O preço de uma pasta com abas e fechamento com elástico pode variar até 540% nas papelarias de Belo Horizonte e Contagem. Os valores vão de R$ 2 a R$ 12,90. No caso da lapiseira Pentel 0,5 mm, a diferença de preço bate a casa dos 406% (de R$ 5,90 a 29). E para encapar os cadernos é possível encontrar o mesmo tipo rolo plástico custando de R$ 0,70 a R$ 3,90 - variação de 457%.

Os dados, disponíveis no site Mercado Mineiro a partir de levantamentos feitos entre 4 de janeiro e ontem, apontam a necessidade de os pais fazerem grande trabalho de pesquisa antes de sair às compras.

"Basicamente, é essencial planejar. Além da pesquisa de preços, os pais devem fazer uma lista do que é preciso ser comprado imediatamente e ver o que pode ser adquirido ao longo do ano. Nesta época há uma grande pressão sobre os preços e dificilmente é possível conseguir um desconto considerável. Já ao longo do ano é possível conseguir preços melhores", diz o coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira.

No caso do que é indispensável no momento, ele sugere a compra coletiva entre vários pais como caminho para estabelecer negociações com os lojistas. Além disso, a compra e a troca de livros usados têm se tornado cada vez mais forte nos últimos quatro anos.

"E, claro, não leve os meninos na papelaria. Já tive problema na minha própria casa. Eles sempre querem os lançamentos e tudo de novo. Na hora das compras, o melhor é deixar o lado emocional em casa e levar o racional", diz, aos risos, o professor da FGV.

Aumentos

A projeção da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares é que o aumento de preços entre 2017 e 2018 seja de 8% _ quase o triplo dos 2,8% da inflação de 2017.

O vice-presidente da CDLCDL-BH, Marco Antônio Gaspar, que é dono de papelaria, prevê uma diferença um pouco menor, de 5%. Segundo ele, uma das principais influências no preço dos produtos é a flutuação do dólar e o impacto dele na cotação do papel. "O reajuste do papel sempre chega um pouquinho atrasado. O dólar oscilou nos últimos anos, levando a um aumento nos produtos que pode ser observado agora", diz Gaspar.

Livros usados e trocas podem reduzir custo pela metade

Uma alternativa para o consumidor diminuir o impacto do aumento do preço do material escolar é o comércio de livros usados e a troca de publicações de segunda mão.

Sócio da Savassi Livros Novos e Usados, o empresário Rogério Graciano afirma que a economia para o bolso dos pais que buscam por esse material é significativa.

"A procura é muito grande por parte dos clientes. O preço do livro usado sai de 50% a 60% mais barato que o preço do livro novo. Em uma lista que o cliente gastaria R$1 mil, ele acaba pagando por volta de R$500", calcula.

Quem corrobora com a opinião de Graciano é a turismóloga Luciana Dália. Além de buscar os livros usados, ela também utiliza a troca como estratégia para diminuir a despesa na compra do material escolar do filho que cursa o ensino fundamental.

"Todos os anos procuro os livros usados, o que ajuda muito a reduzir a conta, principalmente com o aumento recente do preço. Neste ano, como várias edições dos livros mudaram, consegui comprar apenas cinco livros usados, o que já é bom. Mas como trouxe quatro livros antigos, a loja fez um abatimento bem legal no preço final", revela.

Além da busca por livros seminovos, um outro caminho trilhado pelos clientes para conseguir melhores condições no momento da compra é pesquisar o valor do produto em diversos estabelecimentos.

Para a pedagoga Adriana Azevedo, que tem dois filhos em idade escolar, a paciência é uma grande aliada na hora de conseguir bons preço. "A gente tem que olhar com calma, pesquisar em vários lugares e analisar as formas de pagamento", diz Adriana.

Na Livraria Leitura, um dos atrativos para o consumidor é o parcelamento em até 10 vezes, independente do valor gasto. O estabelecimento oferece um brinde para o cliente que consumir a partir R$200.