritmo da retomada das fábricas desde o ano passado. Mas esse tombo foi mais uma espécie de freio de arrumação, já que, em dezembro, a produção de veículos havia crescido 9,1%. Ao mesmo tempo, o segmento liderou a alta em relação ao ano passado, ao crescer 27,4% nesse tipo de cálculo. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM)


- (A queda de 2,4%) não surpreendeu, justamente porque o resultado de dezembro tinha surpreendido positivamente. É uma recuperação gradual, lenta. A expressão a ser usada é recuperação de perdas - resume Tabi Thuler Santos, coordenadora da Sondagem da Indústria do Ibre/FGV.


Thais Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, previa queda até maior, de 2,7%. E destaca que o resultado não altera a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, que deve avançar 1% frente ao quarto trimestre.


PROCESSO EM CONSTRUÇÃO


A conta é semelhante à do economista Artur Passos, do Itaú Unibanco, que também projeta 1% de alta do PIB no primeiro trimestre. Ele afirma, ainda, que, apesar de prever mais resultados positivos que negativos na indústria neste ano, eventuais tropeços como o de janeiro podem ser observados:


- Nosso cenário indica que a produção vai continuar crescendo. Mas, de mês em mês, sempre pode ocorrer alguma história, um segmento cair abruptamente ou alguma questão afetar a indústria extrativa. Ao longo do ano, é razoável ter quedas na margem (frente ao mês anterior). Olhando estatisticamente, mesmo com crescimento de 3% a 4% no ano, a gente pode ter 35% dos meses com variação negativa na margem.


O economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria, também está no grupo de otimistas. Ele espera que a produção industrial cresça 5% em 2018 em relação ao ano passado. Segundo ele, o setor já virou o ano de 2017 com uma herança estatística de 4%. Ou seja, se ficasse estável 2018 inteiro, já cresceria 4%:


- O crescimento de bens de capital (máquinas e equipamentos) está em quase 20% (frente a janeiro passado). Isso reflete otimismo dos empresários.


Apesar da predominância de projeções otimistas, os dados do IBGE mostram que a retomada da indústria é um processo em construção. O setor está 15,8% abaixo do pico de produção, alcançado em junho de 2013. Isso significa que ainda não é possível dizer que a crise ficou para trás.



Em relatório, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destacou a forte volatilidade do processo de recuperação e a difusão de resultados negativos em janeiro - 19 dos 24 ramos pesquisados tiveram retração frente a dezembro. Além dos veículos, outros segmentos ligados à cadeia de produção de automóveis registraram quedas, como metalurgia (-4,1%) e produtos de borracha e plástico (-5,4%). "O resultado de janeiro é, assim, sintomático de um movimento frágil de recuperação de um setor que ainda não restabeleceu um padrão de crescimento mais regular, de modo que toda alta mais expressiva na margem não vê continuidade", destaca o comunicado do Iedi.


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