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Isto é Dinheiro online ( Mercado Digital ) - SP - Brasil - 09-12-2017 - 11:02 -   Notícia original Link para notícia
O efeito Trump

Ajudado pelo presidente americano e por ajustes em sua plataforma, o Twitter começa a reagir e pode atingir o primeiro lucro trimestral de sua história



Na quarta-feira 6, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma transmissão ao vivo no qual reconhecia Jerusalém como a capital de Israel. A polêmica decisão, que pode levar a conflitos no mundo árabe, foi transmitida ao vivo pelo Twitter, a rede social preferida de um dos homens para poderosos do mundo. Dia sim e o outro também, Trump vai até a plataforma cujo símbolo é um pássaro azul para se comunicar diretamente com seus eleitores e soltar petardos contra seus inimigos.


Suas pílulas, agora de até 280 caracteres, já provocaram incidentes diplomáticos - ele costuma chamar o líder da Coréia da Norte, Kim Jong-um, de little rocket man (pequeno homem foguete) e bateu boca com a primeira-ministra britânica, Theresa May, por conta de um vídeo que mostrava supostos mulçumanos em atitudes violentas, divulgado por uma extremista britânica e recompartilhado por ele.


Mas o destempero verbal de Trump não está acertando apenas os seus inimigos e deixando diplomatas à beira de um ataque de nervos. Involuntariamente, o presidente americano também está ajudando o Twitter a virar o jogo. A rede social comandada por Jack Dorsey quase foi vendida no ano passado. Google, Microsoft, Disney e Salesforce surgiram como candidatos a levar o microblog. O negócio, como se sabe, não prosperou. Muitos analistas consideravam o Twitter uma carta fora do baralho.


Mas a situação começou a mudar. Suas ações aumentaram 29,4% em 2017, a primeira valorização anual dos últimos dois anos. Desde que abriu capital, em novembro de 2013, a companhia nunca publicou um resultado positivo. Trimestre a trimestre, o Twitter, que vale US$ 15,6 bilhões, só anunciou prejuízos. Os analistas de Wall Street acreditam que a rede social vai, enfim, tingir o seu balanço de azul pela primeira vez na história no quarto trimestre deste ano. "O fato de ter um dos homens mais poderosos do mundo o utilizando efetivamente como a ferramenta de comunicação e expressão é um ativo importante para o Twitter", afirma Marcelo Coutinho, coordenador do mestrado profissional da FGV.


Milênios: "Meu plano é que o Twitter dure mais de 10 mil anos", diz o CEO da empresa, Jack Dorsey (Crédito:Rolf Vennenbernd/dpa)


É claro que não basta contar apenas com Trump como garoto-propaganda. Desde que Dorsey, um dos fundadores do microblog, voltou ao comando do Twitter, em outubro de 2015, ele está fazendo um esforço hercúleo para revitalizar a ferramenta. "Meu plano é que o Twitter dure por mais de 10 mil anos", disse Dorsey, em uma apresentação para investidores neste ano. Sua mais recente tacada foi dobrar o número de caracteres de cada publicação para 280. Ele também fez uma aposta em vídeo, integrando o aplicativo Periscope à plataforma, comprado antes de ele assumir a empresa.


Os vídeos já são o principal formato publicitário da ferramenta, mas não foram suficientes para impedir uma queda de 4% na receita total, que chegou a US$ 590 milhões no terceiro trimestre deste ano. Eles também são o conteúdo com maior engajamento. "Nossos usuários estão consumindo vídeo como nunca", diz Fiamma Zarife, diretora-geral da subsidiária brasileira do Twitter, sem revelar detalhes sobre esses dados.


Há ainda muitos desafios para Dorsey. O principal deles é aumentar o número de usuários ativos, que ainda cresce a taxas lentas. No período de um ano, avançou apenas 4%, chegando a 330 milhões. Em dois anos, ele acrescentou 23 milhões de pessoas a sua plataforma. No mesmo período, o Facebook aumentou em 461 milhões e o WhatsApp, em 400 milhões. A boa notícia é que o número de pessoas que acessam diariamente a plataforma cresce a dois dígitos por quatro trimestres consecutivos. No terceiro trimestre, aumentou 14%. "O Twitter está fazendo progressos lentos", diz Rob Enderle, analista da consultoria especializada em tecnologia Enderle Group. "Corrigir os seus erros não têm sido uma missão fácil." Se depender de Trump, no entanto, o Twitter não vai sair dos holofotes tão cedo.



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