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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 22-12-2017 - 06:56 -   Notícia original Link para notícia
Petrobras eleva investimentos até 2022

Serão US$ 74,5 bi, na primeira alta desde a Operação Lava-Jato. Estatal amplia venda de ativos em US$ 5 bi



Pela primeira vez desde o início da Lava-Jato, a Petrobras vai aumentar investimentos, mas o avanço será pequeno. De 2018 a 2022, a alta será de 0,5%, para US$ 74,5 bilhões. -RIO E BRASÍLIA- A Petrobras vai elevar os investimentos pela primeira vez após a Operação Lava-Jato, em 2014, revelar um grande esquema de corrupção na companhia. De acordo com o novo plano de negócios para os anos de 2018 a 2022, a estatal vai investir US$ 74,5 bilhões. O número é 0,5% superior aos US$ 74,1 bilhões que a companhia planejava destinar de 2017 a 2021. A nova estratégia prevê redução dos investimentos em exploração e produção - de US$ 60,6 bilhões para US$ 60,3 bilhões - e aumento dos aportes na área de refino e gás natural, de US$ 12,4 bilhões para US$ 13,1 bilhões.



JORGE WILLIAMMetas. Pedro Parente, da Petrobras, apresentou o plano de negócios ontem em Brasília: a estatal quer cortar custos e reduzir dívida para US$ 77 bi até 2018



A companhia pretende ainda acelerar a venda de seus ativos. A estatal incluiu na carteira de desinvestimentos ativos com potencial de US$ 5 bilhões. Assim, apesar de já ter vendido US$ 4,5 bilhões neste ano, a Petrobras ainda pretende arrecadar US$ 21 bilhões com o seu programa de venda e parcerias até o fim de 2018.



O objetivo é elevar a geração de caixa da estatal. De acordo com especialistas, isso vai ajudar a reduzir o nível de endividamento, um dos desafios da companhia. Segundo a Petrobras, a meta é que o endividamento líquido chegue a US$ 77 bilhões no fim de 2018, uma queda de 23% em relação aos US$ 100 bilhões registrados no terceiro trimestre de 2016, quando a dívida atingiu patamar recorde.



CORTE DE CUSTOS Assim, a Petrobras quer diminuir a relação entre sua dívida líquida e sua geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, para 2,5 vezes no próximo ano. Em 2015, essa relação estava em 5,3. Ao fim do terceiro trimestre deste ano, a alavancagem da Petrobras ficou em 3,16 vezes.



Para aumentar suas receitas, a estatal ressaltou ainda a manutenção da sua política de preços, com a venda de gasolina e diesel alinhada aos preços internacionais, e a redução de custos, como o corte de 10% nos gastos para a extração do barril de petróleo, para US$ 9,90 até 2022. No caso do barril refinado, a estatal está cortando as despesas em 13%, para US$ 2,60. Em Brasília, Pedro Parente, presidente da estatal, que anunciou o novo plano em cerimônia com o presidente Michel Temer, disse que a empresa tem como prioridade melhorar a gestão:



- A gente faz todo esse esforço de melhorar o sistema sem aumentar os custos da empresa. Estamos focando os nossos investimentos nos projetos mais rentáveis.



Com a divulgação de seu plano, as ações da Petrobras subiram 4,32% (ON) e 4,06% (PN), o que ajudou a puxar a Bolsa de Valores de São Paulo.



Segundo a companhia, o foco continua sendo o pré-sal, que vai consumir 58% dos investimentos de 2018 a 2022 da área de exploração e produção. Destaque para os US$ 4,5 bilhões no campo de Lula, que vai receber duas novas plataformas; os US$ 11,4 bilhões para Búzios, com cinco unidades novas; e os aportes US$ 2,3 bilhões em Mero (área de Libra), que terá mais duas plataformas.



COMPERJ FORA DO PLANO Com isso, a meta da empresa é elevar a produção dos atuais 2,1 milhões de barris de petróleo por dia para 2,9 bilhões de barris diários em 2022. Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), destacou ainda os aumentos dos investimentos na área de gás, uma das novidades da companhia para os próximos anos. Atualmente, diz Pires, 86% da produção da companhia estão atreladas ao petróleo e 14%, ao gás - abaixo dos principais concorrentes internacionais, que têm 50% em cada uma das fontes de energia.



Segundo a estatal, haverá investimentos em dutos, gasodutos e unidade de processamento de gás para escoamento da produção do pré-sal. Em relação ao refino, a companhia pretende concluir, com parceiros, a segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. O Comperj não é citado no plano.



- A companhia precisa se desfazer de negócios em todas as áreas porque sabe que isso é essencial para reduzir o endividamento, hoje seu principal desafio. Apesar da melhora, ainda há muito a fazer - destacou Pires.



MAIS PARCERIAS NO MERCADO Para analistas, as premissas da companhia para o preço do petróleo foram consideradas conservadoras. A estatal projeta o barril a US$ 53 em 2018, chegando a US$ 73 em 2022.



- A empresa fez uma limpeza, reduzindo funcionários e vendendo ativos. O resultado disso é previsibilidade. Por isso, o plano não traz grandes mudanças. Primeiro, a empresa se contraiu e, depois, voltou aos trilhos. Agora, está botando a cabeça para fora, para fazer novos investimentos - disse Alvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais.



Alfredo Renault, professor da PUC-RJ, afirmou que o novo plano de negócios traz uma consolidação da estratégia de Parente. Para ele, é importante que os desinvestimentos sejam confirmados para reduzir as dívidas:



- Ao continuar focando no pré-sal, a empresa vai elevar a sua produção, o que é positivo.





Em Brasília, Parente elogiou as mudanças nas regras de exploração do pré-sal, que desobrigam a empresa de participar de todos os leilões nessa área. E afirmou que a estatal tem buscado parcerias no mercado. A estatal já selou acordos com Total, CNPC, BP, ExxonMobil e Statoil.


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