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Estado de Minas Online ( Gerais ) - MG - Brasil - 02-01-2018 - 11:20 -   Notícia original Link para notícia
'Galeria BH' ganha novas obras

Circuito de Arte Urbana, que tem a meta de dar à capital o maior mirante do gênero no mundo, tem dois novos painéis em prédios do Centro e prepara mais seis pinturas gigantescas em 2018


Pintura que pode ser observada do Viaduto de Santa Tereza foi feita pela argentina Milu Correch



Davi Melo Santos, autor de um dos novos murais, diz que a ideia de sua obra (acima) foi representar um abraço contra o preconceito entre a Europa e a África






 


Um prédio por vez, o cinza da paisagem urbana do Centro de Belo Horizonte vai ganhando traços, e os traços, cores que têm a ambiciosa missão de dar à capital o título de dona do maior mirante de arte do mundo. Foi assim que um abraço colorido se estendeu sobre a lateral do Edifício Príncipe de Gales, na Rua dos Tupinambás, 179. No mesmo ritmo, duas mulheres dançam sua liberdade na Rua dos Tupis, 70, chamando a atenção e levando muita gente a fazer uma pausa no corre-corre da região para contemplar as imensas telas. As duas novas obras, recém-finalizadas, fizeram parte da edição especial do Circuito Urbano de Arte (Cura), como forma de homenagear os 120 anos da cidade. Depois que quatro painéis transformaram a paisagem em julho de 2017, em dezembro as outras duas já ganharam forma e cor. Todas as obras podem ser apreciadas a partir da vista da Rua Sapucaí, no Bairro Floresta, na Região Leste de Belo Horizonte, com direito a iluminação das 20h à 0h. E o melhor é que o Cura, que chegou no ano passado, dá mostras de que veio para ficar - e crescer: para este ano já estão previstas outras seis iniciativas para enfeitar ainda mais a paisagem urbana.

A ideia de fazer as pinturas surgiu pelo olhar da artista visual Priscila Amoni e das produtoras Juliana Flores e Janaína Macruz. Onde a maioria avistava apenas paredes cinzentas e sem graça, elas vislumbraram telas que apenas aguardavam desenhos. Com o sonho de que a capital se torne referência internacional no conceito de arte urbana, o trio concebeu o Cura em julho. "Nosso intuito é transformar o mirante da Sapucaí no maior mirante de arte do mundo", disse Juliana. E 26 prédios já foram mapeados para ganhar telas. Na segunda quinzena de julho, mais meia dúzia deles deve se juntar aos seis já pintados em 2017, expandindo a galeria. A nova fase deve contar com dois artistas mineiros, dois de outros estados e dois internacionais.

Para a edição extra do aniversário da cidade foram escolhidos o artista mineiro Davi Melo Santos, considerado uma lenda da street art, e a argentina Milu Correch, representante do novo muralismo. "A ideia foi criar a Europa abrancando a África, o negro abraçando o branco. Um abraço de todos os povos, sem qualquer distinção de etnia; um abraço contra o preconceito de todas as maneiras. O dia e a noite retrataram o contraste", contou Davi, em frente à sua obra. A imagem, que propõe uma reflexão sobre o universo interior e transmite harmonia a quem a observa, foi um desafio para o artista. "É a maior empena que já fiz. Já havia pintando prédios de até três andares quando morei fora, mas encarar os 18 andares dessa tela foi bem difícil", contou o grafiteiro.

PODER FEMININO A argentina Milu Correch optou pela imagens de duas mulheres dançando nuas em um muro pichado, tendo como moldura um cartão-postal da capital mineira: os arcos do Viaduto Santa Tereza. Por meio de uma técnica clássica de pintura, a artista mostra o quanto o espírito feminino está fortalecido. Não por coincidência, o Cura coleciona as três mais altas telas da América Latina feitas por mulheres. "O circuito, desde o início, preza pela bandeira da participação feminina. Existem muitas artistas de qualidade que precisam de espaço. Mas, em geral, a arte urbana ainda é dominada pelos homens. Não as chamamos por serem mulheres, mas porque são artistas de qualidade. A diversidade e a igualdade de gênero sempre nos norteou. Além do maior mirante, queremos fazer a maior coleção de murais pintados por mulheres", afirmou uma das idealizadoras do Cura, Juliana Flores.

Com a pintura de uma mulher de corpo inteiro no Edifício Hotel Rio Jordão, Priscila Amoni também retratou o poder feminino, principalmente o das negras, que para ela são as mais prejudicadas socialmente. No desenho, as plantas carregadas nas mãos e na cabeça pela personagem retratam os desejos da artista para a cidade. "A dracena representa força, o alecrim, a alegria, a lavanda, calma, e a maranta, beleza. Para mim, a pintura é uma forma de oração, uma forma de amor", diz Priscila. Já a muralista Marina Capdevilla escolheu a paisagem belo-horizontina para pintar o Edifício Trianon com elementos tipicamente nacionais como um cocar indígena, o pandeiro, instrumento que dá ritmo ao samba, uma máscara de carnaval e um chapéu ao estilo Carmen Miranda.

O coletivo Acidum Project, de Fortaleza, formado por Robezio Marques e Tereza DeQuinta, se inspirou em aspectos da cidade como sons, sabores, ideias e cores, para incorporar seu mural, no Edifício Rio Tapajós. Para completar a lista, um dos murais mais comentados nas ruas e nas redes sociais: o que retrata as imagens das mascotes do Clube Atlético Mineiro e do Cruzeiro, o galo e a raposa, no Edifício Satélite. A inspiração para o trabalho surgiu quando Thiago voltou de um festival na Rússia, cujo tema eram lendas e mitos. Lá, conheceu contos e fábulas e, entre eles, uma que envolvia a raposa e o galo e a eterna rivalidade entre os animais.


ILUMINAÇÃO Na noite do último dia 17, ocorreu a inauguração da iluminação permanente das obras. As organizadoras do Cura pontuam que, como o mirante da Rua Sapucaí se tornou um "point" noturno, nada mais apropriado que os painéis fossem iluminados, para que pudessem  ser admirados também à noite. O evento foi celebrado com queima de fogos e apresentação de DJs no corredor cultural que une os viadutos de Santa Tereza e da Floresta - que há alguns anos vem sendo revitalizado, com a instalação de restaurantes e, graças ao Cura, tem ficado conhecido também como o primeiro mirante de arte urbana do mundo.


 


Estreantes

» Edifício Príncipe de Gales
Rua dos Tupinambás, 179
Artista: Davi Melo Santos (DMS)

» Garagem São José
Rua dos Tupis, 70
Artista: Milu Correch


veteranas

» Edifício Tapajós
Avenida dos Andradas
Artistas: Tereza Dequinta e Robézio Marqs (Acidum Project)

» Edifício Satélite
Rua da Bahia
Artista: Thiago Mazza

» Edifício Trianon
Rua da Bahia
Artista: Marina Capdevilla

» Hotel Rio Jordão
Rua Rio de Janeiro
Artista: Priscila Amoni


 


Prefeitura faz concurso para mais 40 murais


 


A Prefeitura de Belo Horizonte lançou o edital do Concurso Gentileza, que vai selecionar propostas de murais de arte urbana. As inscrições vão até 31 de janeiro, no site da PBH (https://prefeitura.pbh. gov.br/estrutura-de-governo/cultura/
gentileza). Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, serão selecionadas 40 propostas de murais de arte urbana apresentada por artistas individuais, grupos ou coletivos artísticos. O objetivo é difundir a arte urbana pelas regionais da cidade, além de reconhecer ações neste âmbito no município. Serão aceitas propostas de técnicas como grafite, estêncil, pintura livre, sticker, lambe-lambe e muralismo.

A prefeitura informa que cada proposta selecionada receberá um prêmio de R$ 7,5 mil e autorização para executar a obra em espaço público ou privado de acesso público irrestrito. O montante total disponibilizado para o concurso será de R$ 300 mil. As propostas serão selecionadas por uma comissão composta por seis membros indicados pela Secretaria Municipal de Cultura.

Os critérios serão histórico de realizações, portfólio e currículo; exemplaridade da proposta, dimensões compatíveis e originalidade da obra; grau de singularidade do local indicado para o mural artístico; facilidade de acesso pelo público; e forma da expressão cultural, considerando a diversidade de linguagens artísticas. O nome do projeto remete a José Datrino (1917-1996), conhecido como Profeta Gentileza, que percorria as ruas do Rio de Janeiro deixando inscrições nas paredes que falavam de paz, amor e cordialidade entre as pessoas.



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