Com olhar visionário, empresário transforma negócio da família, que começou com o avô, em 1952, em uma grande rede de food service

Linha de produção da Faleiro Food Service

A longevidade de uma empresa está intrinsecamente ligada à visão de seus gestores das transformações do mundo e do mercado em que o negócio está inserido, o que significa saber inovar. Antônio Faleiro Neto, diretor da Faleiro, representa com competência esta classe, que gera resultado com sucesso, e é um exemplo a ser seguido por quem pretende se tornar um empreendedor, independentemente da situação econômica do país.

Para perceber Antônio Faleiro Neto como visionário, como pede a cartilha dos empresários, é importante conhecer a história da família, que começou com a veia empreendedora do avô, Antônio, garçom do Copacabana Palace e da Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro. O Bufê Faleiro nasceu em 1952, quando ele vislumbrou um potencial de mercado que era fazer festa na casa das pessoas em vez de em locais próprios, como os salões. "Em 1997, por uma demanda da Fiat Automóveis, passamos a fabricar produtos salgados tamanho lanchonete, já que decidiram pagar o lanche de seus funcionários, evitando perder tempo com a paralisação da produção para eles saírem para lanchar. Rapidamente, outras empresas se interessaram, até então uma inovação no mercado de alimentos. Decidimos, então, comprar uma máquina de congelamento da Itália, que assegurava ao produto mesmo frito ou assado a qualidade quando fosse regenerado (aquecido). Dando continuidade, com o crescimento do negócio passamos a produzir 5 mil, 10 mil, 50 mil e hoje 100 mil salgados por dia. Temos, ainda, a linha de refeições e sobremesa como complemento. E, este ano, depois de pesquisa intensa, vamos entrar no mercado de pão de queijo."

Em mais de seis décadas, de Bufê Faleiro para Indústria Faleiro de Food Service o salto foi enorme, mas sempre planejado, a palavra-chave do negócio. E certamente com riscos, o que é inerente ao empreendedorismo. "Não abrimos mão de um negócio tradicional (bufê) em função do outro (food service). Quando tomamos a decisão de fechar o bufê, o que ocorreu em 2014, o food service já era o nosso principal negócio. Com planejamento estratégico, encerramos o bufê em 2015. E o food service já tinha 18 anos, era a principal empresa do grupo, com crescimento entre 30% e 35% ao ano, diante de 6% a 7% do bufê. Sem falar da complexidade do bufê, que não tem como ter o serviço padronizado. Vai de aniversário de um ano a um casamento com culinária árabe. Ou seja, não se consegue sair à frente do negócio. No food service saímos em maior escala, conseguimos padronizar e ampliar o mercado de atuação", conta Antônio Faleiro Neto.
Antônio Faleiro Neto, diretor da Faleiro, diz que planejamento é a chave de qualquer negócio
Hoje, a Faleiro Food Service entrega produtos em todo o Brasil. Antônio Faleiro Neto revela que percebeu que a empresa estava desviando o foco e dividindo investimentos. E foi essa a razão de fechamento do bufê. Foi um negócio assertivo e já crescemos, de 2015 a 2017, em torno de 53%. E virão novos lançamentos, variedades e produtos exclusivos. Fabricamos um prato pronto de carne bovina (bife rolê, arroz branco e purê de batata) em cinco minutos, que, quando regenerado, manterá o paladar caseiro. Produto prático, que mantém a qualidade e é a cara da nova sociedade brasileira, que tem menos de dois filhos por casa e conta ainda com o crescimento de casais sem filhos e homoafetivos, que demandam produtos com essas características", destaca Antônio Faleiro Neto.

RISCOS E BENEFÍCIOS Prós e contras. Ônus e bônus. Altos e baixos. O empreendedor vive nessa gangorra. E se for por aqui então, a instabilidade terá sempre um peso. Antônio Faleiro Neto alerta que, com o Brasil tendo o maior spread bancário do mundo e uma das mais altas taxas Selic do planeta, pegar dinheiro no banco para montar seu negócio exige que ele seja muito bom para você conseguir pagar o empréstimo. "Em Chicago, por exemplo, o crédito de financiamento é de 3% ao ano. No Brasil, é em torno de 16%, ou seja, uma política de investimento impeditiva. Por outro lado, um capital próprio limitará o crescimento do negócio."

Além de pesar a questão acima, primordial, Antônio Faeiro Neto ressalta que o segundo passo de quem é um empreendedor é que todo investidor deve acompanhar o fluxo do caixa. "Há muitas empresas que morrem crescendo e, se ele não for positivo, a empresa vai quebrar. Acredito que é o que dá certo. Acompanho semanalmente. Para empreender é necessário ter estratégia e foco no que quer e aonde quer chegar. O setor de produtos alimentícios é abrangente, tem lanchonete, varejo, hotel, padaria, loja de conveniência... Para não perder tempo e dinheiro no desenrolar de tudo que o setor comercial exige, é fundamental que toda a cadeia seja atrelada a estratégia, do investimento às ações de marketing. O cerne é aonde quer chegar e em qual prazo. Recentemente, entramos na operação de varejo no Pão de Açúcar, Carrefour, padaria e rotisseria. Se a estratégia da empresa não tiver atrelada a todos os setores, um pode fracassar e a empresa não atingirá os números para um bom desempenho." Outro ponto crucial, além de o gestor estar atento ao fluxo, é ter o "planejamento financeiro em mãos. Toda empresa precisa de investimento para avançar e evoluir. Por isso, quando ele não divide os gastos pessoais com o da empresa vai dar errado".

Quanto aos benefícios, Antônio Faleiro Neto assegura que são muitos. "Para ser empreendedor, tem de inovar e se inserir num mercado, preferencialmente, que não tenha alta competitividade. Depois de ter a empresa, haverá flexibilidade do mercado, com o faturamento pagando os custos, tudo que gerar resultado é lucro." Outra dica é buscar apoio e conhecimento via Endeavor, a maior organização de apoio a empreendedorismo e empreendedores de alto impacto. "Ela é fundamental, cria rede de contatos e uma série de facilidades depois de um processo de seleção dos mais rígidos."