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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 01-12-2017 - 07:00 -   Notícia original Link para notícia
Desemprego cai, mas 75% das vagas criadas são informais

Postos sem carteira e por conta própria explicam melhora do mercado desde abril



A taxa de desemprego caiu para 12,2%, informou o IBGE. Mas, desde abril, quando o mercado de trabalho começou a reagir, três quartos das vagas criadas foram no trabalho por conta própria ou em postos sem carteira assinada. Ao todo, o país ainda tem 12,7 milhões de desempregados. De abril a outubro, período em que começou a dar sinais de melhora, o mercado de trabalho brasileiro já criou 2,3 milhões de vagas. Mas, desse montante, 1,7 milhão são postos ligados à informalidade, o equivalente a 75% do total. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Mensal, a taxa de desemprego em outubro caiu para 12,2%, sétimo recuo consecutivo. Para analistas, o cenário faz parte do ambiente de recuperação gradual da atividade econômica. Tradicionalmente, o emprego formal reage com atraso à melhora do PIB.



O IBGE escolheu analisar o período entre o trimestre encerrado em abril e o encerrado em julho para evitar a influência dos dados do ano passado, quando o cenário do mercado de trabalho era diferente. O resultado dessa análise é que a maior parte dos empregos criados são sem carteira assinada. Foram abertas 721 mil vagas desse tipo no período. A segunda maior alta foi registrada no grupo dos trabalhadores por conta própria, que aumentou em 676 mil trabalhadores. 12,7 MILHÕES SEM TRABALHO Enquanto isso, o número de empregados com carteira cresceu em apenas 17 mil pessoas, praticamente estagnado em 33,3 milhões.



- A crise econômica e o cenário político conturbado inibem o processo de investir e empreender. Consequentemente, tem esse aumento da informalidade - explica Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.



Apesar da informalidade, há menos gente à procura de emprego. O grupo de brasileiros com algum tipo de trabalho - a chamada população ocupada - cresceu para 91,5 milhões em outubro, alta de 1,8% contra o mesmo mês de 2016. São 1,7 milhão de pessoas a mais na ativa. Em contrapartida, o número de desempregados recuou para 12,7 milhões, após ultrapassar a marca de 14 milhões no início do ano. A redução é insuficiente, no entanto, para fazer frente ao contingente de desempregados no ano passado, que já estava em torno de 12 milhões.



Além de significar um alívio para o drama do desemprego no dia a dia das famílias, o aumento da população ocupada ajuda na recuperação do consumo. A chamada massa de rendimento - total dos ganhos de quem está trabalhando - registrou alta de 4,2% em relação a outubro de 2016, avançando para R$ 189,8 bilhões. Foi a maior alta nesse tipo de comparação desde maio de 2014, quando o crescimento foi de 4,7%. A melhora desse indicador é também influenciada pela inflação baixa, que ajudou a manter o poder de compra estável. Em outubro, o rendimento médio ficou em R$ 2.127.



- É um dado que confirma que o pior já passou. A massa está aumentando em ritmo razoável, maior alta desde 2014 - destaca André Gamerman, economista da ARX Investimentos.



A avaliação do mercado é que o cenário para 2018 tende a ser mais favorável. Em nota, o Itaú Unibanco destacou que a contribuição do emprego informal diminuiu em relação ao trimestre anterior. O banco projeta que a taxa de desemprego recue para 11,8% no fim de 2018.



Segundo Thiago Xavier, economista da Tendências, a expectativa é de melhora. Mas ele destaca que será preciso analisar a qualidade do emprego formal que será criado nos próximos meses, considerando o impacto dos novos contratos previstos pela reforma trabalhista:



- Uma questão relevante é sobre as condições de formalidade que vamos ver. Será uma formalidade de poucas horas? Ligado ao trabalho intermitente? A qualidade desse emprego formal que está por vir deve ser analisada.


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