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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 29-12-2017 - 06:26 -   Notícia original Link para notícia
Bolsa lidera aplicações

Ibovespa acumula ganho de 26,9% no ano. Para 2018, pesam eleições e temor de rebaixamento



A Bolsa encerrou 2017 com alta acumulada de 26,9%, no segundo ano seguido de resultados positivos. Com a queda dos juros, as aplicações no mercado de ações lideraram o ranking de investimentos no ano. - ÃO PAULO- O Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, encerrou o ano com uma sequência de seis altas consecutivas e uma valorização acumulada de 26,9%. Dessa forma, a melhor aplicação do ano foram fundos de ações, praticamente empatados com o investimento direto em papéis. Em 2016, a Bolsa já havia subido 38,9%, o que faz com que esse seja o primeiro biênio de alta desde 2009- 2010. Isso foi possível devido ao processo de redução dos juros e ao início da recuperação econômica, que deram fôlego ao lucro das empresas. No ano que vem, no entanto, a continuidade desse processo irá depender do quanto o humor dos investidores resistirá à volatilidade decorrente das eleições e à possibilidade de mais um rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco, no caso de a reforma da Previdência não ser aprovada até fevereiro.





Do ponto de vista econômico, analistas veem condições para que a Bolsa mantenha sua trajetória de alta em 2018, já que os juros continuarão baixos, a inflação está sob controle e a melhora da economia deve garantir mais lucros para as empresas e, consequentemente, mais valorização para as ações. O principal fator de risco está na área política.



Há incerteza sobre a capacidade do governo - o atual e aquele que será eleito em outubro - de conseguir fazer o ajuste fiscal, a começar pela reforma da Previdência. Sem uma perspectiva de melhora das contas públicas, os investidores colocam em dúvida a solvência do país, o que as agências de classificação de risco levam em conta na hora de decidir sobre a nota do Brasil.



- Podemos dividir o ano de 2018 em três. No início, vai refletir o ciclo positivo da economia, com inflação sob controle, juros em queda e recuperação dos indicadores econômicos. A partir de abril, a eleição começa a ganhar mais peso e deve trazer volatilidade. O terceiro momento da Bolsa será após as eleições e vai depender de quem sairá vencedor - explica Luis Gustavo Pereira, analistachefe da Guide Investimentos.



DÓLAR AVANÇA 1,9% NO ANO Rogério Freitas, sócio- diretor da Florença Investimentos, também vê a questão fiscal como o principal fator de atenção para o ano que vem:



- Um problema de solvência do país acaba impactando o custo das empresas. É o macro tendo efeito no micro. A eleição também está ligada a isso. O próximo presidente terá de combater esse tema desde o primeiro dia. Por outro lado, é um ano em que vamos ter mais crescimento e juros baixos. Isso é positivo para a Bolsa.



Por outro lado, os analistas lembram que, assim como em 2017, o cenário externo não deve atrapalhar. A expectativa ainda é de alta gradual de juros nos Estados Unidos, e a desaceleração da economia da China, principal parceira comercial do Brasil, permanece suave. Ou seja, todas as atenções estarão voltadas para o cenário interno: a condução das reformas e as perspectivas eleitorais.



- Vamos ter uma Selic média mais baixa, e isso ajuda as empresas a diluírem seus custos. No meio do caminho, vamos ter as discussões sobre Previdência e eleições. Vai ser um ano volátil. Estamos cautelosamente otimistas - afirma Ricardo Peretti, estrategista da Santander Corretora.



Já no mercado de câmbio, o dólar encerrou 2017 cotado a R$ 3,315, uma alta de 1,3% no mês e de 1,9% no ano.



Ricardo Galhardo, gerente da Treviso Corretora de Câmbio, também espera uma maior volatilidade no câmbio em 2018. Essa pressão será maior caso as agências de rating reduzam a nota do Brasil ou deixem esta em observação negativa, o que sinaliza um possível rebaixamento futuro.



- A preocupação do investidor é com um rebaixamento pelas agências de rating. É uma ameaça que está no radar. Isso vai gerar volatilidade, porque alguns gestores de fundos estrangeiros podem querer retirar recursos do país - explica Galhardo.



Os juros mais baixos - em 2017, a Selic passou de 13,75% a 7% ao ano - também animaram mais empresas a abrirem capital, ou seja, realizar uma oferta inicial de ações ( IPO, na sigla em inglês). Foram dez ofertas, que totalizaram R$ 20,9 bilhões, o maior volume desde 2007, quando chegaram a R$ 55 bilhões. A principal operação foi a da BR Distribuidora, que movimentou mais de R$ 5 bilhões.



Esses novos recursos, no entanto, não influenciam diretamente o desempenho do Ibovespa, já que ele é composto por ações que têm ao menos um ano de negociação. No último pregão do ano, o índice subiu 0,43%, aos 76.401 pontos. Foi a sexta alta consecutiva. Essa valorização da Bolsa fez com que, no acumulado do ano, o investimento em fundos de ações fosse o mais lucrativo.



BANCOS FECHADOS ATÉ DIA 2 Apesar da alta, o volume de negócios do último dia foi baixo, de R$ 6,6 bilhões - a média é de R$ 8 bilhões.



- É final de ano, e normalmente o volume costuma ficar baixo. Além disso, o ambiente externo também ajuda. Os dados divulgados nos Estados Unidos, de emprego e atividade, indicam um processo de normalização dos juros de forma gradual, o que é bom para os emergentes - diz Freitas, da Florença.



Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais ( Anbima) mostram que os fundos de ações índice ativo foram a melhor opção em dezembro, com ganhos de 4,16%, e no acumulado de 2017, com valorização de 27%.



Já as carteiras que investem em moeda estrangeira foram as que menos renderam: 1,87% no mês e 4,98% no ano - abaixo até da poupança, que teve ganhos de 6,61% e é isenta de Imposto de Renda.



Fabio Colombo, administrador de investimentos, lembra que a volatilidade de 2018 deverá ser levada em conta na hora de escolher onde aplicar. Mais segura, a renda fixa deve ter desempenho abaixo do de 2017, já que os juros devem se manter no atual patamar. Os investimentos em Bolsa, no entanto, estarão mais sujeitos à volatilidade das eleições.



- Os riscos no mercado local estão na direção da eleição de um presidente populista, que afetaria negativamente Bolsa, juros e câmbio - avalia Colombo.



E não foi só a Bolsa que encerrou o ano ontem. As agências bancárias só reabrem em 2 de janeiro. Contas que vencem nesse período poderão ser pagas no dia 2 sem multa.


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