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Estado de Minas Online ( Degusta ) - MG - Brasil - 04-02-2018 - 11:55 -   Notícia original Link para notícia
Patrimônio da cidade

Perto de completar oito décadas de funcionamento, o Restaurante do Minas continua a oferecer comida diversificada e serviço de qualidade para sócios e não sócios do clube



Filé de badejo à Lisboeta



A comida tem um tempero especial: nostalgia. Há mais de 70 anos como ponto de encontro dos belo-horizontinos, o Restaurante do Minas continua a servir pratos que resgatam memórias. Entre sócios e não associados do clube, gerações e gerações de frequentadores acompanham as transformações do tradicional espaço, que mantém no cardápio receitas que marcaram época. A proposta ainda é ser referência em pratos fartos e saborosos.




O sanduíche americano é um dos mais antigos do cardápio (estima-se que seja da época da inauguração). Ficou famoso porque era oferecido de presente aos atletas do clube que ganhavam alguma competição. Pão de forma, filé, ovo frito, presunto, muçarela, alface, tomate, maionese e azeitona são os ingredientes da receita original. Há também versão com lombo, frango e até arroz com batata frita no lugar do pão. Clássico também é o churrasco de forma. O nome faz referência ao recipiente onde são servidos os acompanhamentos: batata frita, molho ao sugo, farofa e vinagrete. "Hoje preparamos a carne na grelha, mas o filé continua a ser servido no espeto", informa o chef Juarez da Rocha.



Outros clássicos servido no Minas eram de duas antigas casas da capital, Chez Bastião e Bruno, ambas do empresário José Ronald Rabelo, mais conhecido como Tuica, que há 20 anos assumiu a cozinha do restaurante do clube. Do bar, ele levou o fettuccine com polpetones (receita da mãe, filha de italianos) e o estrogonofe de filé, que continua a mexer com o imaginário dos mineiros. "Esse prato marcou época porque era uma novidade quando comecei a servir, por volta de 1965, e virou moda em BH", conta. Linguado à meuniére (peixe grelhado ao molho de alcaparras na manteiga) e brochete de camarão com arroz à grega eram do Bruno, com cozinha mais sofisticada.



Os anos se passam e outros pratos se destacam pela preferência do público. Entre eles, o tornedor coroado, envolto em uma massa de provolone com requeijão, e o filé à cubana, servido com banana, maçã, abacaxi e aspargos, todos empanados. O chef ainda cita o filé de badejo à Lisboeta (peixe com creme de espinafre, brócolis, palmito e batatas coradas), a moqueca de surubim e arroz de Braga, feito com lascas de bacalhau puxadas no azeite, couve crua rasgada crua e cebola ralada.

PEDIDOS ATENDIDOS Clássicos à parte, o cardápio tem sempre novidades. "Viajo muito para a Europa, Ásia, Estados Unidos e sempre procuro trazer uma nova ideia. Como o mineiro é mais difícil de aceitar mudanças, inovamos dentro da tradição", observa Tuica. Além disso, a cozinha está sempre pronta para atender os mais diversos pedidos. "Pode não ter no cardápio, mas, se tivermos o ingrediente na cozinha, fazemos o que o cliente quiser", garante Juarez. A equipe também se mostra flexível na hora de mudar guarnição ou acrescentar algo no prato, como camarão na salada mista, que tradicionalmente é servida com mix de folhas (rúcula, agrião e alface-americana), legumes e maionese de batata.



Já que a proposta é oferecer comida diversificada, o restaurante não fica restrito ao cardápio. Todos os dias, há um bufê completo para quem busca uma opção mais rápida. Aos sábados, a cozinha prepara uma das feijoadas mais conhecidas da cidade. São nove opções de carnes, como lombo e costelinha, todas separadas, além do feijão, couve e torresmo. Já no domingo, a comida fica mais sofisticada. "Servimos camarão à vontade, em várias versões, entre elas bobó, a milanesa, ao molho pomodoro e guisado, com cebola, tomate, palmito, ervilha e molho ao sugo", conta Juarez.


 


Bacalhau com favas

Ingredientes

postas de bacalhau dessalgado; 1kg de fava verde; 1kg de tomate; 1kg de cebola; 700g de batata já cozida; 1 xícara cheia de azeite; sal e pimenta a gosto

Modo de fazer

Ferva as favas verdes e descarte a água da primeira fervura, porque senão elas amargam. Faça um refogado de alho e cebolas cortadas em quatro. Em seguida, ferva o bacalhau dessalgado e verifique o sal. Ferva mais uma vez as favas verdes. Em uma assadeira, coloque primeiro uma camada de azeite com o refogado de alho e cebola. Depois disponha as postas de bacalhau e as favas pré-cozidas. Por cima, coloque as batatas já cozidas e o tomate sem pele e sem semente (se preferir, pode usar o tomate pelati). Tempere com sal e pimenta a gosto. Cubra a assadeira com papel-alumínio e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus por 20 minutos. Retire o papel-alumínio e deixe assar por mais 10 a 15 minutos. Atenção para não deixar queimar. Sirva com arroz branco.


 


 


Lugar histórico


 


Integrado à sede social do clube, inaugurada em 1940, o Restaurante do Minas faz parte de um capítulo importante da história de Belo Horizonte. O prédio que ele ocupa, na esquina da Rua da Bahia com Antônio Aleixo, é um dos legados do arquiteto italiano Raffaello Berti, que desenvolveu na cidade projetos icônicos no estilo art déco. Não apenas a construção, mas todas as mesas e cadeiras, que estampam o brasão do clube, são patrimônio histórico municipal. Por muito tempo, a varanda, com vista para a piscina, era o melhor lugar para o happy hour.



Muito antes de assumir o restaurante, o empresário Tuica Rabelo já frequentava o restaurante com a família. "Lembro, quando ainda era , de almoçar com o meu pai e a minha mãe e comer o tornedor diplomata, que vem com champignon de paris, queijo, presunto e patê de foie gras ou costeleta de porco, hoje carré, com batata palha e presunto", detalha. Atleta de natação, judô e vôlei, ele sonhava com o sanduíche americano quando alcançava uma vitória. Já adulto, participou da fundação do Onça's Clube, cujo nome faz uma brincadeira com o Lions Clubs.



O Onça's Clube era um grupo formado por fundadores e integrantes da diretoria do Minas. Mulher não entrava. No início, eles se encontravam todos os dias, mas hoje as reuniões só ocorrem às quartas e sábado. Ex-presidente do conselho, Paulo Andrade Rodrigues nunca perdeu um só encontro. Nem mesmo agora que o grupo se resume a poucos amigos (eram mais de 50, hoje são menos de 10). "A ideia era juntar para bater papo, sem falar em trabalho, só amenidades", explica. Além de beber cerveja, eles gostavam de compartilhar os famosos petiscos, entre eles pernil, moela, almôndega e torresmo.
A equipe do restaurante é bem antiga, o que garante atendimento de primeira. Funcionário há mais de 30 anos, o garçom Moisés Ferreira Costa lembra com bom humor de vários casos. Em uma noite, pediram uma porção de azeitonas verdes e ele esqueceu de anotar o pedido na hora. "O cliente me perguntou porque estava demorando e eu disse que estavam tirando o caroço das azeitonas", conta. O cliente, então, falou que as azeitonas podiam ser servidas com caroço mesmo e, como o pedido não chegava, veio a segunda desculpa. "Agora estão voltando o caroço para a azeitona."


 



Palavras Chave Encontradas: Criança
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