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Isto é Dinheiro online ( Colunas ) - SP - Brasil - 20-01-2018 - 11:05 -   Notícia original Link para notícia
A volta por cima do Super Mario

Com o lançamento do videogame Switch, a Nintendo renasce mais uma vez, bate recordes de vendas e vê seu valor aumentar em 66% em três meses



Na liderança: o personagem Mario Bros, da Nintendo, retorna à velha forma (Crédito: Divulgação)


Durante décadas, os jogadores da franquia de jogos de videogame Super Mario se divertiram controlando um dos mais icônicos mascotes já criados. Trata-se de um encanador italiano de bigode avantajado que subia e descia por canos e lutava contra um exército de inimigos com o objetivo de salvar uma princesa sequestrada. Assim como Mario, a Nintendo vinha desde os anos 2000 tentando encontrar uma luz no fim do túnel - ou do cano - em que se meteu. Ofuscada nas últimas décadas por Sony e Microsoft, que são inimigos muito mais aterrorizantes do que tartarugas e fantasmas, a companhia japonesa mostrou em 2017 que tem tudo para voltar a vencer.


No ano passado, a Nintendo lançou o Switch, o primeiro console híbrido já desenvolvido. Em apenas 10 meses, ele teve 15 milhões de unidades comercializadas. Além de ter superado as vendas de seus principais rivais, o PlayStation 4, da Sony, e o Xbox One, da Microsoft, ele se tornou o videogame mais rapidamente vendido da história. O recorde de vendas é apenas um dos números que ilustram esse novo renascimento da Nintendo. De 20 de outubro de 2016, quando o Switch foi lançado, até o fechamento desta edição, na quinta-feira 18, o valor de mercado da companhia teve alta de 66%, passando de US$ 30,4 bilhões para US$ 50,64 bilhões.


Híbrido: o Switch pode ser um console portátil (como na foto acima) ou de mesa, como o de seus principais rivais, que são conectados aos televisores (Crédito:Divulgação)


O que explica esse salto? Ao contrário de seus concorrentes diretos que apostam na potência gráfica dos jogos, a proposta do Switch se baseia na portabilidade. Não se engane, ele ainda entrega imagens caprichadas com cores nítidas e brilhantes que não deixam a desejar em relação aos videogames de Sony e de Microsoft. Seu diferencial é o fato de ser híbrido. Ele funciona como um console tradicional, ligado ao televisor. Mas também pode ser portátil e pode ser levado para qualquer lugar. Isso só é possível por ele contar com uma tela de 6,2 polegadas que pode ser conectada a dois joysticks. O controle também pode ser dividido em dois, permitindo jogar em dupla. "O Switch foi um fator decisivo para a volta por cima da Nintendo", afirma Jon Erensen, analista da consultoria Gartner. "Ele ainda será a grande aposta da companhia para esse ano."


Não é a primeira vez que a Big N, como é conhecida a Nintendo, recorreu à inovação para salvar sua própria pele depois de períodos ruins. A primeira delas foi em 2006. Após quase duas décadas de sucesso com os consoles NES, Super NES e Nintendo 64, e os portáteis Game Boy e DS, a empresa viu o declínio de seu negócio começar em 2000. Na época, a compatriota Sony lançou o PlayStation 2 e a Microsoft deu início a sua operação de games com o primeiro Xbox. O sucesso dos rivais fez o preço das ações da desenvolvedora do Super Mario cair 71% em 2003. A resposta foi o lançamento do Wii, o primeiro videogame que trazia sensores de movimento que funcionavam de forma satisfatória. O aparelho teve 101,63 milhões de unidades vendidas desde então, de acordo com a empresa de pesquisas Statista. "O Wii representou a primeira grande reviravolta para a Nintendo", diz Rob Enderle, analista da consultoria Enderle Group. "Foi um produto que fez a companhia se destacar contra a Sony e a Microsoft."


Em 2010, os rivais acordaram e a Nintendo mais uma vez entrou em declínio. A Microsoft, que travava uma briga particular com a Sony, lançou o Kinect, dispositivo que era conectado ao Xbox 360, então seu principal videogame. O aparelho usava uma câmera para capturar os movimentos corporais dos jogadores e reproduzi-los nos jogos do console americano. Os joysticks do Wii pareciam ferramentas pré-históricas naquele momento. Novamente, a Nintendo tinha uma prova de fogo para encarar. Avaliada em US$ 43,55 bilhões em março de 2010, a companhia japonesa viu seu valor de mercado despencar para US$ 12 bilhões em 2015.


O novo ressurgimento da Nintendo aconteceu através dos smarphones. Ao lado da The Pokémon Company e do Google, a Big N investiu US$ 30 milhões na startup americana Niantic Labs. O dinheiro seria aplicado no desenvolvimento do jogo de celular Pokémon GO, lançado em julho de 2016. Com o uso da realidade aumentada, o título obteve faturamento de US$ 100 milhões em 20 dias e foi baixado 130 milhões de vezes somente no primeiro mês. Em setembro daquele ano, ultrapassou a marca de 500 milhões de downloads.


Apesar de não ter desenvolvido o jogo, a Nintendo é dona de 32% da propriedade intelectual da marca Pokémon. Por isso, teve direito a parte dos lucros. Na primeira semana de jogatina, o valor de mercado da fabricante japonesa dobrou, passando para US$ 34,45 bilhões. "Investir em jogos para dispositivos móveis foi essencial para expor a marca a uma nova geração de consumidores", afirma Erensen, do Gartner. Agora, com o Switch, o Super Mario voltou a brilhar. Se continuar assim, a Nintendo sabe que a única coisa que vai entrar pelo cano será o seu mais famoso personagem.



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