Grande BH enfrenta tempestade no penúltimo dia do ano, com inundações que deixaram moradores em alerta perto de cursos d'água como o Arrudas. Hoje deve voltar a chover forte

Em pouco mais de uma hora de chuva, pontos de alagamento deixaram carros ilhados em vários locais de BH

No Bairro Santa Terezinha, moradores denunciam que água de estação da Copasa volta pelas bocas de lobo. Na Avenida Heráclito Mourão de Miranda, encosta do canal cedeu

Depois de dias de tempo firme e muito calor, voltou a chover forte em Belo Horizonte e cidades  da região metropolitana. Na tarde de ontem foram registradas pancadas em todas as regionais de BH, com alagamentos de vias e imóveis, pessoas ilhadas, desabamento de muro de arrimo, queda de árvore e carros arrastados. Entre as 14h30 e as 15h50, o Corpo de Bombeiros recebeu 16 chamadas e a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec/BH) atendeu a seis casos. Para o último dia do ano, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de mais pancadas de chuvas.

Transbordamentos de cursos d'água, principalmente o Ribeirão Arrudas, levaram a Defesa Civil da capital a emitir nove alertas para que motoristas e pedestres evitassem transitar em áreas de risco. A possibilidade de que a Avenida Tereza Cristina, na Região Oeste, fosse completamente inundada pelo Arrudas levou ao fechamento da via em alguns pontos, principalmente no Bairro da Indústrias, no Barreiro, onde deságua o Córrego Ferrugem. De fato, no trecho a correnteza ultrapassou a calha do ribeirão, mas sem registro de maiores problemas. A interdição da avenida por agentes da BHTrans e Defesa Civil faz parte do plano de contingência do município.

Foram vários os alagamentos na capital. De acordo com os bombeiros, na Praça do Peixe, no Bairro Lagoinha, na Região Noroeste de BH, a água subiu rapidamente e deixou quatro pessoas ilhadas. Ao longo da Avenida Heráclito Mourão de Miranda (Atlântida), na Pampulha, as águas do Córrego Ressaca saíram da calha e inundaram a pista, principalmente nos cruzamentos das avenidas Tancredo Neves e Santa Terezinha.

O Bairro Santa Terezinha, na Pampulha, foi um dos mais castigados pelos alagamentos. Um dos locais críticos, em que imóveis e carros foram invadidos pela água, foi entre as ruas Chapada do Norte, Elmar, Cristiano Otoni e Piau. "Aqui sempre foi complicado e como se pode ver, além de as portas ficarem bem acima dos passeios, temos portas de emergência para conter inundações. Há algum tempo, desde que fizeram a limpeza de bueiro, não víamos as águas subirem cerca de um metro, o que era comum no passado", disse o comerciante Gil Oliveira, que tem uma mercearia na Chapada do Norte.

No Bandeirante 2, vizinho ao Santa Terezinha, do outro lado do Córrego Sarandi, a Rua Sebastião Antônio Carlos, entre Avenida Professor Clóvis Salgado e Rua Professor Alberto Deodato, foi tomada pelas águas. O analista de sistemas Carlos Valentim Andrade, de 47 anos, viu sua viagem de réveillon frustrada quando o carro em que seguia com sua mulher, a filha de 7 anos e uma amiga da família foi arrastado pela correnteza. "A água subiu rapidamente, não deu tempo de sair. Estragou nosso fim de ano", afirmou ele, que recebeu ajuda de moradores locais para retirar seu Fiat Siena da inundação. O carro teve que ser rebocado. "É uma vergonha este tipo de situação. A gente paga todos os impostos e quando saímos em Belo Horizonte com qualquer chuva é sempre a mesma coisa", desabafou Carlos.

Os alagamentos na rua são comuns, como conta o empresário do ramo de transportes Teodoro Martins Santos, de 70. Ele é dono de uma empresa de ônibus fretados, que tem garagem na via, onde também mora com a família. "Infelizmente é constante. O pior é que essa água vem da estação de tratamento da Copasa. Além do problema da inundação e alagamento, vem provocando transtornos por causa da poluição", contou Teodoro, apontando para a boca de lobo de onde jorravam jatos escuros. Ele diz que já ligou várias vezes para a companhia e se encontrou com representantes, mas nenhuma solução foi encontrada.

Em Contagem, segundo relatos do Corpo de Bombeiros, pelo menos sete carros foram arrastados na Avenida Severino Ballesteros Rodrigues, alguns com pessoas em seu interior, mas sem registro de problemas mais graves. Em Ribeirão das Neves, também na Grande BH, foi registrado um desabamento na Rua Mimo de Vennus. Na capital, um muro de arrimo desmoronou no Bairro Havaí, Região Oeste. Porém, de acordo com a corporação, em nenhuma das ocorrências atendidas houve vítimas com  ferimentos.

Para o último dia de 2017, a previsão do Inmet é de mais temporais com ventos fortes. É possível que a virada do ano seja debaixo de chuva. A temperatura máxima deve cair um pouco e ficar na casa dos 28° C.