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Estado de Minas Online ( Cultura ) - MG - Brasil - 23-12-2017 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Anna Marina - Ainda dá tempo

A dois dias do Natal, será que dá para respirar? Na realidade, a tradição supera qualquer contingência econômica e o que se vê é a vontade amorosa de presentear. Nem que seja com uma simples lembrança. Temos uma tradição familiar de só passar a data comemorando juntos. Esse cuidado ganhou força depois que o progresso dividiu as famílias. Como faço parte de uma família imensa, que sempre se frequentou, que sempre conviveu, sinto falta atualmente desse convívio que acabou com o crescimento da cidade, das distâncias, da necessidade de mudar.

Até entre os amigos mais queridos, o convívio diminuiu muito - e essa é uma das culpas mais tristes da idade. Como diz primo meu, estamos "mudando de prateleira" e essa mudança empobrece a vida, o cotidiano, os ritos de amizade. A correria é tanta que, atualmente, só se comunica quem usa o celular como uma extensão de seu corpo. Os dedos já digitam celeremente a mensagem e nem é preciso mais nenhum tipo de contato. Levei o maior susto dia desses quando ouvi na TV uma notícia de que os celulares estão acabando com os telefones fixos, que faço questão de ter em casa, é meu meio de comunicação mais presente.

Meu parceiro de uma vida aprendeu a gostar do Natal em minha companhia - e passou a gostar tanto quanto eu. Herdei esse prazer de minha mãe, que mesmo não tendo meios, viúva cheia de filhos, nunca deixou de comemorar a data. E os netos aproveitavam, como ocorreu uma vez quando ela foi se deitar e, no dia seguinte, a árvore da sala estava toda "enfeitada" com latas vazias, sapatos velhos, tudo que os netos encontraram pela casa para criar a brincadeira. Uma das tradições luzienses é o presépio dominando o ambiente - muito mais do que as árvores. A tradição cresceu tanto na cidade que se tornou atração turística. No último dia 13, na festa da padroeira Santa Luzia, muitas casas estavam abertas para facilitar a visitação pública. Ainda não fui ver, mas certamente estarei lá antes do Dia de Reis, que também merece uma baita comemoração.

A TV está repleta de filmes sobre a data e uma das frustrações nossa caiu por terra. Hoje já é possível decorar toda a fachada da casa, jardins e árvores com essas lampadinhas que usam a luz solar para acender à noite. Tenho vários jogos, que ganhei de presente de filho de amiga. Só que, outro dia, fui comprar lâmpadas comuns e a loja já estava vendendo esses conjuntos. Não tão grandes como os americanos, mas já é uma saída para quem gosta do brilho natalino. Comecei minha função no inicio de dezembro, quando Luciana Bessa foi montar minha árvore. Ela é uma craque e, naquela altura dos acontecimentos, já tinha criado mais de 100 decorações natalinas, não só em casas de gente conhecida como em lojas, vitrines, tudo enfim que dá alegria à data.

E por falar em decoração natalina, a cidade deve um grande serviço a Eduardo Noronha, que foi quem instituiu, quando foi diretor do , um concurso para escolher as mais belas decorações das lojas belo-horizontinas. Enquanto viveu, fiz parte da comissão escolhida por ele, que corria cidade, visitando quem se inscrevia para concorrer ao título. Ele despertou esse costume e, mesmo com o aperto do comércio, sua criação sobrevive em alguns pontos. Bastou ele "ir embora" para que sua ideia fosse deixada de lado, o que foi uma perda. BH merecia e os votos de "Feliz Natal" alegravam a todos.


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