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O Globo Online (RJ) ( Mundo ) - RJ - Brasil - 30-10-2017 - 08:15 -   Notícia original Link para notícia
No dólar, cenário externo deixará cotações voláteis

Mudanças no Fed e política de Trump puxam alta. Para quem vai viajar, dica é comprar aos poucos


Depois de meses de calmaria, o dólar engatou uma sequência de altas nas últimas semanas que assustou quem pretende viajar no fim do ano ou nas férias de verão. A moeda americana, que chegou a valer R$ 3,09 no início de setembro, subiu a R$ 3,28 na quinta-feira passada, sua maior cotação desde meados de julho. De acordo com especialistas, grande parte da valorização se deve a fatores externos, como a escolha do novo presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e a tramitação do plano de corte de impostos de Donald Trump. Como os dois assuntos continuam em aberto, os economistas acreditam que o câmbio continuará, no mínimo, volátil ao longo das próximas semanas, o que exigirá dos turistas medidas de cautela para diluir o risco.


Se o caos político em Brasília e a crise brasileira alimentaram o salto registrado pelo dólar nos últimos anos, o comportamento do câmbio local mais recentemente acompanhou de perto a trajetória da divisa americana em escala global. O índice Dollar Index Spot, que mede sua força contra uma cesta de dez moedas, subiu 3,9% desde a mínima em 8 de setembro, para o maior nível desde julho.


Especulações sobre os juros americanos estão por trás da valorização recente do dólar. O primeiro mandato da presidente do Fed, Janet Yellen, termina em fevereiro, e ela não deve ser reconduzida ao cargo - o que não acontece desde a Segunda Guerra. Trump tem dito publicamente - quebrando o protocolo, como de costume - que avalia dois candidatos para a vaga: Jerome Powell, que já é membro do Fed, e o economista John Taylor, de Stanford.


A disputa gera tensão porque os perfis são opostos: um tende a manter a política atual de aumento gradual dos juros, e o outro defende aperto monetário mais intenso. Juros mais altos tendem a valorizar o dólar globalmente.


- Powell tem acompanhado todas as decisões da Yellen. Colocá-lo seria como mantê-la. Nada mudaria. Já o Taylor é o economista que criou uma fórmula que leva o seu nome e que, se fosse aplicada pelo Fed, implicaria juros maiores do que hoje - explicou José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e professor da Ibre-FGV. 'SITUAÇÕES BINÁRIAS' Trump deve anunciar seu escolhido esta semana, decisão que mexerá com a cotação do câmbio. Mas esse não é o único - nem o mais importante - fator que vem pesando no dólar. Trump pretende aprovar a maior reforma fiscal em três décadas, que reduziria a alíquota de Imposto de Renda das empresas dos atuais 35% para 20% e aumentaria o déficit federal em US$ 1,5 trilhão em uma década. Segundo a Casa Branca, se aprovada, essa reforma impulsionaria a economia americana em algo entre 3% a 5% em um período de três anos. Esse ritmo imporia a necessidade de aperto maior de juros.


O problema é que a própria base de Trump no Congresso está dividida quanto ao projeto, que deve ser formalmente apresentado nos próximos dias depois de os parlamentares terem aprovado a resolução orçamentária para 2018 na quinta-feira. Embora os republicanos planejem votar a reforma ainda este ano, analistas preveem muitos embates no processo.


- São situações binárias: o plano tributário pode ser aprovado ou não, e o Fed pode ter um presidente mais hawkish (favorável a juros maiores) ou não. Diante disso, vale a estratégia de diluir a compra. Se o dólar estivesse em R$ 3,15, eu recomendaria comprar tudo agora, porque a probabilidade de alta seria muito maior do que de queda. No nível atual, os riscos estão mais simétricos - aconselhou Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.


A última pesquisa Focus, divulgada pelo BC há uma semana, mostrou que a expectativa dos economistas do mercado financeiro era que o dólar fechasse 2017 cotado a R$ 3,16, e 2018, a R$ 3,30. Mas a sondagem foi feita antes da escalada do câmbio nos últimos dias.


- No momento, a perspectiva que temos é de um dólar um pouquinho mais forte. Mas o Brasil apresenta alguns fatores favoráveis. Por isso, quem vai viajar pode comprar um pouco agora e o restante quando mais perto da viagem. Assim, você não vai ficar muito feliz, mas também não ficará muito triste com a cotação média - afirmou Rafael Vasconcellos, da gestora Truxt.


A estratégia vale para quem vai viajar e já tem certa uma despesa futura em dólar. Como investimento, alertam especialistas, as aplicações em câmbio são consideradas de risco e só devem ser opção para quem tem perfil arrojado. PREVIDÊNCIA E ELEIÇÕES: RISCOS DOMÉSTICOS De acordo com Vasconcellos, uma das forças que jogam a favor do real é balança comercial brasileira, que registra superávit de US$ 56,8 bilhões no ano até agora, recorde da série histórica iniciada em 1989. O governo estima que ela fechará o ano positiva e malgo entre R $65 bilhões e R $70 bilhões. O fluxo cambial também está positivo em US$ 8,7 bilhões, contra déficit de US$ 13,2 bilhões no mesmo período de 2016. Na sexta-feira, o dólar caiu 1,24%, para R$ 3,245, em parte por causa da expectativa de entrada de dólares com o leilão do pré-sal, que arrecadou R$ 6,15 bilhões.


Mas também há riscos internos, que podem influenciar o câmbio mesmo coma preponderância do cenário externo. Campos Neto observou que aumentaram as chances de a reformada Previdência não ser aprovada, oque elevaria apercepção de ris codo país. Par ao a node 2018, citou Vasconcellos, as eleições serão "definidoras".


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