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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 03-12-2017 - 08:02 -   Notícia original Link para notícia
De olho no e-commerce brasileiro

Gigante chinesa das entregas começará expansão internacional pelo Brasil



Gigante na logística de encomendas pela internet, STO (na foto, o setor de empacotamento) mira no mercado brasileiro A imagem lembra um dos games que os chineses adoram jogar no celular: 360 robozinhos amarelos correm em todas as direções - sem colisões no caminho - sobre um tabuleiro de aço cheio de pequenos quadrados vazados. O objetivo é despejar depressa, em cada um desses buracos, as caixas apanhadas das mãos dos 20 seres humanos com quem dividem a plataforma. É assim que a gigante de entregas chinesa STO, baseada na cidade de Yiwu (a 1.500 quilômetros ao Sul da capital), faz a triagem das suas encomendas por destinatário. É a primeira do mundo a usar robôs para isso.





VIVIAN OSWALDComo um game. Robôs distribuem encomendas para os caminhões. Automação dá agilidade à empresa de entregas STO



Cada quadrado está ligado a um contêiner no andar de baixo e equivale a uma cidade chinesa. Dali, as caixas seguem para os caminhões, que as transportarão até o consumidor final. Foram 600 mil entregas por dia no ano passado, ou cerca de mil toneladas de mercadorias enviadas diariamente a todos os municípios da China, à exceção do Tibete. Por conta do Dia do Solteiro - 11 de novembro, a Black Friday chinesa -, a STO transportou uma média diária de um milhão de encomendas. A experiência doméstica nacional levou a empresa, que é privada, a almejar voos mais distantes. Quer disputar o mercado internacional, a começar pelo Brasil, onde fará seu projeto piloto.



No primeiro semestre de 2018, a X-Tong, seu braço brasileiro, vai divulgar novo site de compras online no país. A ideia é permitir, em um primeiro momento, que empresas brasileiras de todos os portes possam encomendar produtos diretamente de fornecedores chineses. Sem atravessadores. A assessora especial da presidência para negócios estrangeiros da STO, Ji Xianqun, afirma que estão previstos "muitos milhões de dólares em investimentos", sem entrar em detalhes, e garante que vai preencher um vácuo nesse segmento. A meta da empresa é que, com alguns cliques, os clientes possam receber as mercadorias chinesas em até três semanas.



- O Brasil é um país do Brics, onde a indústria de consumo não é muito forte. O e-commerce também tem muito potencial - diz Ji, enquanto serve chá às visitas no seu escritório, em um domingo.



Os planos são ousados. A X-Tong não pretende parar no comércio entre empresas. No futuro próximo, quer que o consumidor possa pedir diretamente da China o que quiser. E promete luxos que outras transportadoras não oferecem.



- Queremos tornar a vida do consumidor brasileiro mais confortável. O cliente vai comprar uma cortina chinesa pela internet? Nós entregamos e ainda teremos um instalador. Queremos dar eficiência a esse mercado - diz Gu Guo Liang, gerente de projetos internacionais.



ARMAZÉM NO URUGUAI É OPÇÃO



A empresa reconhece haver dificuldades para se instalar no Brasil, por questões aduaneiras, sanitárias e afins.



- Dá-se um jeito. Estamos preparados para enfrentar todos os obstáculos - garante Gu.



Uma alternativa seria usar armazéns próprios no Uruguai. A STO também é pioneira do sistema de armazéns na nuvem. Estão todos conectados entre si, podendo ser acionados a qualquer momento, o que garante a velocidade nas entregas.



No prédio da STO, em Yiwu, onde o governo criou uma área especial para essas imensas empresas de entrega, o trabalho não para. Além de transportar, a empresa embala e seleciona os produtos. No salão, dez moças separam os pares de meias por pé e cores antes de despachá-las.





Mas, além da STO, há outras grandes de olho no mercado brasileiro: a americana Amazon e a também chinesa Aliexpress já operam no país.


Comércio eletrônico na agenda da OMC


China pressiona pelo tema. Jack Ma, do Alibaba, participará da reunião este mês


O comércio eletrônico é uma das pautas nas quais os chineses têm insistido nas reuniões bilaterais e em encontros como do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e do G-20 (que reúne as 20 maiores economias do mundo). Eles também têm aumentado a pressão na Organização Mundial de Comércio (OMC). A questão acabou virando tema da OMC e será debatida, pela primeira vez, em uma reunião ministerial do organismo, no próximo dia 10, em Buenos Aires. Os chineses insistem por este ser um dos pontos fortes da economia do país.


O diretor do Departamento de Projetos de Serviços de Dados da China International Electronic Commerce (CIECC, instituto vinculado a exportações), Wei Guo Zhi, afirma que o comércio eletrônico dentro da China atinge dois trilhões de yuans, ou cerca de US$ 300 bilhões.


- Queremos muito incrementar as exportações e que o Brasil possa vender seus produtos aqui também. O problema maior hoje é a distância e a comunicação. Uma base de dados conjunta pode ajudar - diz Wei.


As plataformas de ecommerce na China são extremamente eficientes. Em Pequim, há um exército de dezenas de milhares de motoboys carregando encomendas. Pode-se pedir oito filtros de ar de um fabricante às 9h e recebê-los ao meio dia. De acordo com negociadores brasileiros que participam das conversas sobre comércio eletrônico, este é o grande gargalo no Brasil: a etapa entre o depósito e casa do consumidor.


Pela primeira vez, haverá um fórum empresarial em Buenos Aires sobre o assunto, para que os agentes do setor façam suas demandas à OMC. O dono da Alibaba, Jack Ma, participa como convidado especial. Será seu terceiro encontro com o diretorgeral da OMC, Roberto Azevêdo.


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que a OMC deve celebrar acordo sobre e-commerce este mês, para que as negociações possam começar em 2018. Para o presidente da CNI, Robson Andrade, houve muitas transformações tecnológicas nos últimos anos, que tornaram bens e serviços - como bancos, seguros e financiamento - mais comercializáveis eletronicamente:


- As transformações trazem novos desafios, como a necessidade de que a OMC passe a lidar com privacidade e proteção de dados de consumidores. Mas a CNI defende que esses desafios não impeçam o aproveitamento das novas plataformas tecnológicas para impulsionar as vendas de empresas industriais, sobretudo as de menor porte, e que a OMC defina regras de transparência, previsibilidade e não discriminação entre os países. (Vivian Oswald)


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