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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 02-11-2017 - 11:03 -   Notícia original Link para notícia
Indústria no azul

Setor tem 1ª alta no acumulado em 12 meses desde o início da crise, mas retomada é lenta





"De novembro do ano passado para cá, somente em dois meses, março e julho, tivemos resultado negativo" André Macedo Gerente da coordenação de indústria do IBGE





A indústria voltou a ficar no azul. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, a produção no setor cresceu 0,4% no acumulado em 12 meses até setembro, a primeira alta nesse tipo de comparação desde maio de 2014, antes do início da maior recessão da História do país. A volta do indicador para o terreno positivo confirma a tendência de melhora nas fábricas brasileiras, mas analistas lembram que o cenário ainda é de retomada lenta e gradual.





Em setembro, a produção industrial cresceu 2,6% frente ao mesmo período do ano passado. Foi o quinto resultado positivo seguido nesse tipo de comparação e o melhor para o mês desde 2013. O resultado foi puxado pela forte alta da produção de automóveis, que cresceu 20,9%. O segmento tem sido o principal destaque positivo de alta no ano, influenciado pelo bom desempenho das exportações.





Frente a agosto, no entanto, a indústria ainda mostra fragilidade. O setor cresceu só 0,2%, menos que o esperado por analistas de mercado, e só oito das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram crescimento. O indicador se manteve no positivo porque segmentos importantes registraram altas expressivas. O ramo de derivados de petróleo, que responde por aproximadamente 10% do indicador, viu sua produção avançar 6,7% em relação ao mês anterior. Com alta de 4,1%, a indústria de produtos alimentícios também contribuiu para garantir o crescimento.





Os sinais mistos dos diferentes tipos de comparação servem para traçar o cenário da indústria em 2017. Enquanto os indicadores de mais longo prazo mostram que o setor começou a trocar sinais negativos do ano passado por números positivos, o índice mensal revela as oscilações características do momento de retomada.





- Esse comportamento errático da indústria faz parte desse processo de um setor que ainda busca uma trajetória de maior solidez. Mesmo indicadores como o acumulado em 12 meses, em que se tem o primeiro resultado positivo depois de 39 meses, ainda estão muito próximos da margem (zero). Dá um pouco esse tom de que, após anos de comportamento de queda, a recuperação mais consistente ainda não aparece de forma clara - avaliou André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE.





O técnico destaca ainda que o setor opera em nível 17,4% abaixo do pico da série histórica, alcançado em junho de 2013. Essa distância, no entanto, já foi acima de 20% em outubro de 2016.





- De novembro do ano passado para cá, somente em dois meses, março e julho, tivemos resultado negativo. Mas não contradiz o que a gente vem comentando mês a mês. A indústria tem mostrado alguma melhora no seu ritmo, porém muito gradual e lenta. O setor continua bastante distante de seus pontos mais elevados. Está operando no patamar semelhante a fevereiro e março de 2009. Tem uma melhora de ritmo, mas o espaço a ser percorrido ainda é grande - comenta o técnico do IBGE.





Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os números de setembro mostram uma perda de fôlego no processo de recuperação. Relatório da instituição destaca a concentração de resultados positivos em poucos segmentos e o baixo crescimento registrado. "Dos nove meses do ano, apenas três realmente ajudaram na recuperação do setor, crescendo mais de 0,5% frente ao mês anterior. Nos outros seis, ou ocorreram declínios de produção, ou o que se obteve foi uma quase estabilidade, como agora em setembro", pondera a nota.





Apesar das ressalvas, as apostas para a indústria em 2017 são de recuperação parcial, após três anos de seguidas quedas. Leonardo Costa, economista da Rosenberg, prevê crescimento de 2% da produção industrial neste ano. Em 2016, o tombo foi de 6,4%.





- (A alta acumulada em 12 meses) mostra que a gente está entrando em uma nova fase. Realmente, o mais profundo da crise já ficou para trás - afirma o analista. Na visão da Rosenberg, o dado de setembro confirma a expectativa de alta de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. No terceiro trimestre, o setor teve crescimento de 3,1% frente a igual período do ano passado e, em relação aos três messe anteriores, o avanço é de 0,9%. O IBGE divulga os números do PIB do terceiro trimestre no início de dezembro.



FATURAMENTO RECUA PELO SEGUNDO MÊS SEGUIDO



Nas contas do economista Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, a indústria crescerá 2% em 2017 e avançará 3,5% em 2018. O analista não revisou os dados com base no resultado de ontem. Para ele, as oscilações dos resultados mensais não mostram perda de fôlego da recuperação:





- O dado com ajuste sazonal tem uma volatilidade relevante. Em períodos em que a produção estava caindo muito, no ano passado, tivemos alguns meses com crescimento de 2%.





A pesquisa do IBGE foi divulgada no mesmo dia em que um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o faturamento das fábricas recuou 0,9%, também em setembro. Foi o segundo mês seguido de queda, outro sinal de recuperação mais lenta no setor. O uso da capacidade das fábricas também diminuiu para 77,5%, uma retração de 0,2 ponto percentual.





- A indústria está mostrando dificuldade de mostrar uma trajetória consistente de crescimento - afirmou Marcelo Azevedo, economista da CNI.





O economista Alberto Ramos, analista para América Latina do banco Goldman Sachs, destacou que o resultado ficou aquém do esperado pelo mercado, mas previu que o processo de recuperação continue nos próximos meses. "Daqui para frente, esperamos que o setor industrial se beneficie lenta, porém gradualmente, da estabilização da economia, da queda das taxas de juros reais, das melhores condições financeiras e do investimento liderado pela demanda da Argentina (um mercado chave para as exportações industriais do Brasil)".





COMO VARIOU A PRODUÇÃO






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