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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 01-01-2018 - 06:54 -   Notícia original Link para notícia
Controle de gastos é essencial para equilibrar orçamento

Resista à tentação das promoções para não engrossar estatísticas de inadimplência, dizem especialistas





-SÃO PAULO- É quase impossível resistir às liquidações de janeiro. Em fevereiro, você faz as contas para ver se é possível viajar no carnaval. Nos meses seguintes, também não vão faltar promoções e ofertas de bens e serviços que podem comprometer uma (boa) parte da sua renda. Tudo isso, em um cenário de juros mais baixos, inflação sob controle e volta do emprego, pode levar a um consumo desenfreado e ao endividamento sem necessidade. Por isso, especialistas recomendam controlar o orçamento e dosar bem cada compra ao longo do ano.









Há motivo para tanta cautela. O número de inadimplentes (aqueles com dívidas vencidas há mais de 90 dias) no Brasil passa dos 61 milhões, e boa parte deles está em listas de cadastro negativo devido ao descontrole financeiro. Ou seja, gastam mais do que recebem. Claro, o desemprego contribuiu para isso, mas o universo de pessoas sem trabalho é bem menor: 12,6 milhões.





Segundo especialistas, como ficar sem consumir ou não fazer dívidas é quase impossível, a saída é saber o quanto gastar e quando tomar um empréstimo ou fazer parcelamentos. E, junto com tudo isso, ter uma reserva financeira para eventuais contratempos.





- As promoções sempre vão existir. Mas você tem de aproveitá-las quando precisa daquele bem, não comprar algo apenas porque está em promoção - explica o educador financeiro André Bona.





A mesma lógica vale para dívidas, incluindo aí o parcelamento do cartão. Quem recorre a essa alternativa está usando um dinheiro que ainda não ganhou e assumindo um risco de não ter como quitar essa dívida no futuro.





- Se o uso desse parcelamento ocorrer de maneira desregrada e houver um imprevisto, que nem precisa ser o desemprego, essa pessoa não vai ter sobra de recursos no orçamento, porque está tudo comprometido com dívidas - diz Bona.





Em sua avaliação, mesmo o parcelamento sem juros deve ser evitado. Mas, se não houver outra saída, que seja usado na compra de bens de maior durabilidade, como eletrodomésticos:





- Não faz sentido parcelar as compras do supermercado, porque esse é um gasto recorrente. Mas, quando necessário, ele pode ser utilizado para gastos não recorrentes, como a compra de móveis para a casa, que vão durar alguns anos.





O brasileiro compromete com o pagamento de dívidas bancárias 41,4% de sua renda, incluindo aí os gastos com financiamentos imobiliários - sem estes, o endividamento fica em 23%. O dado do Banco Central, porém, não inclui outros compromissos financeiros, como o pagamento de contas de consumo. 'PROBLEMA DO BRASILEIRO É NÃO TER RESERVA' Então, para passar longe da lista de superendividados, ou mesmo para não ficar inadimplente, a recomendação é controlar seus gastos. Especialistas apontam, porém, o hábito do brasileiro de superestimar suas receitas, como considerar seu rendimento bruto (sem o Imposto de Renda e outros abatimentos) e subestimar as despesas.





Para não cometer este erro, a dica é, por um mês, fazer o registro de tudo o que é gasto e de todos os recursos que entram na conta corrente ou no bolso. Sabendo o que se gasta e o que se ganha, fica mais fácil visualizar quais são as grandes despesas que podem ser reduzidas, as compras que têm prioridade e quanto deve ir para a reserva financeira.





Reinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista, no YouTube, considera que o grande problema do brasileiro é a falta de autonomia financeira, decorrente do descontrole entre gastos e receitas:





- O problema do brasileiro é não ter uma reserva estratégica. Em qualquer eventualidade, fica sem dinheiro. Ele faz as contas olhando só o mês seguinte, mas é preciso olhar mais à frente e se planejar - assegura.





Quanto à reserva financeira, diz, o ideal é que seja o equivalente a três salários da pessoa, ou, no mínimo, a um salário.





- É preciso fazer essa reserva. Se não conseguir, é porque é hora de reduzir as despesas. Ter um padrão de vida compatível com o que se ganha - afirma Domingos.





Para quem está inadimplente, a dica é usar 70% do salário para os gastos mensais, 20% para o pagamento da dívida e 10% para a reserva estratégica. Se a dívida está em atraso há muito tempo - por exemplo, há mais de um ano -, a recomendação é juntar os recursos para pagá-la à vista, com desconto.





Para os educadores financeiros, controlar gastos é importante porque o aumento do otimismo do consumidor pode levar a gastos desnecessários.





- Há perspectiva de melhora gradativa no varejo e, aos poucos, o consumidor passa a ter uma percepção de mais otimismo no cenário econômico, reflexo da queda na taxa de juros e do desemprego - diz César Fukushima, economista-chefe da Mastercard Advisors.


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