Índice aponta retomada gradual das vendas no 1º semestre de 2018

O Índice de Confiança do Comércio Brasileiro, medido pela Fundação Getulio Vargas, subiu 2,4 pontos este mês, chegando a 94,8 pontos, após recuo de 0,1% em novembro. É o maior patamar desde julho de 2014, quando ficou em 95,8 pontos. O avanço, segundo o levantamento, foi puxado pela melhora das expectativas dos empresários do setor em consequência da melhora no cenário macroeconômico no país.

PEDRO TEIXEIRA/23-12-2017

Corrida de última hora. Consumidores fazem compras no sábado antes do Natal: confiança do comércio voltou a subir com expectativa de melhora em 2018

- A confiança do comércio voltou a subir influenciada principalmente pelo Índice de Expectativas. Isso significa que, mantidas as condições atuais, o setor pode seguir com o movimento de recuperação gradual no primeiro semestre do ano que vem - explicou Rodolfo Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio da FGV Ibre.

O otimismo do setor, continua ele, cresce com a queda da inflação, a redução da taxa de juros e também impulsionado pela perspectiva de recuperação do mercado de trabalho, além da melhora na confiança do consumidor. A alta no Índice de Confiança do Comércio ocorreu em oito dos 13 segmentos pesquisados.

O Índice de Expectativas subiu 4,9 pontos, para 104,8 pontos, primeiro valor acima dos cem pontos - a média da mensuração - desde março de 2014, quando foi de 102. Em paralelo, o Índice de Situação Atual recuou 0,4 ponto, para 85 pontos.

- O Índice de Expectativas subir acima do ponto médio, de cem pontos, é boa notícia. Ao mesmo tempo, a queda no Índice de Situação Atual mostra que o varejo é um segmento de resultado mais volátil e também sensível a alguma turbulência política.

O Natal deste ano foi o melhor para o varejo desde 2010, segundo dados da Serasa Experian. Entre os dias 18 e 24 de dezembro, as vendas aumentaram 5,6% em comparação com igual período do ano passado. Foi a primeira alta depois de três anos consecutivos de queda. No Natal de 2016, por exemplo, as vendas recuaram 4%. No de 2015, a queda chegou a 6,4%.

Também a Associação Brasileira de Logistas de Shopping (Alshop) divulgou que o segmento registrou alta de 6% no faturamento. Já a estimativa do SPC é que as vendas do varejo subam em 4,7% em 2017. 'AINDA NÃO É PARA COMEMORAR' Para Cláudio Goldberg, professor de Varejo e Economia da FGV, o aumento das vendas e o avanço na confiança do comércio são boas notícias, mas ainda não chegam a ser motivo para euforia:

- Houve crescimento e é boa notícia. Mas ainda não é para comemorar. Não há euforia. Em 2016, o varejo voltou ao patamar de dez anos antes. As vendas encolheram nos últimos três anos. Então, qualquer expansão registrada agora vem sobre uma base de comparação muito fraca.

Outro fator importante, diz Goldberg, é que tanto o aumento da confiança quanto o das vendas na semana anterior ao Natal foi calculado considerando o resultado do comércio do Brasil como um todo.

- Esses números não são lineares em todo o país. São dados consolidados e que não se aplicam de forma linear a todos os estados. Enquanto alguns, como São Paulo e Mato Grosso, já mostram crescimento, outros destoam em termos de confiança e resultado, caso do Rio de Janeiro. Do ponto de vista macroeconômico, porém, os indicadores levam a prever um 2018 melhor.

Tobler reconhece que, apesar do resultado geral positivo, alguns estados e cidades podem ter mais dificuldade nessa retomada.