Nem bem acabaram as festas de fim de ano e o comércio entra janeiro pensando em atrair os clientes com as liquidações de estoque. Com a economia dando sinais de retomada, depois de dois anos de crise econômica, lojistas e shoppings de Belo Horizonte aproveitam o que não foi vendido no Natal para oferecer descontos que chegam a até 80% . Nos malls, as liquidações se iniciam na segunda semana do mês e, no comércio de rua, já ocorrem desde o fim de dezembro.

De acordo com a economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL/BH), o ano de 2017 foi positivo para o comércio em todas as datas comemorativas, em relação ao ano anterior. "No Natal, o crescimento esperado é de 1,42%. Janeiro também deve ser positivo e a expectativa é a de que as vendas cresçam por causa das liquidações", avalia.

Alguns lojistas deram início ao "queimão" logo no dia seguinte ao Natal. No Barro Preto, a atacadista de moda feminina Babita, depois de um dezembro satisfatório, colocou as peças com até 30% de desconto para vender a coleção antiga. "As vendas no Natal só não foram melhores porque faltou estoque para algumas peças. Tivemos um aumento de 30% de demanda e 10% de vendas em relação ao ano passado. Queremos queimar o estoque até o dia 15. No nosso negócio, é o lançamento que faz diferença", explica o diretor do estabelecimento, André Soalheiro.

Na Très Chic, na praça da Savassi, as roupas femininas estão sendo vendidas com até 50% do valor original. "Janeiro é coleção nova e, como os clientes gostam de novidade toda semana, o mais importante é dar saída aos produtos antes de trocar a coleção", diz a gerente Daniela Franco.

Estratégia

Além das lojas de roupas, as óticas também entram otimistas no Verão. "Para nós, o Natal começa em janeiro, que é quando se compra mais os óculos de sol", afirma Marco Aurélio Rodrigues, responsável pela Óticas Carol, na Savassi, que dá até 70% de desconto parcelado em 10 vezes sem juros.

Na filial da Elmo Calçados, também na Savassi, a tática é surpreender os clientes que vão fazer trocas de presentes. Por isso, o queimão começou no dia 26 de dezembro. "As pessoas vêm trocar um sapato que ganharam no Natal, veem o desconto, e acabam levando outro produto", conta o gerente Flávio Gabriel.

A psicóloga Vera Lúcia Araújo, 57 anos, aproveitou a oportunidade. "O momento está difícil. Eu já ia comprar, mas esperei", diz ela, que levou um par de sapatos, que custava R$ 150 antes do Natal, por R$ 99.

Shoppings

Os consumidores belo-horizontinos também poderão aproveitar os descontos nos shoppings a partir de 11 de janeiro. Nesse dia, o Minas Shopping, na região Nordeste, dá início ao Liquidays, que vai até o dia 14, com descontos de até 70% nas lojas do empreendimento. "Esperamos um aumento no fluxo de 10% a 15%. Ainda estamos distantes de um cenário almejado por todos, mas a economia está caminhando, com a maioria dos indicadores em crescimento", projeta Fábio Freitas, gerente-geral do shopping.

Quase simultaneamente, do dia 12 ao 14, o Shopping Del Rey, na região da Pampulha, também entra em liquidação, a única do ano, com uma média de descontos entre 50% e 70%, em todas as lojas. "É uma oportunidade para as pessoas que não compraram o que desejavam no ano novo e no Natal, e para os lojistas queimarem o estoque", afirma Thâmara Zaia, gerente de marketing do Del Rey.

Já nos shoppings da Multiplan (Diamond Mall, BH Shopping e Pátio Savassi), o atrativo é a liquidação do Lápis Vermelho, que ocorre entre os dias 25 e 28 de janeiro. Segundo a assessoria da gestão de malls, o formato ainda não está definido, mas as promoções devem chegar a até 80% dos preços originais.

Retomada

Para os economistas, o momento é propício para que lojistas aproveitem do otimismo de consumidores para recuperar as perdas que ocorreram, principalmente nos últimos dois anos.

"Vivenciamos a maior crise da nossa história. Mas a economia está retomando. Esse Natal foi melhor que 2016 e 2015 no acumulado, e há uma expectativa de crescimento", analisa o economista Felipe Leroy, professor do Ibmec/MG, que ressalta que a queda na inadimplência, endividamento e a baixa inflação criam um ambiente propício para a retomada. "Tudo isso gera uma perspectiva boa para 2018", conclui.