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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 26-01-2018 - 07:31 -   Notícia original Link para notícia
Com rombo na Previdência, dívida pública vai beirar R$ 4 tri em 2018

País terá de emitir R$ 108 bi em títulos para cobrir déficit no Orçamento



-BRASÍLIA- Sem perspectivas de o país equilibrar as contas públicas e voltar a economizar, a dívida pública brasileira pode beirar R$ 4 trilhões este ano. As apostas refletem o descontrole dos gastos correntes, principalmente, por causa da Previdência Social. Na previsão do Tesouro Nacional, só para cobrir o rombo no Orçamento deste ano, o Brasil se endividará em mais R$ 108,4 bilhões, sem contar todos os outros compromissos: 65% desse dinheiro devem ir para cobrir o buraco no sistema de aposentadorias.





Nas contas dos técnicos do Ministério da Fazenda, o país deve emitir cerca de R$ 32,3 bilhões de papéis da dívida pública apenas para pagar benefícios rurais. Já R$ 24,7 bilhões serão captados para arcar com benefícios urbanos. Há, ainda, a projeção para aumentar o endividamento para bancar a Previdência dos militares e a compensação do Regime Geral de Previdência. SÓ R$ 5,4 BI PARA INVESTIMENTO Somente os gastos com a Previdência devem significar aumento de R$ 71,2 bilhões do endividamento brasileiro. Na teoria, o Brasil deveria tomar empréstimos para fazer investimentos, mas o planejamento do Tesouro Nacional mostra que a maior parte do que será enviado de recursos tomados no mercado para o Orçamento será para arcar com despesas correntes.



O dinheiro será consumido com pagamento de pessoal ativo da União, subvenções econômicas e até complementação do Fundeb, o Fundo Nacional de Educação Básica, que compensa gastos que os estados não conseguem fazer. Apenas R$ 5,4 bilhões serão destinados para investimentos.



Ao todo, a necessidade de financiamento do país é de R$ 637,5 bilhões neste ano. Isso inclui os compromissos da própria dívida pública, de R$ 710,7 bilhões de papéis que vencem e que devem ser resgatados e juros que serão pagos. Com isso, a programação do Tesouro é que a dívida fique entre R$ 3,78 trilhões e R$ 3,98 trilhões. No ano passado, esse número bateu recorde ao subir 14,3% e chegar a R$ 3,56 trilhões.



Em 2017, entretanto, a secretaria do Tesouro não divulgava o detalhamento de para onde ia cada parte do endividamento. Agora, prestes a votar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, o Ministério da Fazenda deixou claro o quanto aumenta a dívida pública para financiar o rombo do sistema de aposentadorias.



Indagada se isso não seria admitir que haveria uma quebra da "regra de ouro" (que diz que o estado não pode se endividar para pagar despesas do dia a dia, e pode aumentar o endividamento apenas para investir), a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, disse que a regra é cumprida no geral. No entanto, admitiu que a situação é cada vez mais difícil, por causa do déficit da Previdência Social:



- (O ano de) 2018 é um desafio. Isso aqui indica que o tamanho do déficit da Previdência é crescente. Será uma restrição viva e clara nos próximos anos. DÍVIDA CRESCENTE ATÉ 2021 A secretária apresentou projeção de estabilização da dívida pública nos próximos anos. Pelos cálculos do Tesouro, o endividamento bruto em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) deve passar de 74,4% para 74,8% neste ano, saltar para 78,9% em 2021 e depois desacelerar. Perguntada se essa perspectiva levava em consideração a aprovação da reforma da Previdência, ela disse que não diretamente. As estimativas incluem a manutenção da regra do teto de gastos públicos.



- Mas, sem a reforma da Previdência, em poucos anos, não conseguiríamos cumprir a regra do teto - alertou.



Ela salientou que países em desenvolvimento têm dívida bruta em torno de 48% do PIB, enquanto o Brasil caminha para 80% do PIB:



- Esse dado revela o quão elevado é nosso padrão.


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