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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 26-01-2018 - 07:38 -   Notícia original Link para notícia
Varejo brasileiro começa a usar 'lockers' de olho em segurança

Sistema permite entregas em armários. Economia de frete é um atrativo


Comprar on-line e retirar a encomenda em um armário instalado em ponto estratégico da cidade. Assim funciona a entrega por meio dos chamados lockers, modelo popular nos EUA e na Europa, que começa a ganhar fôlego no Brasil neste ano. Na experiência internacional, a ideia é reduzir custos de frete e oferecer mais conveniência a cliente. Por aqui, as varejistas têm um incentivo a mais para adotar o sistema: driblar dificuldades impostas pela falta de segurança pública, que muitas vezes impede que o produto chegue diretamente à casa do cliente. O problema é particularmente grave no Rio, onde, segundo um estudo da Firjan, os 10.599 roubos de carga registrados em 2017 causaram um prejuízo de R$ 607,1 milhões.


DIVULGAÇÃOExperiência. Armário instalado em posto de combustíveis em São Paulo


A expectativa do setor é que a tecnologia deslanche após a Via Varejo, dona das Casas Bahia e do Pontofrio, iniciar seu projetopiloto em São Paulo. A empresa instalou quatro armários na capital paulista e planeja para o mês que vem estrear operação no Rio. A ideia é que os pontos de coleta fiquem em locais de grande circulação. Em São Paulo, a varejista opera em parceria com os postos Ipiranga, que abrigam os armários. O cliente que opta por esse método de entrega recebe um código para retirar o pacote no armário escolhido. Há uma restrição de tamanho: TVs muito grandes, de mais de 50 polegadas, por exemplo, não cabem nos compartimentos.


- O que está definido é que o Rio de Janeiro será a segunda cidade que receberá o serviço, e a velocidade dessa extensão vai depender da maturidade dos testes que estamos realizando - explica Flavio Salles, diretor de multicanalidade da Via Varejo. SETOR DE LOGÍSTICA INVESTE Segundo especialistas, a ideia é que os lockers ajudem a mitigar entraves, como a dificuldade de entrega nos chamados "CEPs do inferno", onde as transportadoras não vão por causa da violência. A modalidade é um desdobramento do sistema "clique e retire", em que é possível comprar on-line e pegar o produto em uma loja física. A diferença é que os armários ampliam os possíveis pontos de coleta para além da rede de lojas.


- Os lockers são uma tendência para implantar o omnichannel (integração entre operações on-line e físicas), independentemente da questão da segurança. É economia de frete. No e-commerce, o que tem de mais caro é a última milha até a porta do cliente. No Brasil, além de tudo, é uma solução para os consumidores que vivem em regiões com restrição. O locker é uma alternativa interessante de entrega para qualquer cidade que tenha zona de risco - avalia a especialista em varejo Ana Paula Tozzi, diretora executiva da AGR Consultores.


Eduardo Peixoto, diretor de Produtos e Qualidade da empresa de logística Total Express, concorda. E lembra que o sistema é uma alternativa às agências dos Correios, que só funcionam em horário comercial.


A Total é a distribuidora parceira da Via Varejo no projetopiloto de lockers. Segundo o executivo, no entanto, a exclusividade com a empresa se restringe ao projeto-piloto. Ele conta que já há interesse de outras varejistas na modalidade:


- Já há outras empresas, como Magazine Luiza e Netshoes, interessadas.


Procurada, a Magazine Luiza informou que não opera com lockers, mas usa o sistema de clique e retire nas cidades onde tem loja. Os pedidos de entrega pela modalidade cresceram 250% de janeiro a setembro, segundo o balanço mais recente.


A Netshoes também não revelou planos de usar armários. A empresa destacou ter uma parceria com os Correios, que permite que consumidores retirem produtos nas agências.


Apesar de outras varejistas não confirmarem planos, o setor de logística já se movimenta. A Inpost, que opera os armários usados pela Via Varejo, planeja investir até R$ 30 milhões no país nos próximos anos. A empresa faz parte de um grupo multinacional que opera sete mil terminais em 22 países. No ano passado, a companhia experimentou o modelo com outras marcas, como a fabricante de produtos eletrônicos Canon e a joalheria Pandora Joias. Mas aposta mesmo é na entrada dos grandes nomes do varejo para ver o segmento crescer.


- Na França, demorou uns dois anos (para consolidar). Quando o primeiro nome grande adotou, foi um efeito dominó - conta Marco Beckowski, sócio da Inpost do Brasil. MODELO EXIGE ADAPTAÇÕES Concorrente da Inpost, a carioca Easypost também aposta no crescimento do mercado. A empresa é parceira de varejistas como a Decatlhon. Hoje, opera 20 terminais de lockers no Rio e em São Paulo. A principal aposta é na parceria com uma empresa de logística, que permitirá incluir 115 novas lojas em seu sistema.


- O plano para 2018 é expandir para centenas de terminais no Rio e em São Paulo - afirma João Mendes Neto, diretor-executivo da Easypost.


Para Gabriel Drummond, diretor da empresa de logística Intelipost, o modelo tem potencial, mas exige adaptações.


- Os consumidores não estão acostumados, além de lojas e transportadoras não estarem prontas. Estamos falando de investimento grande para implantar. Mas, uma vez implantado, vai ser muito conveniente para algumas pessoas - avalia.


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