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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 07-12-2017 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Em 7%, juro chega ao piso, mas ainda lidera no mundo

Taxa Selic sofre 10º corte no Copom e chega ao menor nível em 31 anos, embora o Brasil permaneça na lista dos países com os maiores encargos quando a inflação é descontada
São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, ontem, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual, de 7,5% para 7% ao ano. A Selic remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio. Numa atitude já esperada pelos analistas de bancos e corretoras, pela décima vez, a autoridade monetária baixou os juros básicos da economia. Com a redução, a Selic atinge o menor nível desde o início da série histórica do BC, em 1986.

De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, anteriormente o nível mais baixo da história, e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia. Apesar do corte, o BC está afrouxando menos a política monetária. De abril a setembro, a Selic havia sido reduzida em 1 ponto percentual. O ritmo de queda diminuiu para 0,75 ponto em outubro e para 0,5 ponto na reunião de ontem.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA subiu 0,42% em outubro. Nos 12 meses terminados naquele mês, o índice acumulou 2,7%, abaixo do piso da meta de inflação, que é de 3%.

Até o ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para este ano, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano nem ficar abaixo de 3%.

O BC manteve a porta aberta para novo corte do juro no início de 2018. A indicação veio no comunicado distribuído logo depois de anunciada a redução da taxa Selic para o piso histórico. O documento nota, porém, que o cenário básico sinalizado para os próximos passos do Copom está mais suscetível a mudanças que no passado. A indicação veio no penúltimo parágrafo do documento.

"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária", cita o documento. Apesar de indicar que pode cortar o juro, o BC reconhece que a indicação para a próxima reunião "é mais suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos que nas reuniões anteriores". Ou seja, cresceu a possibilidade de mudança à frente.

Para as decisões posteriores à reunião de fevereiro de 2018, o Copom diz que "entende que o atual estágio do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária". Independentemente do movimento nas próximas reuniões, o BC repetiu a explicação de que o processo de flexibilização monetária "continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".

Em termos de juros reais, entretanto, o Brasil continua no ranking das nações onde o custo do dinheiro é o mais alto. Até maio último, o país era líder em juro real, ou seja, descontada a inflação, de acordo com levantamento feito pelo site MoneYou, em parceria com a empresa Infinity Asset Management. Depois da reunião de outubro, caiu da terceira para a quarta posição. Tendo em vista a taxa real de 2,88%, descontado o IPCA dos últimos 12 meses, o Brasil só perde para Turquia, com 5,87%; Rússia, 4,18%, e Argentina, 3%.

Reação O corte da taxa Selic para 7% ao ano foi bem recebido por empresários do comércio e da indústria em Minas Gerais. Em nota, o presidente da de Belo Horizonte (/BH), , disse que a decisão do Copom é positiva, ao permitir que o crédito fique mais barato, contribui de forma significativa para a retomada do crescimento da economia.

"Quanto mais baixas forem as taxas de juros, melhor para a economia. Os consumidores ampliam as compras, as empresas produzem mais e investem em sua capacidade produtiva, e terão de contratar mais trabalhadores. Os setores produtivos já vêm apresentando aumento das suas atividades, inclusive o varejo", destacou o presidente da /BH. A expectativa da entidade é de que o comércio da capital encerre o ano com crescimento de 1,7%, depois de dois anos de queda.

A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. Também por meio de nota, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) destacou que o setor comemora a nova queda da taxa básica de juros. "A decisão precisa ser comemorada, principalmente, por termos convivido, no Brasil, com um ambiente político-econômico conturbado como o dos últimos anos", disse a instituição.


Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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