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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 21-11-2017 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Mina$ em foco - A falta que ele faz

Os sem 13º formam grupo de excluídos que pode chegar a 4,566 milhões em Minas Gerais, 46,5% da população que trabalha no estado
As ofertas saltam das vitrines do varejo e avançam para a rua na voz de vendedores ansiosos para vencer a disputa do dinheiro do 13º salário com os credores dos consumidores inadimplentes. Descontos de R$ 370 nos preços de uma geladeira ou a possibilidade de comprar o celular da moda num pretenso 'suave' plano de 12 prestações de R$ 91,60 seduzem, mas a turma que faltará ao balcão à caça da gratificação natalina pode ser bem maior do que se imagina. Os sem - 13º formam grupo de excluídos que pode chegar a 4,566 milhões em Minas Gerais. Esse universo de trabalhadores impressiona, por representar 46,5% da população que trabalha no estado, com base nos dados apurados pelo IBGE de julho a setembro passado.

A conta só inclui aquelas pessoas com vínculos livres da obrigatoriedade do pagamento da remuneração extraordinária, os empregados nos setores privado e público sem carteira assinada, os domésticos que não têm registro, os trabalhadores por conta própria e os que são auxiliares da própria família. Até ontem, também os funcionários púbicos estaduais formalizados nem sequer tinham certeza de que o governo pagará o 13º nas datas previstas na legislação.

Os números do IBGE, por si, dão uma pista sobre a falta que a justa gratificação de Natal faz tanto do ponto de vista da dignidade que se espera merecer qualquer trabalhador, quanto dos comerciantes. Não se sabe ao certo o valor que a economia deixa de movimentar tendo em vista esse exército de trabalhadores, que, talvez, possam contar com no máximo algum pequeno abono, da mesma forma, não obrigatório. Na semana passada, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou estudo feito todo ano sobre a injeção de recursos que a gratificação promove: em Minas, a projeção é de R$ 18,156 milhões a serem pagos a 8,8 milhões de beneficiários do mercado formal.

No Brasil, a estimativa é de R$ 200,5 bilhões distribuídos entre 83,3 milhões de pessoas, com média de R$ 2.251 por trabalhador. A gratificação tem tamanho poder de multiplicação que já criou dinâmica própria na economia, motivo adicional para o comércio se lamentar da falta que ela faz, observa o supervisor técnico do Dieese em Minas, Fernando Ferreira Duarte. "Não se trata de uma importância só para a injeção de recursos no fim do ano. É essencial também para uma economia que paga baixos salários, como a brasileira, e por isso o trabalhador não consegue fazer uma reserva financeira.

Quando ele chega é o momento de quitar dívidas e guardar o dinheiro para pagar os impostos cobrados em janeiro", afirma.

Em tempo de crise econômica, a força da gratificação tende a crescer. No comércio, há pelo menos cinco grandes setores que alimentam diretamente o seu caixa com as gratificações: roupas, calçados, chocolates, brinquedos e eletroeletrônicos. "Se esses grupos (os sem - 13º salário) recebessem, poderiam ser injetados muito mais recursos na economia", diz Rafael Nogueira Rocha, proprietário da empresa Total Calçados, com duas lojas na Grande BH, e dirigente da de BH (-BH).

Diante do alto nível de endividamento das famílias neste ano - de acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 61,8% das famílias brasileiras estão endividadas -, o comércio trabalha com a expectativa de que a primeira parcela da gratificação, a ser paga até dia 30, seja destinada em sua maior parte ao pagamento de compromissos financeiros pendurados. Os radares dos caixas se voltam para a segunda parcela, com data-limite de pagamento em 20 de dezembro. A grana extra é decisiva para compor parcela de aumento das vendas no mês que vem, que varia de 70% ao dobro do faturamento com os negócios de novembro.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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