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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 27-12-2017 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Marta Vieira - Minas em foco - O pão nosso e o circo de Brasília

"Quem se importa mesmo com uma economia que patina é a população, que, de fato, sofre as consequências do desemprego e da renda baixa?"
A ressaca de Natal ainda é pouco como indicativo do quanto o varejo faturou ou deixou de ganhar com a troca de presentes; e menos ainda da disposição do cliente de consumir, fator essencial para a economia em 2018. A de Belo Horizonte encerrou o ano com expectativa de expansão de 1,7% das vendas no balanço anual. Na indústria, a aposta é levemente superior, de 1,91%, em 2017, e 3,3% no ano que vem, com base em estudos da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Certo nas projeções, seja com maior, seja com menor otimismo, é uma espécie de disparo no escuro.

Se os economistas acertarem em suas previsões, parcela de um ponto percentual dessas taxas já deve ser computada como crescimento que, em geral, decorre dos gastos com as campanhas dos partidos políticos em anos de eleições. A dificuldade em 2018 é que o setor privado não faz a conta de uma única ação ou projeto de reformas prometidas pelo governo num cenário de circo armado em Brasília.

Enquanto um presidente com reprovação de 74% dos brasileiros, segundo pesquisa CNI/Ibope deste mês, diz buscar reconhecimento e não esconde que procura apoio num Congresso desacreditado para concorrer às eleições de 2018, o principal ministro de seu governo, Henrique Meirelles, disputa os holofotes como candidato a sucessor do chefe. No comando do Legislativo, que deveria trabalhar pelas necessidades dos brasileiros na maior crise econômica recente do país, Rodrigo Maia ocupa o tempo em articulações para que também seja lançado à corrida presidencial.

Quem se importa mesmo com uma economia que patina é a população, que, de fato, sofre as consequências do desemprego de 12,5 milhões e da renda baixa do trabalho no Brasil? Em Minas Gerais, há 2,39 milhões de pessoas desempregadas, subocupadas ou inativas, de acordo com os dados do IBGE apurados no terceiro trimestre do ano. Embora tenham potencial para trabalhar, elas não conseguem emprego, representando 20,6% de toda a população do estado em idade de trabalhar.

O universo dessa força de trabalho desempregada, subocupada ou inativa no Brasil é de 22,9 milhões. Quanto à renda em Minas, foi de R$ 1.768 entre julho e setembro, descontada a inflação, 1,6% menor do que no trimestre anterior, e 3,5% mais baixa na comparação com julho a setembro do ano passado.

Os números falam por si. O rendimento médio do trabalho em Minas equivale a 2,1% do salário de até R$ 83 mil embolsado pelos deputados federais, contadas as verbas extraordinárias. No Judiciário, a remuneração máxima passa de R$ 33,7 mil por mês, ou seja, mais de 19 vezes o vencimento do cidadão comum.

Das vagas de trabalho que haviam sido criadas em Minas até setembro, quase 800 mil não ofereceram a carteira assinada e 840 mil atenderam trabalhadores por conta própria. As oportunidades com registro minguaram mais de 100 mil postos de trabalho. Na briga para garantir o pão de todo dia, o brasileiro ainda não viu surgirem alternativas para votar em 2018. A economia encolhe e o emprego se precariza, ao passo que em Brasília é o apego ao poder que comanda o país.

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Foi o saldo (diferença entre contratações e demissões) do emprego formal gerado em Minas em outubro pelas micro e pequenas empresas, com destaque para os municípios de Belo Horizonte, Contagem e Uberlândia.

Nem de longe

As projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de crescimento de 3,7% do setor neste ano não repõem perdas acumuladas nos últimos três anos. O varejo teve retração de vendas de 1,7% em 2014, 8,6% em 2015 e 8,7% em 2016. Com a reação ainda tímida deste ano, o comércio poderá crescer 5% em 2018 na expectativa de Fábio Bentes, economista-chefe da CNC.

Palmas para eles

Pesquisa inicial sobre o comportamento dos negócios do varejo motivados pelo Natal mostra que os segmentos de brinquedos, óculos, bijuterias e acessórios tiveram os melhores resultados, informou a Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop). A instituição conta com 761 shopping centers em operação no país, com faturamento anual de R$ 140 bilhões e 122 mil pontos de venda.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas
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