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O Globo Online (RJ) ( Especial ) - RJ - Brasil - 27-11-2017 - 08:32 -   Notícia original Link para notícia
Linhas, agulhas e tecidos: ideias para costurar a crise

Customização de roupas, reaproveitamento de velhas peças do guarda-roupa e a moda inspirada na sustentabilidade impulsionam marcas com foco em armarinho e aviamentos


Aordem de economizar, imposta pela recessão que se abateu sobre a economia nacional, criou novas ondas de consumo baseadas na customização e no uso de técnicas de reaproveitamento de peças do guardaroupa - e incitou a busca por alternativas para compor a renda, o que fez muita gente investir no artesanato. Crise à parte, a moda também vem lançando um novo olhar sobre produtos reutilizados, conectando pessoas a ideias sustentáveis.


Essas mudanças de hábitos têm dado impulso novo a um velho tipo de negócios: as lojas de armarinho e aviamentos. Mesmo sem entender nada de linhas e agulhas, uma família de São José dos Campos, no interior paulista, apostou nesse segmento quando chegou à cidade, em 1990, e abriu a empresa na época batizada de Só Costura, especializada em insumos para confecção. O negócio foi atropelado pela onda de produtos chineses baratos, que aportaram no Brasil após a abertura do mercado promovida pelo governo Collor.


Em 1994, rebatizada de Artfios, a empresa passou a vender itens para artesanatos em geral. Hoje comercializa cerca de 10 mil itens (incluindo variações de cores e tamanhos) e registra de 300 a 350 vendas por dia, a um ticket médio de R$ 30 por pessoa. No ano passado, o faturamento alcançou a marca de R$ 2,1 milhões - o que representa algo em torno de 80% dos negócios da família.


Os outros 20% vêm da Clickfios, criada em 2005 como site de divulgação dos produtos da loja física, sem e-commerce. "Nós achávamos que o negócio rodaria sozinho e não acompanhamos as novidades da tecnologia. Só acordamos para a realidade em 2014, quando já estávamos defasados em relação aos concorrentes. Perdemos muito tempo e clientes", admite Renato Livio Nery Nunes, que toca o negócio junto com os pais e dois irmãos.


Para correr atrás do tempo perdido, os empresários investiram em 2015 cerca de R$ 60 mil no desenvolvimento de uma nova plataforma online, com foco no e-commerce, e na contratação de uma empresa de marketing digital. A loja virtual oferece 6 mil itens e fecha em média 25 vendas por dia. No ano passado faturou cerca de R$ 400 mil.


LINHAS E BARBANTES


Vem também do interior paulista a experiência de Gilson de Araújo Júnior. Há 16 anos ele montou em São José do Rio Preto a Caic Sacarias, uma loja que oferta um leque limitado de produtos, com foco em linhas e barbantes. A procura dos clientes por outros itens e a sugestão de um amigo (dono de armarinho numa cidade vizinha) levaram o empresário a investir numa segunda loja.


Assim nasceu há 7 anos a Casa ABC, que na época consumiu R$ 250 mil de investimentos em reformas e estoque. Hoje a loja oferece mais de 8 mil itens (incluindo variedade de cores e tamanhos) e vende 800 itens por mês. "Cerca de 90% dos nossos clientes são pessoas que fazem trabalhos manuais para compor renda, mas algumas vêm por recomendação médica, porque bordados, crochês e atividades afins são indicados como terapia", informa. As duas casas faturam R$ 200 mil mensais e o lucro líquido fica na casa dos 25%.


No Rio de Janeiro fica A Entrelinhas, uma loja localizada na Gávea, que recebe não só clientes interessados em comprar produtos de armarinho e tecidos para costura, patchwork, bordado e crochê. No local são ministradas aulas sobre a produção destes artesanatos e organizadas oficinas variadas, que atualizam os alunos sobre as novas práticas em uso no mundo todo.


Inaugurada em dezembro de 2005, a loja e a marca foram adquiridas pela arquiteta Suzy Angeleas, admiradora de trabalhos manuais com tecidos, em 2013. Ela havia conhecido o espaço em 2010 ao fazer um curso de patchwork, que ainda é oferecido no local, assim como aulas de Costura, Boneca de pano, Bordados, Tricô, Crochê. O valor dos cursos varia de R$ 280 a R$ 350, com quatro aulas de duas horas e meia.



A Entrelinhas oferece tecidos nacionais e importados 100% algodão; coleções de estilistas, linhas DMC e Gutterman, facas, tesouras Olfa, réguas Omnigrid, aviamentos e material para costura, bordado e artesanato em geral. O faturamento bruto mensal fica na casa dos R$ 40 mil.


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