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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 01-02-2018 - 07:32 -   Notícia original Link para notícia
Desemprego recorde

País tem maior taxa média de desocupação desde 2012. Expectativa é de retomada com emprego formal



Ainda que a recessão tenha ficado para trás, o desemprego continuou subindo no ano passado. A taxa média de desocupação saltou de 11,5% para 12,7%, a maior parcela da força de trabalho desempregada desde que o IBGE iniciou a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Mensal (Pnad), em 2012. Desde o início da crise, em 2014, 6,5 milhões de postos de trabalho foram fechados, e a maior parte das poucas vagas criadas foi sem carteira ou por conta própria. Ao fim do ano passado, 12,3 milhões de pessoas procuravam emprego no país, informou o IBGE ontem.



A boa notícia, segundo analistas, é que os dados do quarto trimestre de 2017 indicam que o pior já passou, e 2018 deve registrar aumento da oferta de vagas formais. Ao longo do ano de 2017, a taxa de desemprego chegou a 13,7% no período entre janeiro e março. Depois disso, vem recuando, graças a ocupações precárias. No último trimestre, ficou em 11,8%, quando foi registrada a primeira queda, na comparação com igual período do ano anterior, desde outubro de 2014.



- A taxa de desocupação é alta ainda, mas com mais gente ocupada em relação ao quarto trimestre de 2016. Ainda que o emprego esteja mais centrado na informalidade, a renda média e a massa salarial estão subindo. Uma economia que cresce com mais força, como deve ocorrer com o Brasil em 2018, gera vagas de melhor qualidade - avalia Thiago Xavier, economista da Consultoria Tendências, que projeta taxa de desemprego médio de 12,4% este ano, caindo para 11,6% em 2019.



O contingente de pessoas trabalhando em áreas mais ligadas à informalidade cresceu. O número de trabalhadores no setor de alojamento e alimentação avançou para 5,140 milhões, enquanto o de empregados domésticos - que caiu em anos passados como sinal da qualidade do mercado - subiu para 6,127 milhões.



Já analistas ouvidos pela Bloomberg projetam taxa de 12% para a média deste ano, recuando para 10,9% em 2019. INDÚSTRIA JÁ REAGE COM VAGAS Segundo Xavier, apesar da previsão de aumento de vagas este ano, a taxa não cederá consideravelmente em relação à média do ano passado. A economia mais aquecida levará mais pessoas a procurarem emprego, incluindo as que tinham desistido de buscar uma oportunidade, pressionando o mercado. Isso impedirá uma queda mais forte na taxa de desemprego.



Segundo economistas, setores como indústria -, que a partir do segundo trimestre de 2017 voltou a contratar - comércio e serviços serão os principais empregadores com carteira em 2018. Estes dois últimos segmentos estão sendo impulsionados pela melhora da renda das famílias, das condições de acesso a crédito, devido aos juros mais baixos, e da redução do nível de endividamento.



Artur Passos, economista do Itaú, diz que os dados do último trimestre de 2017 mostram que a queda do desemprego está menos dependente do mercado informal. O banco prevê taxa média de 12,1% este ano e de 11,2% em 2019.



- Em 2018, a taxa só não vai ceder mais porque parte dos postos gerados com carteira serão ocupados por trabalhadores que estão na informalidade. Vai haver essa migração.



O ano de 2017 consolidou a melhora da renda: o rendimento médio voltou a crescer em relação ao ano anterior, para R$ 2.141 - mesmo valor registrado para a média do ano de 2014, pico da série histórica da pesquisa do IBGE.



Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do instituto, atribuiu a melhora à inflação menor: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de 6,29%, em 2016, para 2,95%, em 2017, e parou de corroer os salários.



- O número de pessoas empregadas voltou a reagir, mas a qualidade da ocupação ainda é precária - analisou Azeredo.



No quarto trimestre de 2017 a população ocupada foi estimada em 92,1 milhões, alta de 2% em relação ao mesmo período de 2016.







Cristiane e os milhões de brasileiros em busca de vaga



Indicada tenta assumir há quase um mês, 22% dos desempregados esperam dois anos ou mais pela recolocação no mercado



De acordo com o IBGE, 12,3 milhões de pessoas estavam à procura de emprego no fim de 2017. Durante o ano, a taxa média de desemprego saltou de 11,5% para 12,7%. Mas analistas dizem que em 2018 deverá haver aumento da oferta de vagas formais. Dados do 4º trimestre indicam que o pior já passou. Daniel Tardelli, de 58 anos, e Cristiane Brasil, a ministra do Trabalho indicada pelo presidente Michel Temer que ainda não conseguiu tomar posse, têm algo em comum: buscam trabalho. Mas as semelhanças param por aí. A deputada federal licenciada está há quase um mês recorrendo de ações na Justiça que impedem sua posse. Condenações em processos trabalhistas separam a advogada da Pasta. Tardelli também procura trabalho, mas sua espera é bem mais prolongada: são três anos em filas de desempregados. No Brasil, há quase três milhões de pessoas que procuram emprego há dois anos ou mais, o que corresponde a 22% dos desempregados. Enquanto isso, o governo mantém acéfalo o ministério que cuida de políticas de emprego. Sem poupança, durante os três anos, Tardelli ganhou seu dinheiro com alguns bicos.



- Já tive que vender coisas na rua e na praia: bala, água, cerveja. Mas, na minha idade, não tem como fazer isso todo dia. Hoje em dia, de vez em quando eu ganho um dinheiro fazendo pizza para um vizinho, um amigo, geralmente gente lá perto de casa - explica Tardelli, que é morador de Nova Iguaçu.



Na praia, Cristiane Brasil também agiu para conseguir a vaga ministerial. Gravou vídeo ao lado de amigos com trajes de banho em uma lancha, afirmando que iria provar que estava certa no caso dos motoristas contratados sem carteira assinada.



Tardelli não frequenta lugares tão aprazíveis para tentar se empregar. Sua rotina tem sido na fila do Sistema Nacional de Empregos (Sine), no Centro do Rio. As dificuldades de Tardelli para conseguir emprego são a crise, a idade e a pouca formação. Ele chegou a iniciar os estudos na faculdade de Direito, mas trancou por falta de condições financeiras. A dificuldade de Cristiane se resume a não ter cumprido a lei. (*) Estagiário sob supervisão de Daiane Costa



Previdência: no ano passado, menos um milhão contribuiu



Queda reflete desemprego maior em 2017. Temer fará 'esquenta pré-carnaval' em prol da reforma



-RIO E BRASÍLIA- O aumento do desemprego e da informalidade fizeram o Regime Geral da Previdência, operado pelo INSS, perder um milhão de contribuintes no último ano, caindo de 59,2 milhões de pessoas, em 2016, para 58,11 milhões, em 2017, segundo dados da Pnad. Os números dizem respeito às médias de cada ano.



Segundo especialistas, essa queda no número de contribuintes ajuda a agravar o déficit da Previdência, mas não é o principal fator. O maior problema seria o aumento desenfreado de beneficiários.



- Há uma questão demográfica que faz com que a população idosa cresça 4% ao ano em descompasso com o PIB, e regras para acesso ao benefício que propiciam que as pessoas se aposentem muito jovens. A reforma da Previdência é necessária justamente para frear esse acesso precoce ao aumentar a idade mínima - analisa Pedro Schneider, economista do Itaú.



O secretário de Previdência, Marcelo Caetano, disse que o comportamento do mercado de trabalho em 2017 influenciou as receitas com as contribuições previdenciárias - que ficaram muito aquém das despesas com pagamento de benefícios no regime de previdência dos trabalhadores do setor privado (INSS). Enquanto a arrecadação subiu 1,6% em termos reais (considerando a inflação), o gasto com os benefícios teve alta de 6,7%. No ano passado, o governo arrecadou R$ 377,6 bilhões e desembolsou para os segurados R$ 561,5 bilhões - o que resultou em um rombo de R$ 183,9 bilhões.



De acordo com Caetano, ainda que a atividade econômica se recupere e gere mais empregos, isso não será suficiente para resolver o problema da Previdência, porque ele é estrutural e está relacionado com o processo acelerado de envelhecimento da população brasileira:



- A recuperação do mercado de trabalho não será suficiente para resolver o problema da Previdência e, por isso, a reforma é fundamental.



MAIA PODE TIRAR REFORMA DA PAUTA



O presidente Michel Temer vai se concentrar, até a próxima quinta-feira, dia 8 - véspera do carnaval -, em uma ofensiva política, apelidada por aliados de "esquenta de pré-carnaval", pela aprovação da reforma da Previdência. A ideia é conversar com deputados da base e dirigentes dos partidos aliados e ver se será possível votar a matéria na Câmara ainda em fevereiro. Caso isso não aconteça, Temer já admite a possibilidade de votar a proposta no início de março.



A falta de apoio à reforma no Congresso pode levar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a cancelar a votação. A interlocutores, ele tem dito que, o tema só ficará na pauta de 20 de fevereiro se o governo contar com algo perto de 308 votos, como 290 ou 300 parlamentares favoráveis à proposta do Executivo. Maia só tomará uma decisão às vésperas da votação.


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